Em tempos digitais, a caminhada silenciosa surge como uma alternativa para melhorar a saúde mental, e tem ganhado popularidade nas redes sociais, mais notavelmente no TikTok.
Inspirada pela experiência da influenciadora Mady Maio, que descreveu a prática como uma viagem do “caos” mental a um “estado de fluxo”, esta tendência consiste em caminhar sozinho, por aproximadamente 30 minutos, sem o auxílio de músicas ou podcasts.
A mais nova tendência de bem-estar no TikTok é a “caminhada silenciosa”, que combina meditação e atividade física para beneficiar a saúde mental. Diferente da atual “caminhada da garota gostosa”, que é um percurso de seis quilômetros focado em estabelecer objetivos e demonstrar gratidão, a caminhada silenciosa se concentra simplesmente em caminhar e apreciar o ambiente ao redor, sem distrações ou tarefas adicionais.
Por trás desse movimento atual, encontra-se uma tradição antiga e valiosa. A caminhada em silêncio está profundamente enraizada no conceito de “atenção plena” (mindfulness), que orienta as pessoas a focarem nas sensações físicas, emoções e pensamentos do momento atual, sem julgamentos.
Em contraponto às práticas mais modernas e focadas em multitarefas, a caminhada silenciosa tem como único propósito avançar um passo de cada vez, absorvendo e observando o ambiente ao redor.
Apesar de ser uma prática milenar, a caminhada silenciosa foi recentemente colocada sob os holofotes, com alguns alegando que a Geração Z “achou que inventou a caminhada”. Arielle Lorre, criadora de conteúdo em Los Angeles, pontua o quão relevante essa atividade se tornou, principalmente devido à nossa crescente dependência dos dispositivos digitais. A proposta é simples: Como podemos contrabalançar nossa fixação digital?
Diversos estudos têm mostrado os benefícios da caminhada, especialmente quando realizada em silêncio. A atividade contribui positivamente para a saúde mental e física. Por exemplo, uma pesquisa revelou que caminhar 10 minutos a mais por dia pode prolongar a expectativa de vida.
Outro estudo, publicado no The Journal of Environmental Psychology, apontou que uma caminhada de meia hora em um parque urbano pode reduzir o tempo que as pessoas passam imersas em pensamentos negativos.
Arielle caminha tranquilamente por cerca de 45 minutos, quatro vezes na semana. Desde que adotou esse hábito, há um ano, ela relata que melhorou seu sono, sente-se mais serena e sua energia se mantém estável durante o dia.
No entanto, para alguns, a ideia de caminhar em silêncio pode ser desafiadora. Uma pesquisa de 2014 mostrou que, quando sem alternativas, algumas pessoas preferem ficar inativas a ficar a sós com seus próprios pensamentos.
Erin C. Westgate, especialista em psicologia da Universidade da Flórida, destaca que caminhar oferece uma oportunidade agradável de introspecção. Segundo ela, a atividade não demanda tanto da mente, o que permite sonhar acordado, um luxo em tempos onde nossa capacidade de atenção vem diminuindo.
De acordo com estudos conduzidos por Gloria Mark, da Universidade da Califórnia, atualmente, a média de tempo que gastamos em um único conteúdo digital é de 47 segundos. Em contrapartida, em 2004, as pessoas dedicavam cerca de dois minutos e meio para ler um e-mail. A constante alternância de foco pode ser exaustiva, mas uma caminhada silenciosa pode ser a solução para recarregar as energias mentais.
Gloria sugere pausas e desconexões do mundo digital, pensando em metas emocionais diárias. Por exemplo, definir “sentir-se calmo” como objetivo e revisitar esse sentimento durante momentos livres no dia.
David M. Levy, da Universidade de Washington, reforça a importância de estarmos presentes no momento atual, alertando para os perigos da distração constante. Em sua visão, na busca incessante pela produtividade, perdemos a capacidade de apreciar a beleza e vitalidade do mundo fora dos nossos dispositivos.
A caminhada silenciosa não é apenas uma tendência, mas um retorno às nossas raízes, propondo uma reconexão com nós mesmos e com o mundo ao nosso redor. Em tempos de distrações digitais, tal prática apresenta-se como um bálsamo para a mente e corpo, unindo bem-estar e saúde mental.
Você costuma fazer caminhadas? O que achou da ideia de caminhar em silêncio? Acredita que seja um retorno às nossas raízes? Comente abaixo!
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