As pessoas que acompanham o fisiculturismo sabem que a rotina dos atletas é sempre bastante regrada, com uma alimentação balanceada e com bastante fontes de carboidratos e proteínas, geralmente de origem animal.
No entanto, para Guilherme Abomai, a situação é diferente. O rapaz segue uma dieta vegana e encontra desafios para se destacar.
Ele ainda busca seu cartão profissional do esporte e mudou a alimentação devido a problemas estomacais. Ele virou vegano há cerca de dois anos e meio. Portanto, ele não ingere produtos de origem animal como carnes (de frango, bovina ou de peixe), ovos, leite, manteiga e por aí vai…
O atleta foi o terceiro colocado no Arnold Classic, realizado no Brasil no início de abril. “Ser fisiculturista vegano é nadar contra a maré. Eu tive que repensar toda a minha dieta, para ter uma dieta vegetal que suprisse a necessidade de um fisiculturista”, analisou ele, ao site ge.
É possível e é muito fácil. Além disso, traz muito mais vantagens. Então, você tem melhoras na sua performance, na sua estética, na sua pele. Você também consegue uma cintura mais amarrada, que é uma coisa que o fisiculturista se preocupa bastante”, completou.
Mesmo muito bem definido em sua escolha, Abomai admite que ainda sofre preconceito por não querer ingerir uma dieta carnívora. “Existe um sentimento coletivo que leva a acreditar que uma proteína vegetal é inferior. Isso não é verdade. É uma bobagem. Existem estudos recentes que rebatem todos os tipos de argumentos. Não falta proteína”, garantiu.
Durante seu treinamento para o campeonato, ele recebeu uma dieta bastante rica em tofu, fonte de proteínas. O atleta ingeria também muitas frutas, como caqui, maçã e banana, além de fazer uso de aveia nas misturas.
“(…) Uso proteína vegetal em pó, que vem do arroz, da ervilha, da soja. Uso um alimento novo, que é a carne vale, feita de feijão carioca e soja. É rico em proteína, tem baixo carboidrato. Além do arroz, das batatas, das folhas, feijão, lentilha, jiló”, detalhou.
O atleta celebrou os benefícios que a dieta vegana trouxe para sua vida: “Eu também passei anos achando que estava seguindo uma dieta saudável comendo ovos, frango e arroz”.
“Até que em um ponto da minha carreira eu tive uma distensão abdominal muito grande, tive refluxo e tomei remédio para o estômago por dez anos. E foi por meio da dieta vegetal que me curei”, enalteceu.
Alessandra Luglio, uma das responsáveis pela dieta de Abomai, explicou parte desses benefícios: “(…) Um vegetariano ou vegano tem uma digestão mais facilitada, isso faz com que reduza a letargia. Aí você está pronto para a vida muito mais rápido. Esse mito de achar que o vegetariano vai ficar mais fraco é porque aprendemos que os alimentos de origem animal são mais importantes”.
O número de refeições não varia entre um fisiculturista com dieta vegana e onívora. “(…) Normalmente, consumindo uma quantidade de feijões, por exemplo, o volume do prato fica enorme, mas existem estratégias para facilitar”, disse Felipe Testoni, outro profissional envolvido na dieta de Abomai.
“Fazer batidas no liquidificador, usar as castanhas, sementes, as pastas de amendoim, óleos vegetais. Ele usa sucos concentrados de frutas, como de uva. Isso faz com que ele dê conta do volume de comida”, acrescentou.