Tireoidite: o que é, principais tipos e sintomas

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A tireoidite é a inflamação da glândula tireoide, que pode ocorrer por causa de infecções, reações autoimunes, ou pelo uso de alguns medicamentos. Essa inflamação pode se desenvolver de forma aguda, quando sua evolução é rápida, ou crônica, quando ela é gradual. 

Como toda inflamação, a tireoidite pode produzir os sinais e sintomas clássicos de um processo inflamatório, como dor, febre e calafrios, inchaço na garganta e a consequente dificuldade para engolir e respirar, e o desenvolvimento de disfunções, como o hiper e o hipotireoidismo. Não existe apenas um tipo de tireoidite, pois ela é classificada de acordo com a causa da inflamação. 

A glândula tireoide produz os hormônios tri-iodotironina (T3) e tiroxina (T4), envolvidos na regulação do metabolismo corporal. Ao perceber algum ou alguns desses sintomas, busque ajuda médica. Você poderá receber um encaminhamento para um médico ou médica endocrinologista, que cuida de problemas relacionados com os hormônios e o metabolismo.

Veja quais são os principais tipos de tireoidites, seus principais sintomas e formas de tratamento.

Tireoidite de Hashimoto 

Tireoidite
A tireoidite de Hashimoto atinge mulheres de 30 a 50 anos, principalmente

A tireoidite de Hashimoto é uma doença crônica autoimune, na qual o sistema imunológico, responsável por defender o corpo contra substâncias e organismos invasores, passa a agir contra as células constituintes dos tecidos do próprio corpo que, neste caso, é a glândula tireoide. 

Como consequência desse ataque autoimune, há o desenvolvimento de um quadro passageiro de hipertireoidismo, seguido de um quadro clínico de hipotireoidismo

A tireoidite de Hashimoto é uma das principais causas de hipotireoidismo entre as mulheres na faixa etária dos 30 aos 50 anos. 

Sintomas

Geralmente, o problema não é identificado por algum sinal ou sintoma perceptível, mas em exames de rotina, em que o médico ou a médica percebe um aumento da glândula tireoide. Em alguns casos, a própria pessoa percebe esse aumento, porém não sente dor, apenas uma sensação de bolo na garganta. 

Os sintomas que se desenvolvem ao longo da doença são exatamente os mesmos do quadro clínico de hipotireoidismo:

  • Facilidade para ganhar peso
  • Fadiga
  • Pele fria e pálida
  • Prisão de ventre
  • Sensação de frio
  • Dores na musculatura e nas articulações
  • Cabelos e unhas fracos e quebradiços

Esses sintomas de hipotireoidismo podem alternar com sintomas de hipertireoidismo: palpitação, insônia e emagrecimento. 

Tratamentos

O tratamento da tireoidite de Hashimoto requer, primeiramente, um diagnóstico confirmado por exames de sangue que avaliam os níveis dos hormônios T3, T4 e TSH, e anticorpos antitireoidianos, os anti-TPO. 

Diante da alteração desses níveis hormonais e presença de anticorpos anti-TPO, o tratamento é iniciado através da reposição hormonal com Levotiroxina, a forma sintética da tiroxina (T4), por 6 meses. Após esse período, o médico ou médica avalia novamente o tamanho da glândula tireoide, para saber se é necessário ajustar a dose do medicamento. 

Em casos que o aumento da glândula impede a pessoa de se alimentar ou dificulta sua respiração, pode ser indicada a cirurgia de tireoidectomia, que consiste na retirada parcial ou total da glândula tireoide. Após a cirurgia, a pessoa precisa fazer a reposição contínua dos hormônios tireoidianos. 

Tireoidite de Quervain

A tireoidite de Quervain, ou tireoidite subaguda dolorosa, é um processo inflamatório que ocorre somente na glândula tireoide, ou seja, é uma inflamação espacialmente limitada. Acredita-se que ela tenha origem viral, pois geralmente sucede uma infecção do trato respiratório superior.

Assim como a tireoidite de Hashimoto, a tireoidite de Quervain afeta, principalmente, mulheres na faixa etária dos 30 aos 50 anos de idade.   

Sintomas

Semanas antes de se desenvolverem os sinais de tireoidite, observam-se sintomas generalizados de infecção viral, como febre, mal-estar, dor de cabeça, dor no corpo, náuseas e enjoo. 

Passados esses sintomas, a pessoa que desenvolve a tireoidite de Quervain começa a sentir um aumento doloroso da glândula tireoide e sinais e sintomas de tireotoxicose, que é uma síndrome clínica decorrente do excesso de hormônios tireoidianos na circulação sanguínea. 

Os sinais e sintomas de tireotoxicose são:

  • Retração palpebral, que deixa os olhos mais abertos e arregalados. 
  • Pele quente e úmida.
  • Taquicardia.
  • Hipertensão arterial sistólica, que é o aumento da pressão máxima, ou seja, o “12” da pressão “12 por 8”.  
  • Tremor das extremidades.
  • Fraqueza muscular proximal, que prejudica o movimento para cima, como pentear os cabelos e subir escadas. 
  • Hiperreflexia, o aumento dos reflexos musculares.
  • Angina, dor no peito.

Tratamentos

O tratamento é iniciado após o diagnóstico realizado, comumente, pelo exame VHS (velocidade de hemossedimentação), que identifica a presença de um processo inflamatório no organismo, e exames que avaliam a função da tireoide, como o de captação de iodo. 

O tratamento é realizado com o objetivo de controlar a inflamação e os sintomas associados com anti-inflamatórios não esteroides ou glicocorticoides. Os sintomas de tireotoxicose são tratados com medicamentos betabloqueadores.

Tireoidite linfocítica indolor

Tireoidite
A tireoidite linfocítica indolor gera uma fase transitória de hipertireoidismo

A tireoidite linfocítica indolor é uma inflamação da tireoide de origem autoimune, que resulta na liberação excessiva de hormônios tireoidianos na circulação, provendo um quadro clínico transitório de hipertireoidismo

Antes que a tireoide volte a funcionar normalmente, o quadro clínico de hipertireoidismo transitório é, normalmente, seguido de uma fase hipotireoidiana

Este tipo de inflamação da glândula tireoide é mais frequente em mulheres entre os 30 e 60 anos de idade e tende a ocorrer após o parto ou durante terapias imunomoduladoras ou com lítio. 

A evolução para o hipotireoidismo permanente frequentemente ocorre anos mais tarde. 

Sintomas

Diferentemente da tireoidite subaguda dolorosa (tireoidite de Quervain), a tireoidite linfocítica indolor não causa dor na região do pescoço onde fica a glândula tireoide, na altura do “gogó ou pomo de adão”. 

A tireoidite linfocítica indolor é a causa da maioria das alterações na tireoide que ocorrem após o parto, geralmente após 12 a 16 semanas. 

Essa tireoidite se inicia com um aumento da glândula tireoide, seguido de uma fase sintomática típica de hipertireoidismo, que pode durar várias semanas. Nesta fase, a mulher pode sentir intolerância ao calor, tremores, palpitações, perda de peso, fadiga e nervosismo. 

Depois desse período, se inicia uma fase de hipotireoidismo, causada pela depleção (perda) dos hormônios tireoidianos. Normalmente, a função da glândula volta ao normal, mas a mulher pode desenvolver um hipotireoidismo definitivo, de forma precoce ou muitos anos depois.  

Tratamentos

Durante a fase de hipertireoidismo, o tratamento é feito com betabloqueadores, como o propranolol. Na fase de hipotireoidismo, se faz a reposição hormonal com levotiroxina. O diagnóstico é confirmado por exame de captação de iodo durante a fase hipertireoidiana. 

Tireoidite de Riedel

A tireoidite de Riedel, ou tireoidite fibrótica crônica, é uma inflamação da tireoide de origem autoimune, que afeta os tecidos vizinhos da glândula tireoide, formando um bócio (“papo”) duro e indolor. 

A tireoidite de Riedel é uma doença rara, que afeta, principalmente, mulheres entre 40 e 60 anos. Neste tipo de tireoidite, a inflamação causa lesões, que dão lugar a tecidos fibróticos, como cicatrizes, que podem levar a um quadro clínico de hipotireoidismo. 

Sintomas

A formação de tecido fibrótico na tireoide é lenta e gradual e leva aos seguintes sintomas: 

  • Obstrução parcial das vias aéreas, causando sensação de sufocamento e de falta de ar. 
  • Alteração da voz, que fica rouca ou estridente. 
  • Hipotireoidismo
  • Dificuldade para engolir
  • Tosse seca

Tratamentos

A inflamação na tireoidite de Riedel é controlada com prednisona, um corticosteroide. A progressão da doença pode ser retardada com tamoxifeno ou metotrexato, drogas usadas no tratamento de câncer e de doenças autoimunes. 

Para tratar os sintomas típicos do hipotireoidismo é feita a reposição hormonal com levotiroxina. Quando o bócio é grande o suficiente para prejudicar a respiração e a alimentação, é feita uma cirurgia para retirada do tecido fibrótico. 

Causas menos comuns

A inflamação na glândula tireoide pode ter outras causas, além das reações autoimunes e infecções virais, porém são menos comuns. Dentre elas, podem ser citadas: 

  • Intoxicação por quimioterápicos.
  • Inflamação por radioterapia na região do pescoço.
  • Inflamação desencadeada por infecções bacterianas e fúngicas. 

O tratamento é direcionado ao combate da causa da inflamação, feito com medicações específicas ou suspensão do tratamento que originou o problema, quando isso é possível. A inflamação é controlada com anti-inflamatórios e os sintomas típicos de hipotireoidismo são tratados com reposição hormonal.  

Fontes e referências adicionais

Você já teve problemas de inflamação na glândula tireoide? Qual foi a causa dessa inflamação? Que tipo de tratamento você teve que fazer? Comente abaixo!

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Sobre Dra. Akemi Martins

Dra. Akemi Martins Higa é bióloga, formada pela Universidade Federal de São Carlos em 2011. Doutora na área de Medicina Tropical e Saúde Internacional, com ênfase em doenças neurodegenerativas, pela Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de nanotecnologia e imunologia aplicada ao diagnóstico de neuromielite óptica e esclerose múltipla. Para mais informações, entre em contato.

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