Dor no fígado: 12 principais causas e o que fazer

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Ao experimentar dor no fígado, especialmente se for algo que acontece com certa frequência, é normal se perguntar se isso não pode ser um dos sintomas de problemas no fígado. 

A verdade é que essa dor, que é sentida no lado direito do abdômen, na parte superior, pode estar sim associada a diversas doenças e síndromes que afetam o órgão e causam inflamação. 

Portanto, veja quais são as principais causas de dor no fígado e o que fazer, ou seja, as opções de tratamento disponíveis para cada caso.

Hepatite viral

A hepatite viral é uma infecção que atinge o fígado e é causada mais comumente no Brasil pelos vírus da hepatite A, B ou C. 

Em grande parte dos casos, essa infecção não provoca sintomas. Quando eles aparecem, podem ser sintomas leves, moderados ou graves, que incluem dor no fígado, cansaço, enjoo, icterícia (pele e olhos amarelados) e fezes claras. Conheça os 8 principais sintomas da hepatite.

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Como a hepatite é, na maioria das vezes, uma doença silenciosa, ela pode evoluir por vários anos sem dar sinais, e comprometer o fígado. 

Esse comprometimento pode resultar em complicações graves, desde fibrose e cirrose do fígado, até o desenvolvimento de um câncer, exigindo a necessidade de um transplante. 

O que fazer

O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza à população testes rápidos de detecção dos vírus da hepatite B e C, pois é importante que todas as pessoas façam o teste pelo menos uma vez na vida, especialmente as populações mais vulneráveis. 

Não existe tratamento específico para a hepatite A, mas há vacina para prevenção da doença. Recomenda-se evitar automedicar-se para aliviar sintomas, pois o uso de remédios desnecessários ou tóxicos ao fígado pode piorar o quadro.

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O médico é quem deve indicar o medicamento mais apropriado para o conforto do paciente e garantir o seu balanço nutricional apropriado. A reposição de fluidos perdidos por vômitos e diarreia também pode ser recomendada. A hospitalização é necessária em casos de insuficiência hepática aguda.

Sem cura, a hepatite B pode ser aguda (de curta duração) ou crônica (quando dura mais de seis meses). Mas, há tratamento disponível para reduzir o risco da doença avançar e das suas complicações, como cirrose, câncer e óbito.

Os remédios para controle da hepatite B incluem alfapeginterferona, tenofovir desoproxila (TDF), entecavir e tenofovir alafenamida (TAF). Há também uma vacina para prevenir a doença.

A hepatite C é crônica e geralmente tratada com o uso de remédios, os chamados antivirais de ação direta (DAA), e transplante de fígado, sendo o tipo mais fatal de hepatite. 

Hepatite alcoólica

Alcoólatra
É bastante sabido que o consumo em excesso de álcool traz problemas ao fígado

A hepatite alcoólica é uma inflamação no fígado causada pelo consumo excessivo de álcool ao longo de muito tempo. 

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Com o passar dos anos, o álcool causa alterações no fígado por meio de um processo inflamatório, levando a dores intensas no órgão, náuseas e perda do apetite. 

Além desses sintomas, a pessoa pode apresentar inchaço abdominal, perder peso sem intenção e ter seu fígado e baço aumentados. 

O que fazer

Após o surgimento dos sintomas, é fundamental que a pessoa busque tratamento o mais rápido possível, pois a hepatite alcoólica é uma doença muito debilitante. 

O tratamento é feito com medicamentos específicos, como corticoides, remédios com ação imune (anti-TNF) ou pentoxifilina, que devem ser obrigatoriamente acompanhados da suspensão completa do álcool. 

Os cuidados com a alimentação também são importantes, pois é comum que pacientes com hepatite alcoólica tenham desnutrição e carência de calorias, proteínas e vitaminas. Assim, é fundamental que essas pessoas também sejam acompanhadas por um nutricionista, que indicará a dieta e os suplementos adequados para elas.

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Já nos casos em que uma doença hepática chega a uma fase avançada, não há melhora com o tratamento clínico ou progressão para cirrose ou insuficiência do fígado, o transplante hepático pode ser recomendado.

Conheça os 10 melhores alimentos para o fígado.

Hepatite medicamentosa

A hepatite medicamentosa é uma inflamação no fígado causada pelo uso de drogas ilícitas ou lícitas, suplementos alimentares e fitoterápicos. 

A automedicação e o abuso de medicamentos, especialmente de antibióticos, anti-inflamatórios, anticonvulsivantes e esteroides anabolizantes, são responsáveis pela hepatite medicamentosa. 

Os sintomas desse tipo de hepatite consistem em enjoo, vômito, dor no fígado, urina escura, coceira na pele e icterícia. 

O que fazer

No caso de hepatite medicamentosa, deve-se suspender imediatamente o uso dos medicamentos ou das substâncias tóxicas que possam ser as responsáveis pela doença. Além disso, o paciente pode precisar receber hidratação na veia. 

Quando a suspensão do agente causador não é suficiente, o médico pode indicar o uso de corticoides por aproximadamente dois meses ou até os exames de fígado se normalizarem. Após um período de um a três anos, o paciente deverá ser avaliado novamente para checar como está o seu fígado.

Esteatose hepática

A esteatose hepática, também conhecida como gordura no fígado ou fígado gorduroso, é uma doença causada pelo acúmulo de gordura dentro das células do fígado, os hepatócitos. 

A evolução do quadro de esteatose hepática pode resultar em cirrose hepática e até câncer no fígado.

No início, não há manifestação de sintomas e sinais de gordura no fígado, mas, com o avanço da doença, pode haver dor no fígado, cansaço, fraqueza, perda de apetite e aumento do fígado. 

Pessoas com sobrepeso, diabetes, hipertensas, com triglicérides e colesterol alto são mais propensas a desenvolver a esteatose hepática. 

Esses problemas de saúde compõem a chamada “síndrome metabólica“, cada vez mais comum, devido à má alimentação e ao sedentarismo. 

O que fazer

Não existe um tratamento que seja desenvolvido especificamente para a esteatose hepática, mas ele é determinado com base nos problemas de saúde que levaram ao acúmulo de gordura no fígado. 

Entretanto, ainda mais ou tão importante quanto as medicações são as mudanças no estilo de vida, que devem incluir uma alimentação saudável, prática regular de atividade física e controle do peso. 

Abscesso hepático

Um abscesso é o acúmulo de pus nos órgãos, interna ou externamente, causado por microrganismos, como bactérias, fungos e parasitas. 

Os abscessos hepáticos podem ser causados por uma variedade de microrganismos, especialmente fungos, bactérias, protozoários e amebas. Às vezes, mais de um tipo de bactéria pode causar o abscesso hepático.

O abscesso hepático se forma quando um conjunto de microrganismos tem acesso ao fígado, numa quantidade que o órgão é incapaz de combater. 

O sintoma mais comum em um quadro de abscesso hepático é a febre, que pode ser acompanhada de dores intensas no fígado. 

Dor no fígado
Um abcesso hepático pode provocar dores intensas na região

O que fazer

O abscesso hepático precisa ser drenado cirurgicamente e tratado com antibióticos. Na maior parte dos casos é feita a drenagem percutânea, ou seja, por meio da colocação de um dreno na pele, chegando até a localização do abscesso no fígado.

O abscesso pode ser aspirado ou, se ele for muito grande, pode ser necessária a colocação de um dreno, por conta da cavidade que se forma com a sua drenagem. 

Abscessos pequenos podem ser absorvidos pelo próprio organismo, mediante tratamento, ou drenados para cavidades externas do corpo, com aplicação de compressa quente. 

Após a drenagem, é necessário manter o tratamento com antibióticos por duas a seis semanas, para impedir que a infecção se espalhe ou que um novo abscesso se forme. 

A cirurgia é raramente indicada, mas pode ser a alternativa nos casos em que há outros abscessos no interior do abdômen, quando a drenagem percutânea não é eficiente ou se houver ruptura do abscesso para o interior da cavidade abdominal.

Síndrome de Budd-Chiari

A síndrome de Budd-Chiari é causada por coágulos de sangue que obstruem as veias que transportam o sangue para fora do fígado. Com isso, o sangue se acumula no fígado, deixando o órgão inchado. O baço também pode aumentar de tamanho devido a essa obstrução de veia.

O acúmulo de sangue provoca hipertensão portal, que é o aumento de pressão na veia porta, que leva o sangue do fígado ao intestino. Com isso, muito líquido fica acumulado no abdômen, problema conhecido como ascite. Além disso, as veias do esôfago podem ficar dilatadas e retorcidas, formando como se fossem varizes no órgão.

As veias mais superficiais do abdômen também podem dilatar e se retorcer, ficando aparentes na barriga. A evolução do problema resulta em cirrose hepática.

Normalmente, a obstrução evolui lentamente ao longo de meses e a pessoa sente fadiga, fígado aumentado e sensível, além de dor no órgão. 

O que fazer

O tratamento é feito com medicamentos para dissolver os coágulos (trombolíticos) e melhorar o fluxo sanguíneo, com anticoagulantes.

No caso de uma veia já estar obstruída, pode ser feita uma angioplastia para desobstrução ou dilatação da veia.

Outra opção é um procedimento, que cria uma rota alternativa para o fluxo sanguíneo, desviando-o do fígado, para reduzir a pressão na veia porta. 

Já na forma fulminante da doença e na presença de cirrose, o tratamento indicado é o transplante de fígado.

Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis

A síndrome de Fitz-Hugh-Curtis, ou peri-hepatite gonocócica, é uma infecção causada por bactérias que estavam infectando as trompas de falópio, até que conseguiram atingir o fígado e os tecidos ao redor. Essas bactérias causam abscessos na superfície do fígado. 

A mulher com essa síndrome sente bastante dor no fígado, podendo ser acompanhada de corrimento vaginal purulento e dor pélvica. 

O que fazer

O tratamento é feito com antibióticos e, em casos de inflamação generalizada, é necessária uma cirurgia.

Hepatite autoimune

A hepatite autoimune, como o nome sugere, é uma doença autoimune, na qual as células do sistema imunológico atacam as células do fígado, causando inflamação. 

É comum que os portadores de hepatite autoimune apresentem também outras doenças autoimunes. A condição tem um forte fator genético envolvido e atinge, preferencialmente, mulheres entre 15 e 40 anos. 

Essa é uma doença crônica, que precisa ser tratada, porque a sua evolução pode resultar em cirrose e insuficiência hepática. 

Algumas pessoas são assintomáticas, outras apresentam fadiga, dor no fígado, icterícia e coceira na pele. 

O que fazer

A hepatite autoimune não tem cura, o seu tratamento deve ser orientado por um especialista experiente e costuma envolver o uso de medicamentos imunossupressores para diminuir a atividade do sistema imune.

Esses remédios reduzem a intensidade dos ataques ao fígado e diminuem os sintomas. Entretanto, essas medicações também fazem com que o organismo fique mais vulnerável a infecções.

Assim, o paciente precisa ser acompanhado constantemente pelo médico para que o tratamento seja ajustado conforme a necessidade do caso.

Câncer de fígado

Câncer de fígado
O tabagismo é um grande fator de risco para o câncer de fígado

O câncer de fígado pode ser primário, quando começa nas células do próprio órgão, ou secundário, como resultado de metástase de um outro tumor, geralmente do intestino grosso ou do reto. 

O tabagismo é um forte fator de risco para a doença, que tem três tipos principais: hepatocarcinoma, colangiocarcinoma e angiossarcoma.

Os sintomas mais comuns incluem dor no fígado, distensão abdominal com massa, perda de peso não intencional, icterícia e ascite, que é o acúmulo de líquido na cavidade abdominal. 

O que fazer

Uma opção de tratamento para o câncer de fígado é a cirurgia para a remoção do tumor. Conforme o estágio do câncer e outros fatores, as alternativas também podem incluir embolização, radioterapia, terapia-alvo, imunoterapia e quimioterapia.

Além disso, em alguns casos, mais do que um tratamento ou uma combinação deles podem ser escolhidos pela equipe médica.

Lesão hepática

A lesão hepática pode ocorrer por impacto, por exemplo, em um acidente de carro, ou por objetos perfurantes. 

Em uma lesão hepática, a pessoa sente o fígado sensível e dolorido, com uma dor que irradia para o ombro. 

O que fazer

Algumas lesões se curam naturalmente, enquanto outras necessitam de cirurgia para que sejam reparadas.

Cálculo biliar (pedra na vesícula)

A vesícula biliar é um pequeno órgão que fica logo abaixo do fígado e sua função é armazenar a bile produzida no fígado. Quando há formação de pedras na vesícula, a passagem da bile até o intestino fica obstruída, causando inflamação no local. 

A pessoa pode sentir uma dor na região do fígado, que irradia para o peito ou costelas. Essa dor se manifesta em torno de meia hora após a refeição, atinge um pico e, depois, alivia. Ela pode ser acompanhada de febre e náuseas. 

O que fazer

O tratamento tanto para os pacientes com sintomas quanto para os que não apresentam sintomas é feito por meio de uma cirurgia para remoção da pedra, chamada colecistectomia, conduzida por videolaparoscopia, sob anestesia geral. 

Cirrose hepática

Na cirrose hepática, o tecido normal do fígado é substituído por um tecido fibroso não funcional. Esse tecido fibroso é uma espécie de cicatriz que se forma quando o fígado sofre danos contínuos e prolongados de processos inflamatórios. 

O fluxo sanguíneo através do órgão é bloqueado e, por isso, ele não consegue exercer suas funções adequadamente. 

Muitas doenças que inflamam o fígado podem causar a cirrose hepática, principalmente a hepatite C e a hepatite alcoólica. 

Os sintomas mais comuns da cirrose hepática são dor no fígado, fadiga, perda de apetite e de peso, náuseas e hematomas na pele. 

A cirrose hepática é um importante fator de risco para o desenvolvimento de câncer no fígado. 

O que fazer

A cirrose hepática não tem cura, por isso os tratamentos são direcionados ao controle dos sintomas, das complicações e das causas subjacentes. 

São necessárias alterações na dieta, com redução de sal e de bebidas alcoólicas. Além disso, o médico pode indicar remédios para aliviar os sintomas. Em estágios mais avançados da doença, pode ser necessário um transplante de fígado. 

Primeiros passos

Ao perceber a dor no fígado ao lado de outros sintomas associados às doenças mencionadas acima, a primeira coisa a se fazer é buscar ajuda médica. 

Você pode marcar uma consulta com o clínico geral para fazer as primeiras avaliações e exames, além de saber se precisa ser encaminhado para um especialista, como um hepatologista.

Já se for um caso de urgência, com sintomas graves que te fazem passar mal, o mais indicado é procurar rapidamente o pronto-socorro.

Fontes e referências adicionais

Você já sentiu dor no fígado? Fez algum tratamento? Quais dessas causas você já conhecia? Comente abaixo.

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Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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