O câncer de pulmão tem se estabelecido como o tipo mais letal de câncer em escala global. No ano de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) relatou um assustador número de 1,8 milhão de vítimas, com tabagismo sendo o culpado em 85% dos casos.
A luta contra esta doença tem sido uma jornada árdua, especialmente quando consideramos a baixa taxa de sobrevivência em casos diagnosticados tardiamente. No entanto, há uma luz no fim do túnel: pesquisadores britânicos descobriram um método simplificado, apoiado pela Inteligência Artificial (IA), para identificar precocemente aqueles em risco.

Como a pesquisa foi realizada?
A pesquisa, divulgada na prestigiosa revista Plos Medicine, contou com a colaboração entre cientistas da University College London e da Universidade de Cambridge. Utilizando dados do UK Biobank e do US National Lung Screening Trial, a equipe treinou várias máquinas de IA para desenvolver modelos de previsão eficientes. O objetivo é estimar a probabilidade de uma pessoa desenvolver câncer de pulmão no futuro próximo.
A proposta era criar modelos que tornassem mais simples prever se alguém teria câncer de pulmão dentro de um período de cinco anos. Depois de coletar os dados, eles se basearam em três informações cruciais que sinalizam fatores de risco para a condição: idade, duração do hábito de fumar e número médio de cigarros consumidos diariamente.
Nessa jornada, mais de 60 modelos de Inteligência Artificial foram experimentados até que encontraram uma formulação que permitiu antecipar a ocorrência de câncer de pulmão cinco anos antes de ser diagnosticado.
Este novo modelo não só foi mais preciso do que os modelos líderes atuais, mas também conseguiu essa precisão usando apenas 25% das informações que são típicamente necessárias.
O avanço no uso da tecnologia integrada à medicina
Os avanços nesse campo da ciência médica têm sido marcados por desafios, especialmente quando se trata de rastreamento personalizado e programas de prevenção. No entanto, a integração da IA tem o potencial de revolucionar esses processos.
Tom Callender, um dos autores do estudo, expressou entusiasmo sobre o potencial da IA: o novo modelo é eficaz, mas também prático, utilizando dados facilmente coletados em consultas médicas convencionais ou até mesmo por meio digital.
O impacto dessa pesquisa pode se estender além do câncer de pulmão. Mihaela van der Schaar, coautora do estudo, destacou seu otimismo quanto à aplicação desta abordagem em outras áreas médicas. A visão é que o poder da IA poderia ser aproveitado para rastrear e prevenir outras condições, como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
Este desenvolvimento marca um passo promissor em direção a um futuro onde a detecção precoce não é apenas uma possibilidade, mas uma realidade acessível.