Você já deve ter ouvido que pingar água oxigenada no ouvido é bom para aliviar os sintomas de gripe e de infecção no ouvido. Mas apesar de famosa nas redes sociais, a prática não é recomendada pelos especialistas da área.
Na verdade, os otorrinolaringologistas não aconselham pingar nenhum líquido dentro do ouvido sem prescrição médica.
Veja para que serve a água oxigenada na área da saúde e por que não deve ser usada no ouvido.
Para que serve a água oxigenada
A água oxigenada é uma solução de peróxido de hidrogênio, que é usada para limpar ferimentos superficiais na pele e cicatrizes cirúrgicas, pois é um antisséptico capaz de combater vírus e bactérias potencialmente patogênicos.
Seu uso na pele é superficial, não havendo comprovação científica de que ela consiga atravessar camadas mais profundas da pele e combater microrganismos presentes em estruturas internas do ouvido.
Água oxigenada no ouvido
Existe uma situação em que a água oxigenada no ouvido pode ser inofensiva, mas também ineficaz, que é a sua aplicação ao tratamento da otite externa.
A otite externa é uma inflamação do ouvido externo, que vai do canal auditivo até o tímpano. Este problema ocorre com mais frequência em épocas quentes do ano, quando a ida a piscinas e ao mar é mais comum. A água em constante contato com o ouvido externo pode provocar uma inflamação.
Como essa inflamação afeta uma região externa, a aplicação da água oxigenada pode não fazer mal, mas não há comprovação de que ajuda a impedir uma infecção local.
O outro tipo de otite é a otite média, que afeta as pessoas com mais frequência no inverno. Ela afeta a parte interna do ouvido, a tuba auditiva, como resultado de infecções que afetam o ouvido, por exemplo uma gripe ou resfriado.
Nesse caso, a aplicação da água oxigenada dentro do ouvido aumenta os riscos de infecção, pois o tímpano pode estar perfurado e a água oxigenada pode aumentar a perfuração, devido ao seu potencial corrosivo.
Água oxigenada no ouvido: tímpano perfurado
Na maioria das vezes, você não saberá que está com o tímpano perfurado, pois esse problema se resolve naturalmente. Então, não vale a pena arriscar um tratamento com a água oxigenada, por conta própria.
Alguns sinais ou sintomas podem te ajudar a saber se está com o tímpano perfurado:
- Está com dificuldade para ouvir direito.
- Sente dor no ouvido, quando o vento passa por ele.
- Ouve zumbidos.
- Apresenta histórico de infecções no ouvido, com vazamento de líquido.
- Ao entrar na piscina ou no mar, você percebe que vaza água do seu ouvido.
Além do risco da água oxigenada piorar a inflamação causada pela perfuração do tímpano, ela pode provocar um problema grave, que pode até ser fatal.
A perfuração no tímpano pode permitir que a água oxigenada entre em contato com a meninge, uma membrana que envolve o cérebro, e provocar uma inflamação, que é a meningite.
Esse risco é maior nas crianças, que têm uma menor distância entre a meninge e o ouvido interno.
Além da meningite, que é uma doença potencialmente fatal, a água oxigenada no tímpano perfurado pode resultar em surdez, tontura ou zumbido persistente no ouvido.
Água oxigenada: cera no ouvido
Algumas pessoas não têm interesse em pingar água oxigenada no ouvido para combater infecções, mas para limpar o ouvido retirando a cera, que é vista como sujeira.
Porém, a cera não é sujeira e desempenha várias funções importantes no ouvido, como:
- Fungicida e bactericida: combate fungos e bactérias que entram no canal auditivo, impedindo a sua proliferação.
- Hidrata o canal auditivo
- O excesso é eliminado naturalmente: você pode retirar o excesso de cera que foi expulso pelo corpo com o dedo, usando um lenço de papel ou pedaço de algodão, apenas no ouvido externo.
Por isso, evite pingar água oxigenada no ouvido para remover o excesso de cera ou para combater infecções. Sempre consulte um/uma otorrinolaringologista antes de inserir qualquer substância no ouvido, mesmo que seja aparentemente inofensiva.
Fontes e referências adicionais
- Recursos de biossegurança na avaliação audiológica básica: estudo comparativo entre o uso do protetor descartável de fone de ouvido e o uso do policloreto de vinila (PVC), Distúrbios da Comunicação, 2017; 29(2): 292-301.
- Avaliação da susceptibilidade e resistência bacteriana aos agentes controladores do crescimento de uso hospitalar e industrial, Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, 2017; 20(1): 25-32.
Fontes e referências adicionais
- Recursos de biossegurança na avaliação audiológica básica: estudo comparativo entre o uso do protetor descartável de fone de ouvido e o uso do policloreto de vinila (PVC), Distúrbios da Comunicação, 2017; 29(2): 292-301.
- Avaliação da susceptibilidade e resistência bacteriana aos agentes controladores do crescimento de uso hospitalar e industrial, Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, 2017; 20(1): 25-32.