O rotavírus (rotavirose) é um vírus muito contagioso que pode provocar uma série de problemas gastrointestinais. Ele é o grande responsável pela doença diarreica aguda (DDA) e pela gastroenterite aguda.
Assim, o rotavírus é uma das principais causas da diarreia grave em crianças menores de cinco anos de idade, principalmente nos países em desenvolvimento.
Segundo o Ministério da Saúde, pessoas de todas as idades são suscetíveis à infecção por rotavírus, porém, a manifestação clínica da contaminação é mais prevalente em crianças nessa faixa etária.
A condição é considerada de grande gravidade para as crianças com menos de cinco anos. Já os recém-nascidos geralmente têm infecções mais leves ou assintomáticas, provavelmente por conta da amamentação e dos anticorpos transmitidos pela mãe.
Os adultos com rotavírus não tendem a ficar tão doentes quanto os pequenos. O grupo de adultos que corre risco um maior risco de contrair uma infecção por rotavírus inclui as pessoas com 65 anos ou mais, aqueles que cuidam de crianças com o vírus ou os indivíduos que têm sistemas imunológicos comprometidos.
Causas
A transmissão do rotavírus se dá pela via fecal-oral, ou seja, pode ocorrer por meio do contato pessoa a pessoa, pela ingestão de água e alimentos contaminados, através do contato com objetos contaminados e por meio da propagação aérea por aerossóis.
O vírus aparece nas fezes do infectado alguns dias antes do início dos sintomas e pode permanecer nos seus movimentos intestinais por até 10 dias após os sintomas diminuírem ou cessarem.
O rotavírus pode se espalhar facilmente pelo contato da mão à boca durante esse período, mesmo se a pessoa infectada não tiver sintomas.
Assim, se a pessoa que tem o vírus não lava as mãos depois de usar o banheiro ou se alguém não lava as mãos após trocar as fraldas de uma criança infectada ou ajudá-la a usar o banheiro, o rotavírus pode se propagar por tudo o que ela tocar, como alimentos, utensílios e brinquedos.
Da mesma forma, se alguém encosta na mão não higienizada de uma pessoa infectada ou pega um objeto contaminado e então coloca a mão na boca, uma infecção pelo rotavírus pode se desenvolver.
Sintomas
Os sintomas clássicos do rotavírus ou rotavirose, especialmente nos seis meses aos dois anos de idade, são: ocorrências repentinas de vômitos, que podem ser acompanhados de febre alta e diarreia com aspecto aquoso, gorduroso e explosivo.
Além disso, podem ocorrer formas leves da doença nos adultos e formas assintomáticas no período neonatal (que começa no nascimento e termina após 28 dias completos depois do nascimento) e durante os quatro primeiros meses de vida.
Já nas formas graves da doença, o rotavírus também pode provocar desidratação. A infecção ainda pode causar dor abdominal e perda de apetite.
O Ministério da Saúde alerta que se não for tratada adequadamente, a rotavirose pode progredir para complicações graves que podem levar até mesmo à morte.
Por exemplo, uma diarreia severa pode causar desidratação, especialmente em crianças pequenas. Quando não é tratada, a desidratação pode se tornar fatal, independente da sua causa. Assim, também é muito importante ficar atento aos sintomas da desidratação.
Tratamento
Não existe um tratamento específico para uma infecção por rotavírus. É importante saber que antibióticos, antivirais e antidiarreicos não são indicados e a infecção costuma sanar dentro de três a cinco dias.
Mas, existe uma série de cuidados recomendados. A grande preocupação é prevenir ou corrigir a desidratação, repondo os líquidos e minerais perdidos.
Portanto, é importante ingerir muitos líquidos e, se houver uma diarreia severa, conversar com o médico sobre o uso de produtos para reidratação oral de fluidos, como o Pedialyte, especialmente se a diarreia persistir por mais que alguns dias.
Já um caso grave de desidratação pode exigir a administração intravenosa de fluidos no hospital.
Além disso, é importante que o paciente descanse bastante e mantenha uma alimentação leve. Outra orientação é consultar o médico a respeito do uso de um medicamento para febre, caso esse sintoma também esteja presente.
O ideal é buscar ajuda médica para receber o tratamento adequado assim que os primeiros sintomas surgirem, mas é especialmente importante correr ao médico quando a criança:
- Tiver diarreia por mais de 24 horas
- Vomitar com frequência
- Tiver fezes escuras ou com sangue ou com pus
- Estiver com uma temperatura de 38,9º C ou mais
- Aparentar estar cansada, irritável ou com dor
- Apresentar sintomas de desidratação, como boca seca, choro sem lágrimas, pouca ou nenhuma urina, sonolência incomum ou inércia
Já no caso dos adultos, é imprescindível buscar ajuda médica especialmente quando a pessoa:
- Não conseguir segurar líquidos no corpo por mais de 24 horas
- Tiver diarreia por mais de dois dias
- Apresentar sangue no vômito ou em seus movimentos intestinais
- Estiver com uma temperatura maior que 39,4º C
- Apresentar sintomas de desidratação, como sede excessiva, boca seca, pouca ou nenhuma urina, fraqueza severa, tontura ao ficar em pé ou vertigem
Prevenção
Existe uma vacina contra o rotavírus. Segundo o Ministério da Saúde, o esquema de vacinação é de duas doses pela via oral: a primeira é dada aos dois meses e a segunda aos quatro meses de idade, com um intervalo mínimo de 30 dias entre cada uma das doses.
Entretanto, a vacina é contraindicada em casos de imunodeficiência, uso de imunossupressores ou quimioterápicos, histórico de doença gastrointestinal crônica, má-formação congênita do trato digestivo não corrigida, histórico de invaginação intestinal ou histórico de hipersensibilidade (alergia) a qualquer componente da vacina.
Há ainda outras estratégias que ajudam na prevenção contra a infecção pelo rotavírus:
- Lavar sempre as mãos antes e depois de utilizar o banheiro, trocar fraldas, manipular ou preparar os alimentos e amamentar
- Lavar e desinfetar as superfícies, utensílios e equipamentos usados no preparo dos alimentos
- Proteger os alimentos e a cozinha contra insetos, animais de estimação e outros animais: guarde os alimentos em recipientes fechados
- Armazenar a água tratada em recipientes muito bem limpos e de boca estreita para evitar uma recontaminação
- Não usar água de riachos, rios, cacimbas ou poços contaminados
- Ensacar e manter a tampa do lixo sempre muito bem fechada. Quando não houver coleta de lixo, ele deverá ser enterrado
- Utilizar sempre a privada para fazer as suas necessidades, mas quando isso não for possível, enterrar as fezes sempre longe dos cursos de água
- Manter o aleitamento materno, que aumenta a resistência das crianças contra as diarreias, evitando o desmame precoce