A hipotermia é caracterizada pela diminuição da temperatura corporal para 35ºC ou menos. Esse quadro pode ocorrer em uma situação de frio extremo, sem a devida proteção, ou em acidentes em águas muito geladas, abaixo de 5ºC.
Mesmo no Brasil, onde a temperatura baixa não é extrema, regiões de maior altitude, especialmente no sul do país, podem oferecer condições que tornam a hipotermia possível.
Pessoas em situação de rua, acampantes sem um bom preparo físico, que inclui boa nutrição e hidratação, estão mais suscetíveis ao problema, principalmente se o frio é acompanhado por vento, chuva ou orvalho.
A hipotermia pode ocorrer de forma brusca, quando a temperatura corporal diminui em poucos segundos ou minutos. Este é o caso da hipotermia aguda, que pode ocorrer num mergulho em águas geladas.
O mais comum é que a hipotermia ocorra de forma gradual, que é a hipotermia subaguda, em que a pessoa vai perdendo calor para o ambiente aos poucos.
Veja quais são os sintomas da hipotermia, o que fazer para aumentar a temperatura no caso de hipotermia e como evitá-la.
Sintomas da hipotermia
No nosso organismo, ocorrem diversas reações químicas e processos biológicos que estão “programados” para ocorrer corretamente à uma temperatura que varia entre 36,5ºC e 37ºC. Para garantir que a temperatura permaneça nessa faixa, o nosso corpo possui mecanismos de termorregulação.
Isso significa que o corpo sempre resistirá a condições muito altas e baixas de temperatura. O suor é um mecanismo de termorregulação, que serve para baixar a temperatura corporal, quando estamos com febre.
Um dos primeiros mecanismos ativados para lutar contra o frio extremo é o tremor ou calafrio. Quando estamos com frio, trememos, porque os músculos fazem movimentos involuntários, com o objetivo de produzir calor interno.
Também podemos observar que as extremidades do corpo, as mãos e os pés, ficam mais gelados, pois o sistema nervoso promove a vasoconstrição, que é o estreitamento dos vasos sanguíneos nesses locais, com o objetivo de reduzir a perda de calor pelas extremidades.
Esses sintomas são típicos da fase leve da hipotermia, quando a temperatura corporal está entre 35ºC e 33ºC.
Além dos tremores e da vasoconstrição, a pessoa com hipotermia leve fica com a pele fria e pode ficar irritada ou com confusão mental. Nessa fase, a hipotermia pode ser confundida com cansaço extremo, pois a pessoa não tem energia para fazer atividades motoras.
Se a temperatura continuar caindo e ficar entre 33ºC e 30ºC, a hipotermia é considerada moderada, sendo caracterizada por tremores mais intensos e perda da capacidade motora. A mudança de humor se torna mais evidente e a frequência cardíaca reduz, deixando a pessoa sonolenta.
Em níveis mais graves de hipotermia, abaixo de 30ºC, a pessoa não apresenta tremores, as pupilas ficam dilatadas e a frequência cardíaca diminui ainda mais, ficando quase imperceptível. Nessa fase, a pessoa pode ficar inconsciente e, se não for socorrida rapidamente, pode não resistir e vir a óbito.
O que fazer para aumentar a temperatura corporal
Em um caso de hipotermia, são necessários alguns procedimentos para elevar a temperatura do corpo, de forma segura:
- A primeira medida é levar a pessoa com hipotermia a um local protegido do frio, para que as outras ações tenham efeito. Se possível, leve a pessoa próximo à uma fonte de calor, como uma fogueira ou um aquecedor.
- Caso a pessoa com hipotermia esteja com as roupas molhadas, é preciso retirá-las.
- Deve-se cobrir a pessoa com cobertores, garantindo que o pescoço e a cabeça, principalmente, fiquem bem cobertos.
- Para ajudar a aumentar a temperatura corporal mais rapidamente, coloque bolsas de água quente protegidas nas axilas e na virilha da pessoa. Não coloque essas bolsas nas mãos e nos pés, para não aumentar a circulação sanguínea nas extremidades. A intenção é aumentar o calor nas grandes artérias do corpo, que ficam nas axilas e na virilha, para aquecer o centro do corpo, onde estão os órgãos vitais.
- Se a pessoa estiver consciente, ofereça uma bebida quente, exceto café e bebidas alcoólicas.
- Não deixe a pessoa adormecer, tente mantê-la acordada. Na fase grave da hipotermia, é comum a pessoa adormecer, por causa da diminuição das funções vitais e vir a óbito.
Se, mesmo com essas ações, a temperatura da pessoa não aumentar e atingir níveis abaixo de 33ºC, deve-se buscar atendimento médico emergencial.
É importante tomar cuidado para não provocar queimaduras na pessoa com hipotermia, ao tentar aquecê-la com água quente derramada diretamente no corpo ou com o uso de fontes de calor muito próximas à pele. Essas formas de aquecimento não são indicadas como medida de socorro.
A recomendação de dar uma bebida quente para a pessoa com hipotermia não é válida caso esteja inconsciente, pois pode provocar asfixia.
Se a pessoa com hipotermia ficar inconsciente, deite-a de lado e a mantenha bem agasalhada. Busque ajuda médica imediatamente e monitore, constantemente, seus sinais vitais, principalmente a respiração. Caso ela pare de respirar, inicie uma massagem cardíaca, a fim de manter a circulação sanguínea ativa.
Como evitar a hipotermia
A melhor forma de prevenir a hipotermia é manter o corpo bem aquecido, com várias camadas de roupas. É fundamental manter as extremidades do corpo bem protegidas, com luvas e meias de lã, e touca na cabeça.
Também é importante manter o corpo seco, seja com uma roupa impermeável ou com uma capa de chuva e botas. Se você for acampar ou ir para um local distante da sua casa, tenha uma roupa reserva na mochila, para que você possa trocar, caso a sua roupa do corpo fique molhada.
Fontes e referências adicionais
- Uma abordagem de gestão de riscos para atividades de Educação Ambiental ao ar livre, Revista Brasileira De Educação Ambiental (RevBEA), 2016 Set; 11(4): 100-116.
- Vida nas ruas de São Paulo: um enfoque sócio-ambiental, Revista de Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente, 2008 Abr; 3(1): 1-27.
- Complications and Treatment of Mild Hypothermia, Anesthesiology, 2001 Ago; 95: 531-543.
Fontes e referências adicionais
- Uma abordagem de gestão de riscos para atividades de Educação Ambiental ao ar livre, Revista Brasileira De Educação Ambiental (RevBEA), 2016 Set; 11(4): 100-116.
- Vida nas ruas de São Paulo: um enfoque sócio-ambiental, Revista de Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente, 2008 Abr; 3(1): 1-27.
- Complications and Treatment of Mild Hypothermia, Anesthesiology, 2001 Ago; 95: 531-543.