Quase três meses depois da Organização Mundial da Saúde (OMS) ter declarado a pandemia do novo coronavírus, os números da doença provocada pelo vírus, a COVID-19, são alarmantes: até a tarde da quarta-feira, 3 de junho, havia o registro de aproximadamente 6,44 milhões de infectados e 382 mil mortos pelo novo coronavírus, segundo dados da Universidade John Hopkins, dos Estados Unidos.
O Brasil, inclusive, é o segundo país com maior número de casos no mundo, ficando atrás somente dos Estados Unidos, com 555 mil casos.
Entretanto, é possível que esses números sejam ainda maiores. Um estudo recente que analisou os números da infecção pelo novo coronavírus em um navio de cruzeiro sugeriu que o número de pessoas infectadas pelo vírus sem apresentar os sintomas da COVID-19 pode ser mais elevado do que se imaginava.
A pesquisa, que foi publicada na revista médica Thorax (Tórax) no dia 27 de maio, apontou que aproximadamente 80% dos pacientes que testaram positivo para o novo coronavírus não tinham sintomas da infecção.
O dado é importante, uma vez que há uma escassez de testes de COVID-19 (veja como funcionam os diferentes tipos) e que a recomendação do Ministério da Saúde é ir a um hospital de referência apenas se tiver falta de ar. Já a OMS aconselha a procurar o auxílio médico imediato quando sentir falta de ar e/ou dor ou pressão no peito.
No caso de outros sintomas de gripe, o Ministério da Saúde orienta a permanecer em casa por 14 dias sem ter contato físico com outras pessoas, especialmente idosos e doentes crônicos. Durante esse período, os sintomas deverão ser monitorados e é aconselhável manter contato via telefone ou internet com seu médico.
Isso significa que uma pessoa que não apresenta sintomas provavelmente não fará o teste do novo coronavírus. Sem saber que não tem a doença, ela não saberá que precisa ficar em isolamento para evitar o contágio de outras pessoas e, mesmo sem querer, poderá contaminá-las – especialmente agora em que a quarentena para conter o novo coronavírus está começando a ser flexibilizada.
Portanto, mesmo com o relaxamento das medidas de quarentena e sem apresentar sintomas, é fundamental continuar a seguir todos os cuidados para evitar sem infectado e infectar outros com o novo coronavírus, como usar corretamente máscaras faciais de pano sempre que precisar sair de casa, lavar muito bem as mãos com água e sabão ou passar álcool em gel 70% várias vezes ao dia, manter uma distância de dois metros em relação às outras pessoas, cobrir o rosto com um lenço descartável ou com o antebraço ao tossir e espirrar, não tocar os olhos, nariz ou boca com as mãos, evitar contato direto como beijos, abraços e apertos de mão com outras pessoas, manter os ambientes bem ventilados e não compartilhar objetos de uso pessoal como talheres, pratos, copos e garrafas, por exemplo.
O estudo em detalhes
O navio de cruzeiro analisado pelo estudo tinha 128 passageiros e uma tripulação composta por 95 pessoas, totalizando 223 ocupantes. A embarcação saiu da Argentina no meio de março, os passageiros tiveram a suas temperaturas aferidas antes de embarcar e o navio contava com inúmeras estações para desinfetar as mãos, especialmente na sala de refeições.
O primeiro caso de febre foi relatado no oitavo dia de viagem, o que motivou a adoção imediata de medidas para controlar a infecção como o confinamento dos passageiros nas suas cabines e o uso de equipamentos de proteção por parte dos membros da tripulação que tiveram contato com os pacientes doentes.
Quando o navio chegou no Uruguai, oito passageiros e membros da tripulação precisaram ser levados ao hospital devido à insuficiência respiratória associada à COVID-19. Sete dias depois, o restante dos ocupantes da embarcação foi submetido a testes do novo coronavírus. 59% deles testaram positivo para a doença, porém 81% desses que testaram positivo não apresentaram sintomas.
Segundo os pesquisadores, as descobertas do estudo sugerem que as taxas de infecção nos navios de cruzeiro provavelmente são expressivamente subestimadas e que os passageiros devem ser monitorados após deixarem os navios para diminuir o risco de que o novo coronavírus seja propagado pela comunidade.
Para o editor-chefe da revista médica Thorax, Alan Smyth, onde a pesquisa foi publicada, as descobertas da pesquisa destacam a necessidade de que haja dados precisos acerca da quantidade de pessoas que foi infectada pelo novo coronavírus em todo o mundo.
“Conforme os países saem do lockdown, uma alta proporção de indivíduos infectados, mas assintomáticos, pode significar que uma porcentagem da população muita mais alta do que o esperado pode ter sido infectada com a COVID”, afirmou o editor-chefe de Thorax. As informações são do WebMD/HealthDay.
Fontes e Referências Adicionais:
- https://coronavirus.jhu.edu/map.html
- https://covid.saude.gov.br/
- https://coronavirus.saude.gov.br/sobre-a-doenca
- https://www.webmd.com/lung/news/20200527/silent-covid-19-more-widespread-than-thought#1
- https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/question-and-answers-hub/q-a-detail/q-a-coronaviruses