O mini exame do estado mental é um teste usado para avaliar a função cognitiva de uma pessoa, de maneira rápida e fácil, com o objetivo de identificar a existência de algum comprometimento cognitivo.
Ele não é um teste diagnóstico, mas um exame de rastreio, aplicado para identificar características das funções cognitivas de uma pessoa, que sejam sugestivas de demência.
Se após o teste houver essa suspeita, o médico ou médica responsável pelo caso dará início a uma investigação mais aprofundada, com exames complementares e específicos.
Neste contexto, é comum o teste ser aplicado para avaliar como a função cognitiva de idosos com demência evolui ao longo do tempo e, possivelmente, do tratamento. A aplicação do teste em várias fases do tratamento indica se a função mental do idoso ou da idosa está melhorando ou não.
Agora que você já sabe o que o mini exame do estado mental avalia, veja como ele é feito, compreendendo sua organização, perguntas e forma de interpretar os resultados.
Mini exame do estado mental: como é organizado
O mini exame do estado mental avalia 7 categorias de funções cognitivas:
- Orientação espacial
- Orientação temporal
- Memória imediata (de curto prazo ou primária). Veja como melhorar a sua memória.
- Atenção e cálculo
- Memória de evocação (memória recente secundária)
- Linguagem-nomeação (compreensão e escrita)
- Capacidade construtiva visual
Essas funções são avaliadas por meio de perguntas e, para cada resposta correta, é contabilizado 1 ponto. Para cada resposta incorreta ou não respondida, é atribuído um zero, ou seja, não conta ponto na somatória final. A pontuação máxima que pode ser obtida neste teste é de 30 pontos.
O exame é, basicamente, dividido em duas partes. A primeira tem um escore máximo de 21 pontos e avalia as funções de orientação, memória e atenção. Os outros 9 pontos são destinados a avaliar habilidades cognitivas mais específicas, relacionadas à linguagem e à construção visual.
É importante que a pessoa avaliada não se sinta julgada, pois isso pode inibi-la durante o teste. Para isso, o examinador não deve corrigir e nem parabenizar a pessoa, mas deixá-la à vontade para responder da maneira como julga estar correto.
Outro ponto importante acerca de quem está fazendo as perguntas é que não se deve ajudar a pessoa avaliada a responder, dando referências ou dicas, pois isso também interfere no resultado.
Como são as perguntas do mini exame do estado mental
O exame começa com a avaliação da orientação temporal da pessoa, cuja pontuação máxima equivale a 5 pontos. Nesta etapa são questionados:
- Hoje é qual dia da semana?
- Hoje é qual dia do mês?
- Em que mês estamos?
- Em que ano estamos?
- Que horas são, aproximadamente? A pessoa deve dizer qual é o horário aproximado, sem olhar o relógio. Variações de até 1 hora do horário certo são aceitas como corretas.
Com essas questões, é possível avaliar como está a memória recente da pessoa, bem como a sua atenção e orientação no tempo.
Na avaliação da orientação espacial (5 pontos), é perguntado:
- Onde nós estamos? Deve-se fazer referência ao local exato em que estão tendo a avaliação, por exemplo, uma sala ou um consultório médico.
- Onde (este ambiente) fica? Deve-se fazer referência ao prédio ou local mais abrangente onde o ambiente da conversa está inserido, por exemplo, uma clínica ou um hospital.
- Qual é o nome desse bairro (ou de uma rua próxima)?
- Em qual cidade nós estamos?
- Em qual estado nós estamos?
Nesta etapa, a capacidade da pessoa de se lembrar e reconhecer o local onde ela se encontra é avaliada.
Na avaliação da memória imediata (de curto prazo), a pessoa que está aplicando o exame deverá dizer 3 palavras que não tenham relação entre si e pedir para a pessoa avaliada memorizar. Logo em seguida, deve-se pedir que a pessoa repita as 3 palavras.
A pessoa deverá receber 1 ponto por cada palavra correta na primeira tentativa, totalizando o máximo de 3 pontos. Ela pode tentar repetir até 3 vezes, com o objetivo de gravá-las, mas somente as respostas da primeira tentativa são válidas para pontuação.
A repetição para memorização é permitida, pois a memória de evocação será avaliada posteriormente, em alguns minutos, quando a pessoa terá que dizer essas palavras novamente.
Na avaliação de atenção e capacidade de cálculo, é solicitado que a pessoa faça cálculos subtraindo o número 7, podendo atingir um máximo de 5 pontos:
- 100-7?
- 93-7?
- 86-7?
- 79-7?
- 72-7?
Se houver um erro no cálculo, a pessoa que está avaliando pode corrigir, para que a avaliada possa prosseguir no teste, mas o ponto não é contabilizado. Agora, se a pessoa perceber o erro e corrigir, o ponto é contabilizado.
Em seguida, a memória recente secundária é avaliada, pedindo à pessoa que repita as 3 palavras memorizadas anteriormente. Para cada palavra correta, é contabilizado 1 ponto.
Na próxima parte do mini exame do estado mental são avaliadas as funções relacionadas à linguagem e à capacidade construtiva visual, podendo somar um total de 9 pontos.
Primeiramente, a pessoa avaliada tem que nomear dois objetos que lhe serão apontados, contabilizando 1 ponto para cada nomeação correta.
Em seguida, o avaliador falará uma frase e a pessoa terá que repetir. O ponto (1 ponto) só é considerado se a repetição da frase for completamente correta.
Então, o examinador dará 3 comandos para a pessoa executar, somando 1 ponto para cada comando executado de maneira correta. Aqui, não somente a capacidade de compreensão e memória são avaliadas mas, também, a capacidade motora e coordenação da pessoa.
Após esse teste, o examinador escreverá numa folha de papel um comando simples e pedirá para a pessoa ler e executar, contabilizando 1 ponto. Aqui, é avaliada a capacidade de leitura, compreensão e memória do paciente.
Em seguida, é solicitado à pessoa, que ela escreva uma frase numa folha de papel. Essa frase deve ser coerente, ou seja, deve fazer sentido. Não são levados em consideração os erros ortográficos e gramaticais. Se a frase fizer sentido, tiver começo, meio e fim, a pessoa recebe 1 ponto.
Na última etapa, a pessoa deverá reproduzir um desenho de dois pentágonos interseccionados. O ponto completo só é atribuído se a pessoa fizer os dois pentágonos com os pontos de intersecção. Se ela desenhar apenas os pentágonos separados, a pontuação é parcial, ou seja, não chega a ser 1.
Como interpretar o resultado do mini exame do estado mental
O teste inclui perguntas que, para serem respondidas, a pessoa deve ter algum nível de escolaridade. Por isso, há diferentes notas de corte, de acordo com o grau de instrução da pessoa avaliada:
- Analfabetos: 20 pontos
- Escolaridade de 1 a 4 anos: 25 pontos
- Escolaridade de 5 a 8 anos: 26,5 pontos
- Escolaridade de 9 a 11 anos: 28 pontos
- Mais de 11 anos de escolaridade: 29 pontos
Estes valores estão de acordo com o proposto pelo pesquisador Brucki e seus colaboradores, publicados em 2003. Há outros valores de corte, mais antigos, que podem ser usados como referência, conforme o consenso da instituição que irá aplicar o teste.
Cada pessoa é avaliada com base na nota de corte referente ao seu perfil. Uma pontuação abaixo da nota de corte pode ser um indício de demência e o caso deve ser melhor avaliado com exames complementares. Veja quais são os fatores que podem favorecer o desenvolvimento de demência.
Quanto maior for a pontuação, melhor é o desempenho cognitivo da pessoa avaliada.
Fontes e referências adicionais
- O uso do Mini-Exame do Estado Mental em pesquisas com idosos no Brasil: uma revisão sistemática, Ciência & Saúde Coletiva, 2015 Dez; 20(12): 3865-3876.
- Mini exame do estado mental e o diagnóstico de demência no Brasil, Arquivos de Neuro-Psiquiatria; 1998 Set; 56(3B): 605-612.
- Mini-Exame do Estado Mental: influência da escolaridade sobre o escore total e subitens, Revista Neurociências, 1996 Out; 4(1): 15–20.
Fontes e referências adicionais
- O uso do Mini-Exame do Estado Mental em pesquisas com idosos no Brasil: uma revisão sistemática, Ciência & Saúde Coletiva, 2015 Dez; 20(12): 3865-3876.
- Mini exame do estado mental e o diagnóstico de demência no Brasil, Arquivos de Neuro-Psiquiatria; 1998 Set; 56(3B): 605-612.
- Mini-Exame do Estado Mental: influência da escolaridade sobre o escore total e subitens, Revista Neurociências, 1996 Out; 4(1): 15–20.