Infecção no sangue: o que é, quando pode ser grave, sintomas e tratamentos

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Uma infecção no sangue consiste na presença de microrganismos, geralmente bactérias, no sangue. Como resultado dessa infecção e da resposta inflamatória, a pessoa pode apresentar febre alta, queda da pressão arterial, aumento da frequência cardíaca e respiratória, dentre outros sintomas. 

Se o microrganismo causador da infecção não for combatido pelo sistema imunológico e com os medicamentos, ele pode se espalhar por meio do fluxo sanguíneo e atingir outros órgãos e tecidos do corpo, que podem ir à falência. 

Mesmo os órgãos onde o microrganismo não atinge podem sofrer danos, por causa da resposta inflamatória exagerada, que é desencadeada em todo o corpo. 

Dependendo do microrganismo que está presente no sangue, a infecção pode ser mais ou menos grave. A resposta do sistema imunológico da pessoa infectada também é determinante para a gravidade da infecção. 

O problema é que, na maioria das vezes, a infecção no sangue se instala em pessoas que já estão com o sistema imunológico debilitado, o que torna o controle da infecção no sangue mais desafiador.  

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O tratamento mais adequado para uma infecção no sangue é aquele específico contra o microrganismo causador da infecção, que é identificado por meio de exames laboratoriais. Por meio desses exames, também é possível descobrir qual medicamento é mais eficiente para combater o agente causador da infecção. 

Veja o que é infecção no sangue, quando ela pode ser grave, os principais sintomas e causas, e como ela é diagnosticada e tratada. Veja também como você faz para se prevenir de uma infecção no sangue. 

Infecção no sangue: o que é?

Quando existe um foco de infecção no organismo, que pode estar nos pulmões, no abdômen, nos rins, na bexiga ou até mesmo no sistema nervoso central, o sistema imunológico desencadeia uma resposta inflamatória. 

Conforme a infecção toma uma grande proporção, o sistema imune libera grandes quantidades de mediadores inflamatórios no sangue. Essas substâncias são nocivas ao microrganismo causador da infecção, mas também acabam sendo prejudiciais aos órgãos. Esse processo inflamatório generalizado é chamado na medicina de sepse.

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Inicialmente, a sepse se manifesta com sintomas de febre e calafrio, mas com a evolução da resposta inflamatória e da infecção no sangue, o funcionamento dos órgãos pode começar a ficar comprometido, constituindo uma sepse grave

O mais conhecido “choque séptico” ocorre quando a queda da pressão arterial é tão drástica, que não melhora mesmo com a administração intravenosa de fluidos. Como resultado, os órgãos não conseguem manter o seu funcionamento e, por isso, podem ir à falência. 

Quando a infecção no sangue é grave

A gravidade da infecção no sangue depende do microrganismo causador dessa infecção e do estado de saúde da pessoa, ou seja, como o seu sistema imunológico está reagindo à infecção. 

Crianças pequenas, idosos, pacientes hospitalizados e pessoas que têm o sistema imunológico debilitado são grupos mais suscetíveis a uma infecção grave e difícil de controlar.

Neste sentido, as seguintes condições de saúde implicam em maiores riscos de complicações graves:

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  • Pessoas em tratamento de câncer, com quimioterapia e radioterapia. 
  • Portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV/AIDS).
  • Pessoas com insuficiência renal, hepática ou cardíaca.
  • Pessoas que fazem tratamento para doenças crônicas utilizando medicações imunossupressoras ou imunomoduladoras, que inibem a ação do sistema imunológico. 
  • Pessoas que tiveram extensas áreas de seu corpo queimadas.
  • Pessoas que sofreram ferimentos por armas de fogo ou por acidentes automobilísticos. 

Certos microrganismos também possuem maior capacidade infectante do que outros, ou seja, têm maior potencial de se espalhar na corrente sanguínea e atingir outros órgãos do corpo, desencadeando uma resposta inflamatória generalizada (sepse).

Como vimos, essa resposta inflamatória generalizada é potencialmente fatal se levar a uma queda significativa da pressão arterial, pois compromete o funcionamento de vários órgãos vitais.

Sintomas de infecção no sangue

Febre
É comum pessoas com a infecção no sangue logo apresentarem febre

Quando há uma grande multiplicação de microrganismos no sangue de uma pessoa, ela começa a manifestar sinais e sintomas típicos de um processo infeccioso grave, são eles:

  • Febre alta, acima de 37ºC, ou hipotermia.
  • Calafrio
  • Náusea e vômito
  • Fadiga
  • Aumento da frequência respiratória e cardíaca.
  • Diminuição da pressão arterial.
  • Diminuição da produção de urina.
  • Tontura
  • Confusão mental
  • Agitação
  • Aumento da contagem de leucócitos (glóbulos brancos) no sangue.
  • Queda do número de plaquetas no sangue.

Se a pessoa já estiver hospitalizada, esses sinais e sintomas serão prontamente identificados e tratados pelo médico ou médica responsável pelo caso. 

Caso esse problema se manifeste em casa, é importante levar a pessoa ao hospital, para ser examinada e tratada o quanto antes. 

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Possíveis causas da infecção no sangue

A infecção no sangue pode se desenvolver como consequência de outras infecções que já estejam afetando a pessoa, por exemplo:

  • Infecção urinária, principalmente se estiver afetando os rins.  
  • Pneumonia
  • Meningite
  • Apendicite
  • Peritonite
  • Celulite infecciosa
  • Abscessos
  • Infecção de feridas cirúrgicas
  • Infecção hospitalar após a realização de procedimentos, como colocação de cateteres e sondas.

As infecções listadas acima são exemplos de focos de infecção que afetam órgãos isolados, mas que podem tomar grandes proporções no organismo da pessoa. Por causa desse efeito, a infecção no sangue muitas vezes é referida como infecção generalizada.   

Diagnóstico de infecção no sangue

Hemocultura
Um hemograma completo será necessário para fazer o diagnóstico

O diagnóstico de infecção no sangue é feito com um exame de hemocultura, que permite a identificação do microrganismo que está se proliferando no sangue.

Neste exame, uma amostra do sangue é colocada em um recipiente com as condições e recursos necessários para a proliferação microbiana. 

Depois que os microrganismos conseguem se estabelecer nesse meio de cultura, o/a profissional do laboratório faz um teste chamado de antibiograma ou antifungigrama, que serve para identificar quais antibióticos ou antifúngicos são capazes de combater o microrganismo e para quais eles são resistentes. Com esse resultado, é possível definir qual é o melhor medicamento para ser usado no tratamento. 

Além desse exame de pesquisa do microrganismo causador da infecção, o médico ou médica pode pedir alguns exames complementares, para saber como está o estado geral de saúde da pessoa, por exemplo:

  • Hemograma completo
  • Dosagem da proteína C reativa (PCR), um marcador de inflamação. Veja o que significa quando ela está alta.
  • Exame de urina
  • Análise de secreção de feridas, quando presentes.
  • Exames de imagem, como radiografia, ultrassonografia e tomografia computadorizada, para avaliar o grau de comprometimento dos órgãos. 
  • Testes sorológicos e moleculares, quando se suspeita que a infecção é de origem viral.

Tratamentos de infecção no sangue

O tratamento de infecção no sangue é feito no hospital, geralmente em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), com administração de antibiótico ou antifúngico na veia. 

Antes de saírem os resultados dos exames de hemocultura ou dos testes sorológicos, para identificação do microrganismo causador da infecção, o tratamento já é iniciado com antibióticos de largo espectro, ou seja, aqueles capazes de combater várias espécies de bactérias, de uma vez. 

Esse tratamento imediato e inespecífico é feito para aumentar as chances de se conseguir controlar a sepse e impedir a sua evolução. Quanto antes o tratamento é iniciado, menores são o tempo de internamento e os riscos de complicações. 

Com os resultados dos exames em mãos, o médico ou médica troca a medicação, se isso for necessário. Infelizmente, o tratamento inicial não tem efeito se a infecção for de origem fúngica. 

A pressão arterial também é controlada com medicamentos vasopressores, que comprimem os vasos sanguíneos, para aumentar a pressão arterial e impedir que os órgãos parem de funcionar. 

Outros medicamentos e procedimentos podem ser realizados, de acordo com a necessidade da pessoa, visando a manutenção de suas funções vitais. 

Em alguns casos, por exemplo, a pessoa precisa fazer hemodiálise quando há comprometimento da função renal ou necessita de ventilação mecânica, para amenizar a insuficiência respiratória.  

Como prevenir uma infecção no sangue

Vacina
Estar com a vacinação em dia é de suma importância

Para se prevenir de uma infecção no sangue que pode desencadear uma resposta inflamatória generalizada, é preciso cuidar para não ser infectado(a) pelos microrganismos patogênicos, ou seja, que causam doenças. 

Para isso, bastam alguns cuidados simples no dia a dia: 

  • Siga rigorosamente o calendário de vacinação. 
  • Use antibióticos apenas quando indicados pelo médico(a) ou dentista, seguindo corretamente as instruções de uso (dose e tempo de tratamento). 
  • Lave as mãos com frequência, usando água e sabão. Quando estiver fora de casa, use álcool em gel, para higienizá-las. 
  • Cultive hábitos saudáveis, com alimentação equilibrada e prática regular de atividade física.
Fontes e referências adicionais

Você sabia das complicações que uma infecção no sangue, ou infecção generalizada, pode causar no organismo? Você já teve alguma infecção que foi difícil de controlar? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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