8 exames que avaliam a tireoide

publicado em

Os exames que avaliam a tireoide têm como objetivo verificar o funcionamento da glândula e descobrir as causas por trás de doenças como o hipertireoidismo e o hipotireoidismo. 

A tireoide é uma pequena glândula endócrina com formato de borboleta, que fica na traqueia, região do pescoço. Ela é responsável pela produção de dois hormônios importantes na regulação do nosso metabolismo, a tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3). 

Uma desregulação nos níveis desses hormônios impacta o estado de saúde de modo geral, por eles controlarem a forma como todas as células do nosso corpo utilizam a energia, por exemplo as células do coração, do intestino, do fígado, rins e do tecido gorduroso.

Então veja a seguir quais são os exames que avaliam a tireoide. 

Exames de sangue

Exame de sangue
O exames T3, T4 e TSH são os mais comuns exames de sangue voltados para a tireoide

O primeiro tipo de exame que o médico ou médica solicita para avaliar o funcionamento da glândula tireoide é o exame de sangue, para dosagem dos hormônios da tireoide e de anticorpos envolvidos em doenças associadas à glândula. 

  Continua Depois da Publicidade  

Dosagem dos hormônios da tireoide

Os hormônios da tireoide que são dosados em exames de sangue são o TSH, T4 livre e T3 total e/ou livre.

Exame TSH

Os hormônios da tireoide são dosados para avaliar o funcionamento da glândula e a dosagem do hormônio tireoestimulante (TSH) é o primeiro exame realizado para esse fim. O TSH é produzido no cérebro pela hipófise, a glândula que regula a produção de T3 e T4 pela tireoide. 

Quando há pouca concentração de hormônios tireoidianos no sangue, a hipófise produz TSH, para estimular a tireoide a produzir mais hormônios. E, quando há um excesso de hormônios T3 e T4, a hipófise produz menos TSH, para que a tireoide diminua a produção de seus hormônios. 

Níveis altos de TSH podem indicar hipotireoidismo, pois significa que a tireoide não está produzindo hormônio suficiente, fazendo com que a hipófise continue liberando TSH. 

  Continua Depois da Publicidade  

Níveis baixos de TSH, por outro lado, podem indicar hipertireoidismo, pois se há um excesso de hormônios tireoidianos no sangue, a hipófise para de liberar TSH.  

Se no exame de TSH o resultado der alterado, o médico ou médica solicitará outros exames, como o T4 livre, para confirmar o diagnóstico. 

Outra situação em que o exame pode ser aplicado é quando uma pessoa possui risco de desenvolver alguma doença associada à tireoide, daí o TSH pode ser usado como ferramenta de rastreio, por ser altamente sensível. 

O exame de TSH também é usado para rastreio de hipo e hipertireoidismo após os 35 anos, sendo feito a cada cinco anos a partir dessa idade.

Os valores de referência variam de acordo com a faixa etária e, no caso da mulher, se está, ou não, grávida. É importante mencionar que os valores de referência variam de laboratório para laboratório, de acordo com o método de dosagem utilizado.

  Continua Depois da Publicidade  

A faixa de concentração considerada normal está entre 0,4 e 4,0 mIU/L. Há controvérsias a respeito de qual deve ser o limite superior do que é considerado normal, por isso, a interpretação só pode ser feita pelo seu médico ou médica, que conhece sua história clínica e tem acesso a exames complementares, que são fundamentais para um diagnóstico correto. 

Nem sempre uma alteração no exame de TSH indica uma doença na tireoide, pois os níveis do hormônio podem se elevar e normalizar, após um tempo. Por isso, o exame deve ser repetido em um intervalo que pode variar de 3 a 6 meses. 

Exame T4 livre

O exame de T4 livre também auxilia no diagnóstico de hipo e hipertireoidismo e ele dosa a quantidade de T4 que está livre na circulação, disponível para ser utilizada pelas células. 

Níveis altos de T4 livre podem indicar hipertireoidismo e o contrário, hipotireoidismo. 

Atualmente, na prática clínica, tem se priorizado o teste de T4 livre, ao invés de T4 total, pois muitos fatores podem interferir na quantidade de proteínas que se ligam ao T4 inativo, que é contabilizado no exame de T4 total, causando alterações nos resultados. 

  Continua Depois da Publicidade  

Mulheres grávidas ou que tomam pílulas contraceptivas podem ter níveis de T4 total elevados. Já tratamentos com corticosteróides podem reduzir os níveis de T4 total. Esses fatores não alteram a dosagem de T4 livre. 

O valor de referência desse hormônio para crianças, adultos e idosos está na faixa de 0,7 a 1,8 ng/dL

Exame T3 total e livre

Se, mesmo com níveis de T4 livre normais, o médico ou médica suspeitar que uma pessoa tem hipertireoidismo, é solicitado o exame T3. A dosagem de T3 total e/ou T3 livre é interpretada juntamente com a do exame T4 livre. 

O exame T3 não é útil para o diagnóstico de hipotireoidismo. 

As faixas de valores de referência para o T3 total e T3 livre são 80-180 ng/dL e 2,5 a 4 pg/dL

Dosagem de anticorpos

As causas mais comuns de hipo e hipertireoidismo são doenças autoimunes. A doença de Graves é uma doença autoimune associada ao hipertireoidismo e a Tireoidite de Hashimoto, ao hipotireoidismo.

O ponto em comum dessas doenças é que o sistema imunológico passa a produzir anticorpos dirigidos contra a própria glândula tireoide, por isso, a dosagem desses anticorpos no sangue pode esclarecer a causa dos sintomas de hipo e hipertireoidismo. 

O anticorpo anti-peroxidase (anti-TPO) ativa uma resposta imunológica contra as células da tireoide, que perde sua função progressivamente. Este anticorpo é comum em pacientes com tireoidite de Hashimoto. 

Já no hipertireoidismo, é comum a detecção do anticorpo anti-receptor de TSH (anti-TRAB), quando é causado pela doença de Graves. 

Exames de imagem

Ultrassom de tireoide
Seu médico pode solicitar um ultrassom da tireoide para avaliar o tamanho da mesma

Os exames de imagem auxiliam no diagnóstico de doenças associadas à glândula tireoide, permitindo a visualização da glândula e alterações em sua estrutura.  

Ultrassonografia da tireoide

O ultrassom da tireoide é um dos exames realizados para avaliar o tamanho da glândula e investigar a presença de nódulos e de cistos, ajudando a identificar a sua natureza, ou seja, se são benignos ou malignos. 

A técnica também auxilia na condução de uma agulha fina de punção até o nódulo, para exame de biópsia.  

Cintilografia da tireoide

A cintilografia da tireoide também é um exame usado para avaliar o tamanho, o formato e a posição da tireoide, com o intuito de detectar alterações que justifiquem os sintomas apresentados pela pessoa, especialmente de hipertireoidismo.  

Esse exame usa iodo radioativo injetado na veia ou ingerido por via oral, na forma de cápsula ou líquido. 

Nódulos na tireoide que levam à produção aumentada de hormônios tireoidianos ficam bem evidentes nas imagens de cintilografia. Quando o iodo é absorvido por toda a tireoide, evidenciando toda a glândula nas imagens, pode ser um indício de Doença de Graves. 

Esse exame não é feito em mulheres grávidas e que estão amamentando.  

Biópsia da tireoide

Se nos exames de imagem aparecer um nódulo na tireoide, é feita uma biópsia por aspiração com agulha fina. 

Nesse exame, é coletada de uma amostra de células, para serem analisadas em microscópio, permitindo a sua identificação como benignas ou malignas. 

O exame é feito com anestesia local no pescoço e é guiado por um equipamento de ultrassom. 

Triagem neonatal (teste do pezinho)

Teste do pezinho
O famosos teste do pezinho serve para diagnosticar o hipotireoidismo congênito

O teste do pezinho, realizado entre o terceiro e o sexto dia de vida do bebê, faz a dosagem de TSH e T4 total em uma amostra de sangue seco em papel filtro, retirada do calcanhar do recém-nascido. Recomenda-se que se faça um teste confirmatório entre a primeira e a segunda semana de vida. 

O objetivo do exame é diagnosticar, de forma precoce, o hipotireoidismo congênito, que causa consequências graves, como atraso no crescimento e deficiência intelectual.

Se o teste do pezinho indicar o hipotireoidismo congênito, é realizado um exame de sangue de TSH e T4 livre, para confirmação do diagnóstico e início do tratamento, que consiste na reposição dos hormônios da tireoide durante toda a vida.  

Quando é preciso fazer exames da tireoide

Os exames da tireoide são indicados para as pessoas que apresentam sintomas de doenças associadas ao funcionamento da glândula ou que possuem histórico familiar dessas doenças.

Os exames também são indicados após os 35 anos de idade, para rastreio de problemas na estrutura ou funcionamento da glândula

Como o distúrbio da tireoide é uma das causas de infertilidade, mulheres que pretendem engravidar também podem fazer os exames da tireoide. 

Sabendo que os níveis dos hormônios tireoidianos podem se alterar na gravidez, o médico ou médica ginecologista pode solicitar os exames, para detectar o hipertireoidismo ainda no primeiro trimestre, e com isso evitar danos no desenvolvimento cerebral do bebê. 

Pessoas que passaram por tratamento radioterápico para câncer de cabeça e pescoço também podem necessitar desses exames, para verificar se houve algum comprometimento da função da glândula tireoide. 

Fontes e referências adicionais

Quais desses exames que avaliam a tireoide você já fez? Quais foram os motivos que levaram seu médico ou médica a solicitar estes exames? Comente abaixo!

Foi útil?
1 Estrela2 Estrelas3 Estrelas4 Estrelas5 Estrelas
Loading...
Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

Deixe um comentário