Fotofobia (Sensibilidade à Luz) – O Que é, Causas, Tratamento e Sintomas

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Pessoas que são sensíveis à luz e apresentam alguns sintomas como dor de cabeça e dor nos olhos quando expostas a ambientes muito claros ou iluminados podem ter fotofobia.

Ao contrário do que alguns pensam, a fotofobia não é uma doença, mas sim um sintoma de outros problemas de saúde como uma infecção ou inflamação capaz de irritar os olhos. Além de explicar o que é a fotofobia, serão mostradas abaixo as causas e os tratamentos disponíveis para aliviar esse sintoma.

Fotofobia – O que é?

A fotofobia é uma palavra usada para descrever a sensibilidade à luz que algumas pessoas apresentam. O sentido literal da palavra fotofobia é “medo da luz”, já que “fobia” remete a medo de alguma coisa, enquanto “foto” tem a ver com a luz. No entanto, não é exatamente isso que ela significa. Ser fotofóbico não é ter medo da claridade, mas sim ter uma sensibilidade muito grande à luz que pode causar desconforto, dor e outros sintomas.

Essa condição pode ser crônica ou temporária e pode causar efeitos diferentes em cada pessoa afetada por essa forte sensibilidade à luz.

Não é apenas a luz do sol que incomoda as pessoas com fotofobia. Outras fontes de luz como luzes fluorescentes ou incandescentes também podem causar desconforto. Geralmente, as luzes mais fortes e brilhantes são as que mais incomodam, mas algumas pessoas podem se sentir extremamente desconfortáveis em luzes mais fracas.

Como a fotofobia acontece?

A luz é importante para que possamos ver o que está ao nosso redor, principalmente quando está escuro, já que nossos olhos não são adaptados para enxergar em locais não iluminados.

Para enxergarmos, a luz deve ser refletida pelos objetos e capturada pelo olho. A luz que entra na retina passa por diversos processos até chegar no cérebro, local em que a imagem que vemos é formada.

A fotofobia pode ocorrer em qualquer idade e pode até surgir conforme envelhecemos. Existem momentos em que a quantidade ou a qualidade da luz pode afetar nossa capacidade de ver. Imagine que você está dirigindo no trânsito à noite e passa um carro com o farol alto ligado na direção oposta a você. É uma situação bem desconfortável, não é mesmo?

Momentaneamente nossa visão é ofuscada e não enxergamos bem por causa da luz muito forte. É mais ou menos isso que acontece com um fotofóbico: o brilho da luz afeta a capacidade de ver de forma clara.

Outro tipo de problema ocorre quando envelhecemos e problemas oculares surgem. Por exemplo, quando uma pessoa tem catarata, a lente do olho fica menos clara do que o normal, permitindo que a luz passe de forma brusca. Isso faz com que a luz se espalhe e seja mais difícil enxergar quando a luz do local está muito intensa. Isso acontece porque a estrutura normal do nosso olho é clara, o que faz com que a luz passe suavemente pela retina.

Ainda não há uma explicação contundente sobre como a fotofobia acontece, mas acredita-se que o problema tem a ver com as células ganglionares da retina intrinsecamente fotossensíveis que contêm melanopsina em sua composição. Tais células detectam a luz e estabelecem uma sensação de brilho e podem tornar o olho fotossensível, inclusive causando dor.

Qual tipo de luz causa fotofobia?

A luz proveniente do sol, de lâmpadas fluorescentes ou de telas de computadores e dispositivos móveis podem piorar os sintomas de quem tem fotofobia.

De acordo com estudos, as luzes fluorescentes duplicam a incidência de sintomas como dores de cabeça e ataques de enxaqueca em pessoas que trabalham em escritórios. Já uma exposição de apenas 5 a 10 minutos ao sol pode causar muita dor em pessoas com sensibilidade à luz. Além disso, pacientes diagnosticados com síndrome pós-concussão relataram problemas ao olhar para luzes de LED e telas LCD de computadores ou de celulares.

Segundo observações, as luzes artificiais de dispositivos móveis, computadores e televisores são os principais gatilhos para que uma pessoa desenvolva fotofobia. No entanto, para uma pessoa que já é sensível à luz, qualquer fonte de luz pode agravar o problema.

Assim, pessoas fotofóbicas têm uma menor tolerância a qualquer tipo de luz. Além disso, o contraste visual elevado, como em casos de luzes intermitentes ou tremeluzentes, dificulta a visão e os padrões listrados parecem causar mais enxaqueca e problemas em pessoas que sofrem de epilepsia fotossensível. Já as luzes fluorescentes parecem ser a principal causa de dores de cabeça, crises de enxaqueca, fadiga ocular e convulsões.

A cor e o seu comprimento de onda também parecem influenciar a visão. A luz azul, que é aquela usada em telas de dispositivos eletrônicos, lâmpadas fluorescentes e outras luzes artificiais, parece ser a mais prejudicial para quem tem fotofobia, pois aumenta o risco de crises de enxaqueca e dores de cabeça fortes.

Sintomas

Embora não seja uma doença, existem outros sinais que acontecem ao mesmo tempo e geralmente ajudam a identificar a fotofobia. São eles:

  • Dor de cabeça ou enxaqueca;
  • Olhos secos ou marejados;
  • Dor nos olhos quando exposto à luz solar ou a ambientes iluminados;
  • Inchaço dentro do olho;
  • Fadiga ocular;
  • Estrabismo;
  • Sensibilidade alta as luzes fluorescentes;
  • Vertigem ou tontura;
  • Piscar de mais;
  • Inflamações.

Estudos mais recentes também indicam que a exposição à luz em pessoas já sensíveis pode causar sintomas adicionais, que incluem:

  • Falta de ar;
  • Náusea;
  • Aperto no peito;
  • Tontura.

Como se não bastasse todo o desconforto e dor causado pela sensibilidade à luz, existem evidências de que pessoas com fotofobia têm maior risco de sofrer com emoções negativas como medo, raiva, ansiedade e depressão. Alguns sintomas emocionais que podem ser observados são:

  • Mudanças de humor;
  • Irritabilidade;
  • Sensação de desespero;
  • Sintomas depressivos;
  • Comportamentos agressivos.

Fatores de risco

Qualquer pessoa que já tenha os olhos sensíveis por algum motivo pode ser mais facilmente afetada pela fotofobia. Alguns desses fatores são:

– Cor dos olhos

Pessoas com olhos mais claros correm um maior risco de sofrerem de fotofobia, já que a menor quantidade de pigmentos causa um espalhamento não tão eficiente dos feixes de luz, deixando os olhos mais sensíveis à luz.

– Deficiência visual

Pessoas com problemas graves de visão e até mesmo os cegos podem sofrer algum tipo de fotofobia.

Além disso, pessoas que apresentam fotofobia têm uma chance maior de ter conjuntivite, irite (inflamação na íris), albinismo (condição em que a pessoa apresenta pouca pigmentação) e deficiência total de cor, condição em que são vistos apenas alguns tons de cinza.

Por fim, existem também as pessoas que já nascem com esse problema e apresentam sensibilidade à luz desde bebês.

Causas

A fotofobia não é considerada uma doença, mas sim um sintoma de outros problemas de saúde como infecções ou inflamações que afetam os olhos. A melhor forma de lidar com a fotofobia é consultando um oftalmologista periodicamente e tratando as causas.

Na verdade, a fotofobia é um problema neurológico que envolve o sistema de comunicação entre o olho e o cérebro e não apenas o olho. A parte do olho que envia o sinal de sensibilidade à luz ao cérebro é diferente da parte que transmite a visão e é por isso que algumas pessoas, mesmo sendo cegas, podem sofrer de fotofobia.

Condições que afetam o cérebro e que podem causar fotofobia como um dos sintomas incluem:

1. Encefalite

A encefalite manifesta-se quando o cérebro está inflamado devido a uma infecção que pode ser viral ou bacteriana. Se não tratada rapidamente, a doença pode ser fatal.

2. Meningite

A meningite é uma infecção causada por bactérias que inflama as membranas que envolvem a medula espinhal e o cérebro. Essa doença também pode causar complicações graves como perda da audição, danos cerebrais, convulsões e até a morte.

3. Hemorragia subaracnoide

A hemorragia subaracnoide acontece quando há um sangramento entre o cérebro e as camadas de tecido ao redor. Essa hemorragia pode causar danos cerebrais, derrame cerebral ou a morte.

Lesões cerebrais graves, tumores na glândula pituitária e paralisia supranuclear também podem causar fotofobia.

A fotofobia também é muito comum de ser observada devido a condições de saúde que afetam a saúde dos olhos, como:

3. Abrasão da córnea

A abrasão da córnea ou abrasão corneana é uma lesão na córnea, camada mais externa do olho. Esse tipo de lesão ocorre quando partículas pequenas como sujeira, areia ou outras substâncias entram nos olhos e você não é capaz de remover. Esse acúmulo de partículas intrusas pode causar um problema muito sério que é a úlcera de córnea.

4. Esclerite

A esclerite é caracterizada pela inflamação da parte branca do olho. Esse problema afeta principalmente pessoas na faixa etária entre 30 e 50 anos, especialmente as mulheres. Na maioria dos casos, a esclerite é causada por doenças autoimunes pré-existentes e também causa sintomas como dor nos olhos, fotofobia, olhos lacrimejantes e visão turva.

5. Conjuntivite

A conjuntivite ocorre quando a camada de tecido que cobre a parte branca do olho é infectada ou inflamada. Essa infecção é causada na maioria das vezes por vírus, mas também pode ser causada por bactérias ou alergias. Além da fotofobia, a conjuntivite pode resultar em coceira, dor nos olhos e vermelhidão.

6. Síndrome do olho seco

Essa doença é caracterizada por canais lacrimais que não conseguem produzir lágrimas suficientes para lubrificar os olhos ou que produzem lágrimas de baixa qualidade. Isso acaba deixando os olhos extremamente secos.

Outras condições de saúde como irite, cataratas, degeneração macular, ceratite, uveíte e blefaroespasmo também podem apresentar a fotofobia como um de seus sintomas.

Outras causas

7. Enxaqueca

A sensibilidade à luz é um sintoma comum de enxaqueca. Cerca de 80% das pessoas que sofrem de enxaqueca relatam sentir sensibilidade à luz. A enxaqueca pode ser causada por diversos fatores como mudanças hormonais, dieta, estresse e até mudanças de ambiente.

Quando essas dores de cabeça muito fortes nos atingem, sintomas como latejamento na cabeça, fotofobia, náusea e vômito são observados.

8. Problemas de saúde mental

Algumas pessoas que apresentam problemas de saúde mental como agorafobia, depressão, transtorno bipolar, ansiedade e síndrome do pânico também podem apresentar fotofobia.

9. Pós-operatório

Há relatos de que algumas cirurgias para corrigir problemas de visão também podem deixar o paciente mais sensível à luz do que antes.

10. Medicamentos

Alguns tipos de remédios apresentam a fotofobia como um de seus efeitos colaterais. Alguns deles incluem antibióticos como a doxiciclina e a tetraciclina, a furosemida que é usada no tratamento de insuficiência cardíaca, doença renal ou doença hepática, anti-histamínicos, contraceptivos orais que contêm estrogênio, anti-inflamatórios não esteroides, sulfonamidas, antidepressivos tricíclicos e a quinina, que é usada para tratar a malária.

11. Danos externos

A fotofobia também pode ser causada por problemas como ter a retina desprendida, por usar lentes de contato inadequadas ou durante muito tempo ou por sofrer queimaduras solares.

Tratamento

Depois de feito o diagnóstico por um oftalmologista, que deve incluir alguns exames oftalmológicos e em alguns casos uma ressonância magnética, o tratamento deve ser iniciado.

O mais eficaz é descobrir a causa da fotofobia para tratar a condição. Se a causa for devido ao uso de certos medicamentos, é indicado trocar o remédio por outro similar que não tenha esse efeito colateral. Se a causa for a enxaqueca, é necessário tratar a enxaqueca para que a fotofobia seja eliminada e assim por diante.

Alguns dos tratamentos disponíveis de acordo com a causa incluem:

  • Medicamentos para enxaqueca;
  • Antibióticos ou antivirais para conjuntivite;
  • Colírios para tratar doenças oculares como a esclerite;
  • Lagrimas artificiais para tratar a síndrome do olho seco;
  • Antibióticos para tratar a meningite bacteriana;
  • Cirurgia para remover o excesso de sangue e aliviar a pressão no cérebro devido à hemorragia subaracnoide;
  • Colírios com antibióticos para tratamento de abrasões da córnea;
  • Remédios anti-inflamatórios e fluidos para casos de encefalite leve.

O ideal é consultar um oftalmologista para determinar o melhor tipo de tratamento para o seu caso dependendo do motivo da sensibilidade.

Nem todos os problemas que causam a sensibilidade à luz podem ser tratados com facilidade. Assim, se a causa não puder ser identificada ou o tratamento não surtir efeito, pode ser necessário usar óculos escuros especiais com lentes rosas chamadas FL-41 para proteger os olhos. Essas lentes são coloridas para reduzir a quantidade de luz que entra nos olhos, diminuindo a sensibilidade a ela. Embora sejam úteis para algumas pessoas, outras sentem ainda mais sensibilidade quando usam esse tipo especial de lente. Assim, é importante conversar com o oftalmologista para buscar outras alternativas.

Outras formas alternativas de tratamento incluem usar óculos de sol com abas largas e com proteção ultravioleta. Outras possibilidades incluem o uso de lentes fotocromáticas, que escurecem automaticamente com a claridade e bloqueiam todos os raios ultravioletas, o uso de óculos polarizados que oferecem proteção extra contra reflexos de luz causados pela água, areia e outras superfícies refletivas, ou o uso de lentes de contato protéticas, que são coloridas assim como os óculos FL-41 para reduzir a quantidade de luz que entra nos olhos.

Como viver bem com fotofobia

Ter fotofobia pode afetar a qualidade de vida de forma significativa se os devidos cuidados não forem tomados. Para conseguir lidar com a fotofobia, além de fazer o tratamento adequado quando possível, é necessário adotar algumas mudanças no estilo de vida para proteger os olhos da exposição excessiva à luz. Maneiras de fazer isso são:

  1. Proteger os olhos do sol ao ar livre com óculos adequados;
  2. Usar lentes de óculos de sol recomendadas por um oftalmologista;
  3. Ter sempre um colírio disponível para evitar que os olhos fiquem secos;
  4. Usar chapéus;
  5. Manter a casa limpa para evitar que partículas de poeira espalhem a luz e ofusquem a visão;
  6. Reduzir o tempo que fica exposto a telas artificiais como televisão, computadores e celulares e instalar aplicativos de filtro de tela para diminuir a intensidade da luz;
  7. Se trabalhar com computadores, além de aplicar filtros de luz, faça pausas regulares para diminuir os sintomas;
  8. Eliminar fontes de contraste nos ambientes como cortinas da janela semiabertas que podem dispersar a luz de modo que elas batam em seus olhos de forma inesperada;
  9. Evitar mobiliar sua casa com móveis e objetos brilhantes que refletem mais a luz;
  10. Substituir as lâmpadas fluorescentes por lâmpadas de LED.

Apesar de ser mais confortável ficar no escuro a maior parte do dia, é importante se expor de forma limitada e controlada à luz para aumentar a tolerância dos olhos. Ficar apenas em um quarto escuro, além de prejudicar a vida em sociedade e correr o risco de desenvolver transtornos de ansiedade e depressão, pode piorar ainda mais a fotofobia.

Fontes e Referências Adicionais:

Você conhece alguém que sofra de fotofobia? Já foi diagnosticado com essa condição? Relacionada a o que? Comente abaixo!

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1 comentário em “Fotofobia (Sensibilidade à Luz) – O Que é, Causas, Tratamento e Sintomas”

  1. Eu tenho há um ano um tipo de fotofobia muito peculiar. Apenas em AMBIENTES ESCUROS se tem um foco de luz, fica insuportável ver. De noite, para atravessar uma rua fica impossível, pois os faróis dos carros me cegam. O mesmo não ocorre de dia, com ambiente iluminado. pode ser a mesma rua, o mesmo farol do mesmo carro…. A noite se estou de passageira no carro e pegamos uma rodovia, por exemplo, tenho que abaixar a cabeça, pois a luz dos carros e eventualmente de uma placa ou poste causa um desconforto enorme, como se eu estivesse com as pupilas dilatadas. Fiz um exame oftalmológico de Sensibilidade ao Contraste que demosntrou que realmente chego a perder a visão ao olhar algo iluminado num lugar escuro. Mas nenhum médico sabe o porquê. Recentemente diagnosticaram Lúpus e esclerodermia, mas nao sabem se é esse o motivo.

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