Nos Estados Unidos, ganha destaque o relato de uma mãe que, após uma longa busca por respostas, conseguiu finalmente diagnosticar a rara doença congênita de seu filho com a ajuda do ChatGPT e de um grupo no Facebook.
A jornada de Courtney em busca de um diagnóstico para as dores de seu filho começou quando ele tinha apenas 4 anos. Nesse período, a criança fazia uso diário de ibuprofeno, um medicamento sem prescrição médica, indicado como anti-inflamatório e analgésico.
Com o passar dos anos, o menino passou a enfrentar dores de cabeça, fadiga persistente, alterações de comportamento, acessos de raiva e problemas no crescimento.
Após consultas com diversos especialistas, Alex recebeu diagnósticos variados, incluindo bruxismo e Malformação de Arnold-Chiari, sendo que um pediatra chegou a relacionar os sintomas com os impactos psicossociais da pandemia de COVID-19.
A busca incessante por respostas levou Courtney a recorrer ao ChatGPT, um chatbot alimentado por inteligência artificial generativa. Detalhando o histórico e os sintomas de seu filho, ela recebeu uma sugestão de diagnóstico: a síndrome da medula presa, também conhecida como síndrome da medula ancorada.
Esta condição neurológica rara ocorre quando a medula espinhal fica presa aos tecidos ao redor da coluna vertebral, impedindo seu movimento conforme a coluna cresce. A intensificação dos sintomas com o crescimento explicava a progressão da doença.
Vale destacar que a síndrome da medula presa é frequentemente associada à espinha bífida, um defeito de nascimento na coluna vertebral em que a coluna não se fecha completamente, resultando em dores intensas, embora a gravidade varie.
Após o suposto diagnóstico do ChatGPT, Courtney buscou informações adicionais na internet e encontrou um grupo no Facebook composto por famílias enfrentando desafios semelhantes. Nesse grupo, ela descobriu que a maioria das crianças com essa condição enfrentava dificuldades para obter diagnósticos imediatos.
Com informações adicionais, a mãe levou seu filho a um neurocirurgião não consultado anteriormente. Após analisar os exames de ressonância magnética, o médico confirmou o diagnóstico da síndrome da medula ancorada, especialmente porque o caso de Alex era atípico, conhecido como espinha bífida oculta, onde a medula espinhal estava deslocada de forma sutil, sem apresentar as características óbvias da condição.
Apesar dessa história inspiradora, é importante observar que a IA generativa, como o ChatGPT, não pode substituir os médicos. Ela pode fornecer insights valiosos, mas essas informações devem sempre ser confirmadas clinicamente.
Atualmente, a IA generativa está sendo testada em vários projetos na medicina, incluindo no Brasil, onde uma startup está desenvolvendo um chatbot para auxiliar médicos na redução da prescrição excessiva de antibióticos. No entanto, estudos recentes destacaram que, ao recomendar tratamentos contra o câncer, a IA ainda pode cometer erros e até induzir alucinações, o que representa um risco na área médica.
Jesse M. Ehrenfeld, presidente da Associação Médica Americana (AMA), destaca que, embora haja potencial para o uso da IA na medicina, é fundamental aprimorar essa tecnologia antes de sua adoção generalizada nos consultórios médicos. Ele enfatiza a importância de se obter evidências clínicas sobre a segurança e eficácia das aplicações de IA na saúde, como os chatbots, seguindo padrões rigorosos, assim como se faz com medicamentos e produtos biológicos, a fim de garantir a segurança dos pacientes.