Eles pediram dieta e treino para o ChatGPT, mas especialistas veem riscos

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Você já ouviu falar de alguém que usou a inteligência artificial gratuita como uma solução rápida e econômica para a elaboração de treinos de academia e dietas? É importante saber que especialistas alertam para os potenciais efeitos negativos dessa alternativa. 

Embora seja conveniente e acessível, o uso de ferramentas do tipo apresenta limitações em relação à individualidade e ao acompanhamento profissional necessário para obter resultados efetivos e evitar danos à saúde. Veja o homem e a mulher “perfeitos” segundo a inteligência artificial

Treinos elaborados pela inteligência artificial

A falta de dinheiro para contratar um personal trainer e a pouca disponibilidade dos professores na academia pode levar algumas pessoas a recorrer à inteligência artificial para a criação de treinos. 

A estudante de relações públicas Gabriela Santander, de 23 anos, recorreu ao ChatGPT, uma ferramenta de inteligência artificial gratuita, em busca de um plano de treinamento de uma semana. 

Gabriela Santander INSTAGRAM
Imagem: Reprodução Instagram/ @gabrielastdr

Gabriela compartilhou um vídeo no TikTok, em que mostrou a ficha de treino gerada pela inteligência artificial, alcançando mais de 3 milhões de visualizações na rede social.

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A estudante especificou quais grupos musculares queria treinar em cada dia da semana. Ela solicitou uma ficha de treino com a duração de sete dias.

Gabriela utilizou a ferramenta como uma fonte de inspiração para diversificar os seus treinos. Desde 2021, ela se dedica à malhação com o objetivo de emagrecer, fortalecer os seus músculos e cuidar da saúde mental. 

No início, ela seguia a ficha de treino fornecida pela academia. Mas no final de 2022, decidiu fazer consultoria online com um profissional da área para ter um treino mais personalizado. Entretanto, devido a questões financeiras, Gabriela teve que interromper as consultas com o profissional. 

Gabriela teve a ideia de pedir ajuda à inteligência artificial após aprender a usar o ChatGPT para analisar dados durante uma aula na faculdade. A jovem justificou que precisava trocar o treino, porém não tinha mais personal e na academia onde treina, os professores não conseguem dar atenção para todos os alunos, pois há muita gente.

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Limitações dos treinos indicados pela inteligência artificial

A diferença entre um cronograma de treino indicado por um profissional e um planejamento genérico fornecido pela inteligência artificial é a individualidade, explicou ao VivaBem UOL professor de educação física e coordenador do Laboratório de Ciências Aplicadas ao Esporte da UFAL (Universidade Federal de Alagoas), Gustavo Araujo.

Profissionais conseguem ajustar todas as variáveis de treino de acordo com as características de cada pessoa, visando obter os melhores benefícios sem prejudicar a saúde. 

Já a inteligência artificial pode não levar em consideração esses aspectos, gerando assim riscos de lesões, overtraining (treinamento excessivo) ou treinos de baixa eficácia.

Outro problema dos treinos sugeridos pela inteligência artificial é a falta de periodização adequada. Para alcançar objetivos específicos, como a definição muscular, é necessário um planejamento semanal e mensal que leve em conta ganho de massa muscular, perda de gordura corporal, variações de carga e repetições dos exercícios ao longo do tempo. 

A sequência de semanas de treino deve ser programada levando em consideração a individualidade biológica e evolução de cada pessoa.   

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Uso da inteligência artificial na elaboração de dietas

Além dos treinos, a inteligência artificial também está sendo utilizada para montar planos alimentares. O arquiteto Acir Neves, de 27 anos, decidiu adotar uma alimentação saudável mais ou menos no mesmo período em que o ChatGPT foi lançado no Brasil. 

Acir Neves
Imagem: Arquivo pessoal

Ele optou por recorrer à inteligência artificial para criar um plano alimentar personalizado, deixando de consultar um nutricionista.

O arquiteto solicitou ao ChatGPT que assumisse o papel de nutricionista e o questionasse com o objetivo de elaborar um plano alimentar. A inteligência artificial fez diversas perguntas a Acir, abordando assuntos como a quantidade de refeições diárias desejadas, seus objetivos com a alimentação e a ingestão diária de calorias pretendida.

O objetivo de Acir era perder peso e medidas, mantendo cinco refeições diárias e um consumo médio de cerca de 1.600 calorias diárias. Com base nas respostas fornecidas, o ChatGPT processou as informações e criou um plano alimentar para Acir.

No entanto, é importante ressaltar que uma dieta baseada apenas nas metas que o próprio paciente relata, como acontece quando alguém usa o ChatGPT para pedir dieta, é considerada fraca como parâmetro de entrada para a elaboração de um programa personalizado, ressaltou a nutricionista Serena del Favero ao VivaBem UOL.

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A ingestão calórica, por exemplo, deve ser proposta pelo nutricionista (e não pelo paciente), levando em consideração vários fatores, por meio do cálculo da taxa metabólica basal, somando-se à atividade física diária, à fome física e emocional, completou a nutricionista.

A falta de acompanhamento profissional ao utilizar a inteligência artificial como nutricionista pode comprometer a manutenção do peso e os resultados desejados.

Benefícios do acompanhamento profissional

Consultar um professor de educação física e um nutricionista antes de reproduzir treinos e dietas elaborados por ferramentas de inteligência artificial é fundamental. 

Esses profissionais consideram aspectos físicos, fisiológicos, culturais e psicológicos, levando em conta a individualidade de cada pessoa. 

Além disso, eles fornecem um acompanhamento constante ao longo do processo, ajustando os planos de acordo com a evolução e necessidades individuais. Sem contar que a orientação profissional é essencial para prevenir lesões e problemas de saúde ao longo do processo de treino de dieta.

Dicas para tornar a orientação profissional acessível

Para tornar o acesso à orientação profissional mais acessível, é possível considerar algumas estratégias.

Uma delas é dividir os custos com um professor de educação física ou nutricionista. Realizar uma enquete na sua vizinhança ou condomínio pode ajudar a identificar outras pessoas interessadas em compartilhar as despesas, tornando o serviço mais acessível para todos.

Outra opção é buscar uma frequência de orientação que atenda às suas necessidades e possibilidades financeiras. 

Nem sempre é necessário ter um acompanhamento diário. Profissionais podem acompanhar os treinos a cada 15 dias ou uma vez por mês, por exemplo, o que tende a reduzir os custos sem comprometer a qualidade da orientação.

No caso da alimentação, após a consulta com um nutricionista, a inteligência artificial pode ser utilizada como uma ferramenta complementar, apenas para pedir receitas a partir dos ingredientes indicados pelo nutricionista na dieta. Isso pode ajudar a diversificar as opções e facilitar o processo de alimentação saudável.

É importante ressaltar que tanto o professor quanto os alunos devem dialogar sobre o uso da inteligência artificial. Embora ela possa trazer benefícios e sugestões alternativas, não deve ser a única fonte de orientação. As informações são do VivaBem UOL.

Você já sabia que a inteligência artificial era capaz de gerar sugestões de dietas e treinos? Quais riscos dessa prática chamaram mais a sua atenção? Você já utilizou essa função do ChatGPT? Comente abaixo!

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