Uma pesquisa publicada em março no periódico Hypertension apontou que ir dormir 34 minutos mais tarde está associado a um aumento no risco de ter pressão alta (hipertensão).
Os pesquisadores, que em sua maioria fazem parte da Universidade Flinders na Austrália, analisaram pessoas com padrões irregulares de sono e avaliaram se isso estava ligado ou não a um aumento no risco de hipertensão.
O estudo contou com a participação de 12.287 adultos com idade entre 38 e 62 anos. 88% deles eram homens e todos foram classificados pelos autores do estudo como pessoas com sobrepeso.
Os participantes do estudo usaram um dispositivo para monitorar o horário e a duração do sono. Os pesquisadores também tiveram acesso a dados referentes à pressão arterial desses participantes.
A partir disso, eles identificaram que a irregularidade na duração do sono estava associada a um aumento de 9% a 17% no risco de pressão alta, independente da quantidade total de sono.
Mais do que isso, os autores do estudo observaram que mesmo mudar ligeiramente a hora de dormir poderia ser prejudicial: uma variação de apenas 34 minutos estava associada a um aumento de 32% no risco de pressão alta.
Os participantes do estudo eram parte de uma amostra mundial que foi estudada por nove meses. De acordo com os autores da pesquisa, esse é um período mais longo do que o usado em estudos anteriores do tipo.
É preciso ir além
No entanto, especialistas acreditam que são necessários mais estudos para verificar as conclusões da pesquisa.
Para o presidente de cardiologia do MedStar Heart & Vascular Institute, Dr. Allen J. Taylor, o estudo confirma que há uma correlação entre a hipertensão e a irregularidade no sono. Agora, o próximo passo é expandir em relação ao que acontece do ponto de vista fisiológico.
“Eu acho que a noção do que o mecanismo (é) e do que está acontecendo aqui tem a sua própria importância. Para que nós possamos completar o entendimento biológico entre a observação e as associações que foram feitas”, apontou.
Uma área que o estudo não questiona é o possível impacto que determinantes sociais de saúde, como gênero, raça e status socioeconômico, poderiam ter nos resultados.
Isso é algo que a professora do departamento de saúde ambiental e ocupacional da Universidade da Califórnia – Irvine, Dr. Karen D. Lincoln (PhD), gostaria de ver no futuro.
“Quando nós falamos sobre intervenções e sobre quais são as coisas que podemos fazer para mirar nas intervenções ou para aumentar e promover saúde, é muito importante ter um pouco mais de informação sobre o status socioeconômico, que é educação, onde as pessoas vivem e ao que as pessoas têm acesso, pois comer bem e consumir alimentos orgânicos são algumas das coisas que são inacessíveis para outras populações”, afirmou.
A expectativa de Lincoln é que essa área de pesquisa possa analisar as relações indiretas que surgem entre o sono e a hipertensão.
A professora apontou que as pessoas que passam pela privação do sono ou que no geral não dormem o suficiente, são mais propensas a praticar os chamados comportamentos não saudáveis.
“Então, você é mais sedentário porque está cansado, é menos provável que você se exercite, é mais provável que você coma alimentos reconfortantes, como doces e comidas mais salgadas, coisas do tipo. Então, o sono produz certos tipos de comportamentos que podem em última instância causar pressão alta”, explicou. As informações são do Healthline.
Aproveite para saber mais a respeito de como uma boa noite de sono é importante para o seu coração.