Antiperoxidase tireoidiana: o que é e por que pode estar alta

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A antiperoxidase tireoidiana (anti-TPO) é um anticorpo produzido pelo sistema imunológico que, em algumas situações médicas, pode atacar as células que formam a glândula tireoide, levando a alterações nos níveis dos hormônios tireoidianos. 

Os valores de referência, que ajudam a definir o que é um anti-TPO alto e baixo, variam de laboratório para laboratório, dependendo da técnica que utilizam para fazer a dosagem. Mas de forma geral, concentrações de anti-TPO acima de 35 UI/mL sugerem que a função da glândula tireoide está alterada, o que pode estar associada a doenças autoimunes, como a tireoidite de Hashimoto e a doença de Graves. 

O resultado desse exame não é usado de forma isolada para estabelecer o diagnóstico dessas e outras doenças da tireoide, pois as alterações nos níveis desse anticorpo podem ser provocadas por outros fatores. Dessa forma, é natural que, juntamente com este exame, você tenha que fazer a dosagem de outros anticorpos e dos hormônios TSH, T3 e T4. 

Veja o que é a antiperoxidase tireoidiana, por que pode estar alta e como é o tratamento. 

Antiperoxidase tireoidiana: o que é?

Tireoide
Concentrações fora dos valores de referência da anti-TPO sugerem que a função da glândula tireoide está alterada

A tireoperoxidase é uma enzima que está presente nas células que compõem a glândula tireoide e que participa no processo de produção dos hormônios tireoidianos.

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Algumas pessoas apresentam níveis elevados de um anticorpo direcionado contra essa enzima, a antiperoxidase tireoidiana, ou anti-TPO. Mas nem todas as pessoas que têm esse anticorpo detectável no sangue desenvolvem algum problema na tireoide. 

Por que a antiperoxidase tireoidiana pode estar alta?

Os níveis de antiperoxidase tireoidiana podem estar altos no sangue, por causa das seguintes situações médicas: 

Tireoidite de Hashimoto

A antiperoxidase tireoidiana (anti-TPO) é o principal anticorpo envolvido no desenvolvimento da tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune que leva a um quadro clínico de hipotireodismo

No mecanismo da tireoidite de Hashimoto, os anticorpos anti-TPO passam a interpretar as células da glândula tireoide como invasoras. Por causa desse erro, o sistema imunológico monta uma resposta inflamatória contra a glândula, levando à destruição de suas células e à redução de sua atividade. 

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Sua atividade reduzida resulta na diminuição da produção dos hormônio tireoidianos T3 e T4, constituindo um quadro de hipotireoidismo, que é marcado pelos seguintes sintomas:

  • Cansaço excessivo.
  • Sonolência.
  • Reflexo lento.
  • Ganho de peso.
  • Pele seca e fria.
  • Prisão de ventre.
  • Diminuição da frequência cardíaca.
  • Edema duro no pescoço.
  • Diminuição do apetite.
  • Intolerância ao frio.
  • Câimbras.
  • Diminuição da libido.
  • Diminuição da potência sexual masculina.

Para a confirmação do diagnóstico, além do exame de antiperoxidase tireoidiana, o médico ou médica solicita um exame de sangue para dosagem dos hormônios tireoidianos T3, T4 e TSH

Doença de Graves

A doença de Graves também é uma doença autoimune que afeta a glândula tireoide, porém com a manifestação de um quadro clínico de hipertireoidismo

Isso ocorre porque alguns anticorpos, dentre eles a antiperoxidase tireoidiana, se ligam a receptores de TSH na glândula tireoide, estimulando-a a produzir mais hormônios T3 e T4. 

Com mais hormônios sendo produzidos, a pessoa afetada pela doença de Graves começa a ter sintomas de hipertireoidismo: 

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  • Olhos arregalados (retração palpebral).
  • Fadiga.
  • Nervosismo.
  • Aumento da frequência cardíaca.
  • Palpitação.
  • Intolerância ao calor.
  • Perda de peso.
  • Fraqueza muscular.
  • Inchaço na garganta.
  • Oligomenorreia: aumento do intervalo entre dois ciclos menstruais.
  • Ginecomastia.
  • Disfunção erétil.

O diagnóstico da doença de Graves também não é fundamentado apenas na dosagem de antiperoxidase tireoidiana, mas considera os níveis de TSH, T3 e T4.

Gestação

As alterações hormonais que ocorrem durante a gravidez podem levar ao aumento dos níveis dos anticorpos antiperoxidase tireoidiana no sangue. 

Esse aumento não significa, necessariamente, que a gestante está com o funcionamento de sua glândula tireoide alterada. Mas os casos têm demonstrado que gestantes com anti-TPO positivo têm maiores chances de terem complicações na gravidez, como parto prematuro, aborto e tireoidite pós-parto. 

Por isso, os níveis deste anticorpo são acompanhados ao longo da gestação, para verificar se eles ficam muito diferentes aos do início da gestação e se isso implica em maiores riscos de um parto prematuro, aborto ou do desenvolvimento de tireoidite pós-parto. 

É possível que mulheres que já tiveram perdas gestacionais tenham que fazer uma suplementação com levotiroxina, para reverter o quadro subclínico de hipotireoidismo na gravidez.

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Hipotireoidismo subclínico

O hipotireoidismo subclínico ocorre quando há uma leve diminuição dos níveis hormonais tireoidianos, com uma elevação discreta de TSH. Por ser uma alteração discreta, é comum que a pessoa nem manifeste sintomas de hipotireoidismo, descobrindo o problema apenas se fizer um exame de sangue. 

Apesar de haver uma diminuição dos hormônios tireoidianos, eles ainda ficam dentro da faixa de normalidade. Assim, para diagnosticar um quadro de hipotireoidismo subclínico, o nível de T4 deve estar normal e o de TSH ligeiramente aumentado, superior a 10 mUI/mL, com presença de anticorpos antiperoxidase tireoidiana. 

No hipotireoidismo subclínico, a glândula tireoide está doente, mas ainda consegue produzir hormônios tireoidianos pela estimulação do TSH em níveis mais elevados. Se a situação continuar progredindo e não for tratada, a pessoa pode desenvolver um quadro de hipotireoidismo clínico.  

No caso de pessoas que têm hipotireoidismo subclínico, o exame de anti-TPO é bastante útil para o médico ou médica verificar a possibilidade delas desenvolverem um hipotireoidismo clínico declarado ou franco. A presença dos anticorpos antiperoxidase tireoidiana aumenta significativamente as chances desses quadros subclínicos evoluírem. 

Histórico familiar

É possível que uma pessoa apresente níveis elevados de antiperoxidase tireoidiana sem apresentar nenhuma doença na glândula tireoide, mas por ter parentes próximos com doenças autoimunes que afetam a tireoide. 

Na verdade, cerca de metade das pessoas que têm familiares com alguma doença autoimune da tireoide e que são positivas para o anti-TPO não apresentam qualquer sinal de doença na glândula. 

Tratamento para antiperoxidase tireoidiana alta

Remédio para tireoide
Alguns medicamentos podem ser utilizados para o tratamento de hipotireoidismo ou hipertireoidismo

Não existe um tratamento direcionado especificamente à redução dos níveis de anticorpos antiperoxidase tireoidiana, mas às alterações hormonais associadas ao aumento dos níveis desse anticorpo no sangue. 

Essas alterações podem ser tanto o aumento quanto a diminuição dos hormônios tireoidianos, que constituem os quadros clínicos de hiper e hipotireoidismo, respectivamente.

O tratamento do hipotireoidismo consiste na reposição hormonal da tireoide com o uso diário de levotiroxina. Já o tratamento do hipertireoidismo consiste no uso de betabloqueadores, para bloquear os efeitos dos hormônios da tireoide, iodo radioativo e, em alguns casos, cirurgia.

Fontes e referências adicionais

Você já fez um exame de dosagem de anti-TPO? Por que seu médico ou médica solicitou esse exame para você? Teve que tratar o hiper ou hipotireoidismo? Comente abaixo!

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Sobre Dra. Akemi Martins

Dra. Akemi Martins Higa é bióloga, formada pela Universidade Federal de São Carlos em 2011. Doutora na área de Medicina Tropical e Saúde Internacional, com ênfase em doenças neurodegenerativas, pela Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de nanotecnologia e imunologia aplicada ao diagnóstico de neuromielite óptica e esclerose múltipla. Para mais informações, entre em contato.

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