A capsaicina é um tipo de capsaicinóide, um composto químico encontrado em todas as pimentas, sobretudo as vermelhas e picantes. É exatamente essa substância que confere a determinadas pimentas uma ardência bastante característica.
Felizmente para nós, a capsaicina não serve apenas para melhorar o sabor das receitas, já que estudos indicam que o composto traz uma série de benefícios à saúde.
O que é a capsaicina exatamente?
Podemos definir a capsaicina como sendo uma substância inodora, incolor e insolúvel em água. Ela é produzida pelas plantas, em especial as pimentas (é possível também encontrar capsaicina no gengibre, mas em quantidade moderada).
Todas as pimentas contêm capsaicina (que serve para defendê-las contra o ataque de potenciais predadores), mas o teor da substância varia entre os diversos componentes do gênero Capsicum.
Em pequenas concentrações, a capsaicina promove uma sensação de calor na boca, bastante familiar a quem tem o hábito de consumir pimentas ardidas. Em doses maiores, a substância promove um estímulo excessivo dos neurônios sensoriais e acaba causando um pouco de dor.
Efeitos da capsaicina
A capsaicina tem atividade anti-inflamatória e analgésica, podendo ser utilizada para o tratamento de dores causadas por doenças reumáticas. O composto também tem efeito antioxidante e protetor do sistema cardiovascular.
Outras propriedades da capsaicina:
- Fortalece o sistema Imunológico
- Ajuda a prevenir determinados tipos de câncer
- Acelera o metabolismo
- Ajuda a prevenir o diabetes
- Descongestiona as vias nasais
- Melhora a circulação
- Ajuda a combater a depressão
Onde encontrar?
Como mencionamos acima, quanto maior a ardência de uma pimenta, maior será o seu teor de capsaicina.
Algumas das pimentas mais fortes do Brasil são a malagueta, cumari, chili (uma variedade da malagueta), pimenta- de-cheiro (algumas variedades são mais ardidas que outras), dedo-de-moça e a caiena.
A capsaicina emagrece?
É claro que seria ótimo poder acrescentar apenas um pedacinho de pimenta à dieta e em pouco tempo começar a ver as gorduras derreterem. Mas, se por um lado não podemos afirmar que a capsaicina emagrece, a boa notícia é que a substância pode sim ser uma boa aliada da perda de peso.
Ou seja: a capsaicina tem propriedades que a tornam uma ótima adição ao cardápio de quem está com alguns quilos a mais. Entenda como a capsaicina pode ajudar na luta contra a balança:
Apetite
Um estudo publicado em 2009 no periódico científico Clinical Nutrition demonstrou que a capsaicina pode promover uma redução do apetite.
No experimento, desenvolvido com 27 participantes saudáveis, pesquisadores observaram que a combinação capsaicina + chá verde ajudou os voluntários a sentirem menos fome. E, como resultado, houve um consumo menor de calorias ao longo do dia.
Outra pesquisa publicada no mesmo ano (desta vez no European Journal of Nutrition) sugere que um dos mecanismos (o outro seria a modulação de genes envolvidos com a saciedade) pelos quais a capsaicina pode controlar o apetite é a inibição da liberação de grelina, um hormônio que aumenta a sensação de fome.
Por último, conforme um artigo publicado no New York Times, comer um molho apimentado antes da refeição pode resultar em uma ingestão de até 200 calorias a menos durante o prato principal.
Metabolismo
Além de reduzir a vontade de comer, a capsaicina também acelera o metabolismo. De acordo com uma ampla revisão científica publicada em 2012 na revista Appetite, a substância pode aumentar o gasto energético do organismo em até 50 calorias.
Este resultado pode ser explicado pelas propriedades termogênicas da capsaicina. O composto químico se liga aos receptores de calor na pele e aumenta a temperatura corporal. E o que isso significa?
Para quem está tentando emagrecer, um aumento do metabolismo se traduz numa maior mobilização das reservas de gordura. Ou, de maneira resumida, a capsaicina ajuda a queimar gordura pois eleva a temperatura do organismo.
Gordura
Mais um dos benefícios da capsaicina para a perda de peso: ela dificulta o acúmulo de gordura no corpo.
Em uma pesquisa publicada em 2010 no Journal of Proteome Research, animais de laboratório foram divididos em três grupos: dieta normal, dieta com alto teor de gordura e dieta com alto teor de gordura + capsaicina.
Ao final do estudo (que teve a duração de dois meses), foi constatado que todos os animais engordaram. Porém, o grupo que recebeu capsaicina ganhou 8% menos peso que os demais animais.
Para os cientistas autores da pesquisa, esses valores são um resultado direto da ação da capsaicina, que regula genes envolvidos no processo de acúmulo de gordura.
Portanto, a capsaicina não apenas queima as gorduras previamente estocadas no organismo, como também impede que novas reservas sejam formadas.
Outros benefícios da capsaicina
Confira outros efeitos da capsaicina no organismo:
Melhora o humor
O corpo reage à sensação de “queimação” gerada pela capsaicina através da liberação de endorfina, um neurotransmissor que impede que os neurônios transmitam os sinais de dor.
Ao mesmo tempo, o cérebro também libera dopamina, outro neurotransmissor que exerce um efeito relaxante e está associado à sensação de bem estar.
Para muitos, aliás, essa seria uma das explicações possíveis para o hábito que muitas pessoas têm de consumir pimentas extremamente picantes (a recompensa pelo “sacrifício” seria uma melhora do astral).
Antioxidante e anti-inflamatória
Estudos publicados na última década têm comprovado as propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias da capsaicina.
A substância inibe alterações bioquímicas induzidas pela exposição à radiação, e reduz a oxidação dos lipídios (prevenindo, entre outras condições, um aumento do colesterol LDL) e proteínas.
A capsaicina também tem a capacidade de minimizar a perda de função das enzimas superóxido dismutase (SOD) e glutationa peroxidase, duas poderosas defesas antioxidantes do organismo.
Portanto, além de combater danos celulares causados pelos radicais livres, a capsaicina também serve para proteger o organismo contra o estresse oxidativo causado pelos raios ultravioleta, poluição e substâncias químicas encontradas nos alimentos.
Controle da glicose
Segundo um estudo publicado no prestigioso American Journal of Clinical Nutrition, a capsaicina pode ser bastante benéfica para portadores de diabetes.
Na pesquisa, cientistas observaram que refeições contendo pimenta promoviam uma redução na quantidade de insulina necessária para baixar os níveis de glicose.
Ou seja, a capsaicina melhora o metabolismo da glicose, prevenindo quadros de hipo ou hiperglicemia.
Analgésico natural
A estrutura química da capsaicina estimula terminações nervosas sensíveis à dor, o que, evidentemente, causa a sensação desconfortável que sentimos após comer uma pimenta bastante ardida.
Os neurônios que foram ativados pela capsaicina liberam um neurotransmissor conhecido como “substância P”. Esta, por sua vez, transmite a sensação de dor para o cérebro. E como a capsaicina funciona para reduzir a dor?
Ao promover a liberação de uma grande quantidade de substância P, a capsaicina reduz drasticamente a quantidade do neurotransmissor disponível para sinalizar outros processos dolorosos.
Como resultado, ainda que uma determinada parte do corpo esteja tentando enviar um sinal de dor para o cérebro, o desconforto será amenizado, já que a comunicação ficou prejudicada pela ausência de substância P.
Essa propriedade da capsaicina torna-a uma alternativa para o tratamento da artrite, fibromialgia, neuropatia diabética, lombalgia, psoríase e até mesmo dores musculares.
Protege o coração
Pesquisadores da Chinese University of Hong Kong descobriram que a capsaicina reduz os níveis de colesterol no sangue. Ao mesmo tempo, a substância bloqueia um gene que promove a contração das artérias (efeito que poderia causar um perigoso bloqueio para a passagem de sangue).
Outros estudos têm demonstrado que animais que são suplementados com capsaicina apresentam uma redução nas taxas de colesterol e de triglicérides.
Como níveis alterados de colesterol LDL e triglicérides são dois dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares, estes resultados indicam que a capsaicina pode ser utilizada (em combinação com outras medidas) para prevenir complicações cardíacas.
Pode ajudar a prevenir o câncer
Alguns dos efeitos da capsaicina mais promissores parecem estar no combate ao câncer.
Quando expostos ao composto químico, tumores de próstata encolheram em até 80%. Outras pesquisas demonstraram que a capsaicina é capaz de destruir células de câncer de pulmão e pâncreas.
A capsaicina produz esse efeito porque induz a apoptose celular, ou a morte programada das células cancerígenas.
Entretanto, mais estudos são necessários nesse sentido, e nenhum tratamento deve ser interrompido, ou medicamento substituído, sem a orientação de um médico.
Ajuda a reduzir a pressão arterial
Uma série de estudos sugere que a capsaicina pode ajudar a controlar a pressão arterial. Em um dos mais recentes, publicados no periódico Cell Metabolism, pesquisadores observaram que o consumo de capsaicina em longo prazo foi o responsável por uma redução na pressão de ratos geneticamente hipertensos.
Para os autores do estudo desenvolvido na China, a capsaicina tem esse efeito porque é capaz de ativar determinados canais no interior das artérias. Como resultado dessa ativação, há um aumento na produção de óxido nítrico, um composto que protege os vasos sanguíneos contra possíveis inflamações e danos oxidativos.
Além disso, o óxido nítrico também promove uma dilatação das artérias, efeito que melhora a circulação e influencia diretamente na redução da pressão arterial.
Precaução
Quando utilizada de maneira adequada, a capsaicina não traz efeitos colaterais. Em algumas pessoas, no entanto, a substância pode causar desconforto gastrointestinal.
Caso a opção seja pelo uso tópico do composto, é possível que uma sensação de queimação esteja presente por alguns minutos após a aplicação do creme de capsaicina. Doses elevadas do produto podem irritar a pele e até mesmo causar bolhas.
Lembre-se de sempre consultar seu médico antes de iniciar o tratamento com capsaicina.
Fontes e referências adicionais
- Lejeune MP, Kovacs EM, Westerterp-Plantenga MS. Effect of capsaicin on substrate oxidation and weight maintenance after modest body-weight loss in human subjects. Br J Nutr. 2003 Sep; 90(3):651-59.
- Reinbach HC, Smeets A, Martinussen T, Møller P, Westerterp-Plantenga MS. Effects of capsaicin, green tea and CH-19 sweet pepper on appetite and energy intake in humans in negative and positive energy balance. Clin Nutr. 2009 Jun;28(3):260-5.
- Smeets AJ, Westerterp-Plantenga MS. The acute effects of a lunch containing capsaicin on energy and substrate utilisation, hormones, and satiety. Eur J Nutr. 2009 Jun;48(4):229-34.
- The World’s Hottest Pepper: Brings Pleasure and Pain Relief, ABC News.
- On Capsaicin: Why Do We Love to Eat Hot Peppers?, Scientific American.
Fontes e referências adicionais
- Lejeune MP, Kovacs EM, Westerterp-Plantenga MS. Effect of capsaicin on substrate oxidation and weight maintenance after modest body-weight loss in human subjects. Br J Nutr. 2003 Sep; 90(3):651-59.
- Reinbach HC, Smeets A, Martinussen T, Møller P, Westerterp-Plantenga MS. Effects of capsaicin, green tea and CH-19 sweet pepper on appetite and energy intake in humans in negative and positive energy balance. Clin Nutr. 2009 Jun;28(3):260-5.
- Smeets AJ, Westerterp-Plantenga MS. The acute effects of a lunch containing capsaicin on energy and substrate utilisation, hormones, and satiety. Eur J Nutr. 2009 Jun;48(4):229-34.
- The World’s Hottest Pepper: Brings Pleasure and Pain Relief, ABC News.
- On Capsaicin: Why Do We Love to Eat Hot Peppers?, Scientific American.
A pimenta seca tem os mesmo efeitos?
A pimenta faz milagre no meu corpo. Uso pimenta em todos alimentos.
Meu marido passou pomada
com esse componente, na minha lombar, e depois de duas horas, eu quase morri! Estava na rua e a lombar começou a queimar, queimar. Meu rosto esquentou. E essa sensação de queimação durou por duas horas. Horrível!!!
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