Um charuto é produzido a partir das folhas de tabaco e é composto por três partes: o miolo, o capote e a capa.
O miolo é um rolo de folhas de tabaco que são torcidas e agrupadas. Já o capote é uma folha de tabaco mais resistente, que envolve as folhas do miolo e é prensada com eles, ganhando um formato uniforme, enquanto a capa é a parte externa do charuto, que costuma ser constituída por uma folha de tabaco selecionada e envolve o miolo e o capote já prensados.
Depois disso, os charutos são armazenados durante quatro semanas em caixas de madeira que não transmitem odores como forma de que os aromas da capa e do miolo sejam harmonizados.
O primeiro registro do tabaco foi feito lá no ano de 1492, quando Cristóvão Colombo chegou até as Américas e encontrou índios com uma espécie de charuto primitivo, o chamado cohiba.
Mais tarde, em 1676, os charutos passaram a ser produzidos em larga escala na Espanha a partir de fumo cubano. Quando um coronel chamado Israel Puthan retornou de Cuba para os Estados Unidos com charutos e tabaco cubanos, é que eles chegaram até a América do Norte.
Atualmente, países como Cuba, Honduras, República Dominicana, México, Jamaica, Nicarágua e inclusive o Brasil, com os charutos produzidos na Bahia, onde existe tradição no cultivo de folhas de tabaco, são considerados produtores de charutos de qualidade.
O charuto faz mal?
Agora que conhecemos um pouco da história e algumas curiosidades sobre o charuto, vamos tentar entender se o charuto faz mal e se ele é tão maléfico quanto o cigarro.
Os defensores do charuto afirmam que a folha de tabaco utilizada na produção dos charutos é natural e fermentada, que elimina as impurezas. Além disso, ao fumar, o usuário não deve tragar a fumaça para não afetar tanto os pulmões.
Eles alertam, no entanto, que se deve ser comedido no uso dos charutos. Segundo eles, fumar um charuto por dia não faz muito mal, o que prejudica são os exageros. Por exemplo, fumar 10 charutos por dia a equipara-se a beber duas garrafas de uísque diariamente.
Por outro lado, quem garante que fumar charuto faz mal afirma que sua fumaça é mais alcalina do que a do cigarro, o que significa que sua dissolução na saliva e sua absorção na mucosa oral é mais fácil. O resultado é que a nicotina é adquirida, sem que seja necessário inalar a fumaça para os pulmões.
Os charutos ainda disponibilizam altos níveis de nicotina circulante que são capazes de causar dependência, ainda que a sua fumaça não seja inalada. Os usuários de charuto apresentam 45% mais chance de sofrer com a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) do que os indivíduos que não fumam o charuto.
Os charutos e o aumento do risco de doenças
Outro ponto que favorece a afirmação de que o charuto faz mal é a sua associação com a elevação do risco de desenvolvimento de doenças.
Uma pesquisa realizada com mais de 7 mil homens na Inglaterra, no ano de 2003, identificou que fumar charutos traz riscos referentes ao surgimento de doenças relacionadas ao tabaco.
O experimento descobriu que os fumantes apresentavam maior risco de desenvolvimento de doença coronariana e acidente vascular encefálico (AVE), também conhecido como derrame cerebral, do que as pessoas que não usavam o charuto.
O estudo também concluiu que os usuários do charuto tinham um índice de mortalidade geral por doença sem origem cardiovascular do que os não fumantes.
Outro problema do charuto é a sua relação com a incidência de câncer. Seus usuários têm um risco 9 vezes maior do que as pessoas que não fumam de desenvolver câncer de pulmão.
Eles também podem aumentar o seu risco de ter câncer oral ao exporem sua cavidade oral e língua a uma grande quantidade de fumaça. Quando os constituintes de tabaco são dissolvidos na saliva e engolidos, existe o risco de surgimento de câncer de esôfago.
Em suma, os usuários de charuto possuem um risco duas vezes maior que os não fumantes de terem câncer nos lábios, língua, boca, garganta, laringe e esôfago do que as pessoas que não fumam o charuto.
Além disso, um estudo da Sociedade Americana de Câncer indicou que os consumidores de charuto que inalam a sua fumaça têm um risco de duas a três vezes maior que as pessoas que não fumam de morrer de câncer no pâncreas e na bexiga.
Uma das explicações para isso está no alcatrão, um derivado do charuto que carrega altas concentrações de carcinogênicos, ou seja, agentes com potencial para o desenvolvimento de câncer.
O charuto e o cigarro
De acordo com a Mayo Clinic, uma organização da área de serviços médicos e pesquisas médico-hospitalares dos Estados Unidos, o charuto não pode ser considerado mais seguro do que o cigarro. Um dos motivos para isso é que um charuto de tamanho completo contém praticamente a mesma quantidade de nicotina que um maço de cigarros.
- Veja também: 24 benefícios de parar de fumar.
A organização enfatiza que mesmo que a fumaça do charuto não seja inalada intencionalmente, ela pode ser absorvida e que o uso de charuto no lugar de cigarros não diminui os riscos de desenvolver dependência em relação à nicotina.
A nicotina pode trazer efeitos colaterais como dor no peito, inchaço, erupção cutânea, batimento cardíaco rápido ou desigual, tosse, dor de cabeça, diarreia, tontura, azia, olhos lacrimejantes, secura na boca, cansaço, fraqueza, diarreia, prisão de ventre, arroto, náusea, perturbação estomacal e feridas na garganta e na boca, entre outros.
Ela também aumenta a pressão arterial, o que aumenta ao longo do tempo o risco de ter um ataque no coração ou acidente vascular cerebral (AVC). Porém, em relação ao câncer e a doenças cardíacas e pulmonares, a revista Forbes explicou em um artigo que o problema não é a nicotina em si, mas o fato dela causar dependência em relação ao fumo.
As substâncias tóxicas do tabaco que são liberadas durante a sua queima enquanto a pessoa fuma é que são as responsáveis pelos graves problemas de saúde.
A Mayo Clinic também dá um alerta em relação ao tabagismo passivo no que se refere aos charutos – ele traz as mesmas substâncias tóxicas que o fumo passivo através do cigarro traz. O que pode causar ou favorecer problemas como câncer de pulmão, doença no coração, infecções nos ouvidos, infecções respiratórias em crianças, além de aumentar o risco e a gravidade da asma nos pequenos.
Como já explicamos acima, a organização ressalta que o charuto aumenta as chances de desenvolvimento de câncer na boca, garganta, esôfago e laringe, de doenças pulmonares como enfisema e bronquite crônica e aumento do risco de problemas no coração.
O uso do charuto também é associado a problemas orais e dentais como gengivite e perda dos dentes.
A situação pode ser ainda pior caso a pessoa resolva trocar o cigarro pelo charuto. Isso porque ela pode cair no erro de inalar a fumaça do charuto da mesma maneira que fazia com o cigarro. E quanto mais charuto uma pessoa fuma e mais profunda é a sua forma de inalar, mais riscos elas traz para a própria saúde.
Para a Mayo Clinic, não existe uma forma segura de fumar tabaco. Portanto, a organização recomenda não fumar cigarro ou charuto, nem que seja somente de vez em quando, especialmente se você já tiver um histórico ou predisposição às doenças e condições às quais o charuto está associado.
Só informação desalentador. Fumei cigarros durante 15 anos, já parei há 45 anos e agora vi no charuto uma forma mais leve, já que não se inala. Fumo raramente, até porque 1 charuto Cubano custa R$100,00