Nódulo no fígado é um problema que se tornou mais comum com o acesso aos exames de imagens, que levaram muitas pessoas a descobrirem acidentalmente que tinham essa massa no fígado. A boa notícia é que, na grande maioria dos casos, o nódulo no fígado não provoca nenhum sintoma e nem se trata de um câncer.
Há casos, porém, que o nódulo no fígado pode ser metástase de um outro tumor ou ser um tumor que se desenvolveu no próprio fígado.
Para saber se o nódulo no fígado é benigno ou maligno, deve-se procurar um médico ou médica especialista em fígado, para essa investigação.
Veja como é feito o diagnóstico de nódulo no fígado, o que pode ser e também os sinais que indicam quando pode ser um câncer.
Nódulo no fígado: quando pode ser um câncer
O diagnóstico de nódulo no fígado é feito com base na história clínica da pessoa, que são os sinais e sintomas que ela apresenta. Neste sentido, o médico ou médica busca saber se a pessoa já tem alguma doença no fígado ou não.
A partir disso, são feitos exames de imagem, como tomografia e ressonância magnética, e exames laboratoriais.
Com os exames de imagem, é possível concluir ou chegar próximo à conclusão sobre a malignidade do nódulo, ou seja, se é ou não um câncer.
Os tumores malignos costumam ter uma circulação arterial abundante, enquanto os nódulos benignos não são tão vascularizados. No exame de ressonância magnética, pode ser utilizado um contraste específico para o fígado, o ácido gadoxético ou Primovist®, para auxiliar nessa diferenciação.
Se o nódulo for suspeito, se faz uma biópsia para confirmação do diagnóstico.
Normalmente, quando a pessoa não tem nenhum histórico de problema no fígado, o nódulo no fígado é benigno, devendo ser apenas observado ao longo do tempo, para verificar se ele cresce ou apresenta outras mudanças em suas características.
Quando a pessoa já tem uma doença no fígado, por exemplo a cirrose, as chances do nódulo no fígado ser um câncer são maiores.
O que pode ser o nódulo no fígado
As causas mais comuns de nódulos no fígado são:
Cisto simples
Os cistos hepáticos simples são pequenas bolhas cheias de líquido, que surgem no fígado e não interferem no sistema de produção da bile.
São lesões benignas, ou seja, não apresentam o risco de evoluírem para um câncer. O diagnóstico é quase sempre acidental, feito em exames de rotina, como uma ecografia. Geralmente, não causam nenhum tipo de sintoma.
Os sintomas e as complicações podem surgir por cistos maiores do que 4 cm, que podem sangrar, romper ou comprimir as estruturas vizinhas, mas são extremamente raros. Nesses casos, se faz uma cirurgia para a retirada do nódulo no fígado.
Na maioria dos casos, nenhum tratamento é necessário, apenas monitoramento com ecografia a cada 4-5 meses e, depois, a cada 6-12 meses. Se não houver nenhuma modificação em 2 ou 3 anos, não é necessário continuar monitorando o cisto.
Hemangioma
Um hemangioma é um tumor benigno constituído por uma aglomeração desorganizada de vasos sanguíneos e não requer nenhum tratamento, apenas observação.
Também são diagnosticados em exames de imagens realizados para outros fins, pois não provocam sintomas que levem a pessoa a procurar ajuda médica.
Os sintomas podem surgir quando os hemangiomas são muito grandes, maiores do que 4 cm, mas ainda assim são raros. A pessoa pode sentir um desconforto e distensão abdominal.
Hiperplasia nodular focal
A hiperplasia nodular focal é o segundo tipo mais comum de nódulo benigno no fígado, depois do hemangioma. Esse nódulo é tem a estrutura semelhante ao tecido do fígado normal, porém desorganizado, como se fosse uma cicatriz.
Geralmente, aparece como um nódulo solitário com menos de 5 cm, não causa sintomas e é descoberto acidentalmente em exames de imagem.
Este tipo de nódulo também não precisa de tratamento e nem de cirurgia, apenas observação.
Adenoma hepático
O adenoma hepático também é um tumor benigno do fígado, que tem origem nas células do próprio fígado, os hepatócitos.
Este tipo de nódulo, apesar de benigno, tem chances de sangramento, de ruptura e pode evoluir para um câncer.
O adenoma hepático afeta especialmente as mulheres, entre 30 e 50 anos de idade, e alguns estudos sugerem uma associação com o uso de pílulas anticoncepcionais.
O uso de esteroides androgênicos, formados a partir da testosterona e seus derivados, diabetes e esteatose hepática (gordura no fígado) também têm sido sugeridos como fatores de risco para o adenoma hepático.
Na maior parte dos casos, esse nódulo no fígado não causa sintomas e são descobertos por acaso em exames de rotina. Mas, se o nódulo aumentar e atingir um diâmetro maior do que 5 cm, pode causar dor intensa na região superior lateral direita do abdômen, e sangrar.
Nódulos menores do que 5 cm não requerem tratamento, apenas observação. Se a mulher fizer uso de hormônios estrogênicos, é necessário suspender a medicação.
O tratamento para nódulos maiores do que 5 cm é cirúrgico e consiste na ressecção do nódulo, por via aberta ou laparoscópica, que é menos invasiva.
O transplante de fígado só é indicado quando a pessoa apresenta muitos nódulos impossíveis de serem removidos com cirurgia.
Hepatocarcinoma
O hepatocarcinoma ou carcinoma hepatocelular é um câncer primário do fígado, o que significa que tem origem nas próprias células do órgão.
A cirrose, doença grave no fígado associada ao consumo excessivo de álcool, é um importante fator de risco para o hepatocarcinoma. Cerca de 50% das pessoas que desenvolvem o câncer, são portadoras de cirrose hepática.
A hepatite crônica também é um fator de risco para o câncer, sendo desencadeada pelos vírus da hepatite B ou C.
Os sintomas mais comuns do hepatocarcinoma são dor, massa e distensão abdominal, perda de peso não intencional, perda do apetite, mal-estar generalizado, icterícia (pele e mucosas amareladas) e ascite, que é o acúmulo de líquido no abdômen.
Esse tipo de câncer é bastante agressivo e evolui rapidamente em um curto espaço de tempo. O tratamento é cirúrgico, com a remoção do tumor por videolaparoscopia, ou transplante de fígado.
Câncer metastático do fígado
O câncer metastático do fígado consiste em um tumor que se originou em outro local do corpo e se espalhou, atingindo o fígado.
Geralmente, o câncer metastático do fígado se origina do pulmão, da mama, do intestino grosso, do pâncreas ou do estômago.
Isso acontece porque o fígado participa do sistema de filtragem do sangue e, por isso, pode ter contato com células tumorais que se desprenderam de seus tumores de origem e atingiram a corrente sanguínea.
O tratamento depende do local de origem do tumor, sendo diferente em cada caso. Há muitas possibilidades de diagnóstico e, portanto, de tratamento, sendo imprescindível o diagnóstico preciso e o acompanhamento do nódulo por um cirurgião do aparelho digestivo ou um hepatologista.
Fontes e referências adicionais
- Hiperplasia nodular focal do fígado: apresentação de um caso e revisão da literatura, Radiologia Brasileira, 2007 Ago; 40(4): 283-285.
- Influência dos hábitos de vida no desenvolvimento do câncer, Ciência e Cultura, 2014; 66(1): 21-24.
- Consumo de bebidas alcoólicas e risco de câncer, Revista USP, 2013; 96: 37-46.
- Câncer de fígado, Instituto Nacional de Câncer (INCA)
Fontes e referências adicionais
- Hiperplasia nodular focal do fígado: apresentação de um caso e revisão da literatura, Radiologia Brasileira, 2007 Ago; 40(4): 283-285.
- Influência dos hábitos de vida no desenvolvimento do câncer, Ciência e Cultura, 2014; 66(1): 21-24.
- Consumo de bebidas alcoólicas e risco de câncer, Revista USP, 2013; 96: 37-46.
- Câncer de fígado, Instituto Nacional de Câncer (INCA)