Os ácidos graxos ômega-3, que fazem parte do grupo dos ácidos graxos poli-insaturados, podem ser encontrados em alimentos como peixes, sementes de chia, nozes e linhaça, além de poderem ser ingeridos por meio de suplementos.
Eles também são classificados como um tipo de gordura saudável que não pode ser produzida pelo organismo, portanto, deve ser consumida por meio da alimentação. A deficiência de ômega-3 provoca problemas como memória fraca, pele seca, problemas no coração, alterações de humor, dor na articulação e doença autoimune.
Eles são importantes para a formação das estruturas das membranas das células, fornecem energia ao organismo e são utilizados para produzir os chamados eicoisanóides, moléculas que exercem funções variadas nos sistemas cardiovascular, pulmonar, imunológico e endócrino do corpo.
Mas será que mesmo tendo tantos benefícios e sendo tão importante para a nossa saúde, o ômega-3 aumenta o colesterol e triglicérides?
Será que o ômega-3 aumenta o colesterol?
Os ácidos graxos ômega-3 incluem: o ácido alfa-linolênico (ALA), o ácido docosahexaenoico (DHA) e o ácido eicosapentaenoico (EPA).
O ALA pode ser encontrado em produtos de origem vegetal como sementes de chia, linhaça, soja e nozes, além de suplementos. Já o DHA e o EPA costumam estar presentes em peixes gordos como biqueirão, salmão, atum, alabote, arenque e sardinhas, em amêndoas e em suplementos como de óleo de peixe, óleo de fígado de bacalhau e óleo de krill.
As pesquisas têm olhado primariamente para os efeitos do DHA e do EPA em relação à diminuição dos níveis de lipídeos (o colesterol e o triglicérides fazem parte do grupo dos lipídeos), embora o ALA continue a ser estudado, porém, possa ser menos efetivo neste sentido.
Sobre o colesterol, o ômega-3 pode elevar ligeiramente os níveis do LDL, o colesterol ruim. Porém, a mudança é considerada modesta e varia entre 3% a 10%.
As gorduras ômega-3 – apesar de aumentarem o seu LDL – também aumentam o tamanho do seu LDL. Partículas menores de LDL podem aumentar o seu risco de desenvolver aterosclerose.
No mesmo sentido, segundo um artigo publicado na revista acadêmica Vascular Health and Risk Management (Saúde Vascular e Controle de Risco, tradução livre), estudos frequentemente mostram uma elevação no LDL de pessoas que suplementam a sua dieta com óleo de peixe ou ômega-3.
Os autores de um artigo de revisão publicado na Vascular Health and Risk Management apontaram ainda que enquanto nem todos os estudos indicam um efeito do EPA e do DHA nos níveis de colesterol, esses ômega-3 podem afetar o LDL de maneiras diferentes.
Acredita-se que a elevação no LDL possa ocorrer por conta do EPA, ao mesmo tempo em que o aumento no tamanho das partículas do LDL possam ser creditadas ao DHA.
Em uma declaração publicada na revista acadêmica Arteriosclerosis, Thrombosis, and Vascular Biology (Arteriosclerose, Trombose e Biologia Vascular, tradução livre), a Associação Americana do Coração afirmou que ingerir 4 g de óleo de peixe diariamente pode aumentar o LDL entre 5% a 15%. Os efeitos podem depender da dosagem, entretanto, mesmo uma dose menor de 1,2 g por dia já aumentou o LDL de certo modo.
No entanto, apontou que o aumento no LDL que vem com a ingestão do óleo de peixe aparenta ser principalmente dos tipos de LDL menos perigosos. Isso costuma vir acompanhado de uma diminuição nos tipos de LDL mais perigosos, que também são mais densos.
De acordo com a publicação, esses tipos mais densos de LDL são os mais propensos a obstruir as artérias e aumentar os riscos de desenvolvimento de doença cardíaca.
Além disso, um artigo divulgado na publicação Drugs of Today (Medicamentos de Hoje, tradução livre) apontou que a suplementação com ômega-3 aumenta o colesterol LDL, mas os níveis do colesterol não-HDL geralmente caem. O site explicou que o nível total de colesterol não-HDL é um melhor indicador dos riscos de doença cardíaca do que o LDL por si só.
O HDL
A ingestão de ácidos graxos ômega-3 também aparenta aumentar levemente os níveis do HDL, que é conhecido como o colesterol bom.
O aumento do LDL trazido pelo óleo de peixe pode vir acompanhado de uma elevação no HDL. De acordo com o artigo da Vascular Health and Risk Management, esse aumento pode chegar aos 15%, completou a publicação.
O ômega-3 aumenta o triglicérides?
Agora que já analisamos se o ômega-3 aumenta o colesterol, podemos entender se essa gordura saudável pode elevar os nossos níveis de triglicerídeos.
Bem, um estudo mostrou que a ingestão de 900 mg de ácidos graxos ômega-3 todos os dias promoveu uma diminuição de 4% nos níveis de colesterol depois de seis meses.
A efetividade dos ácidos graxos ômega-3 nos níveis de triglicerídeos aparenta ser dependente da dose. Parece que os ácidos graxos ômega-3 afetam os triglicerídeos ingeridos recentemente e trabalham melhor quando se segue uma dieta saudável.
Os pacientes com níveis extremamente elevados de triglicerídeos aparentam ser os que mais se beneficiam com a suplementação de ômega-3.
De acordo com o cardiologista David Becker, o DHA e o EPA são os ingredientes ativos dos ácidos graxos ômega-3 que já foram apontados por diversos estudos como capazes de diminuir os níveis de triglicerídeos.
Os suplementos de óleo de peixe podem auxiliar a diminuir os triglicérides em até 30%, graças ao teor de EPA e DHA presente em sua composição. Entretanto, para isso, será necessária uma dose elevada de EPA e DHA por dia, que pode ser difícil de ser obtida por meio de suplementos.
É fundamental consultar o médico antes de aderir a esses suplementos para diminuir os níveis de triglicerídeos para saber se eles podem ajudar mesmo e conferir como obter com segurança a dosagem adequada para o tratamento, caso ele indique o uso do produto, logicamente.
Até porque existe a preocupação em relação aos níveis de mercúrio e outros poluentes nos suplementos de óleo de peixe. Especialistas recomendam que o médico seja consultado para encontrar versões do produto que sejam seguras e eficientes.
Vale a pena saber também que o suplemento de ômega-3 pode provocar efeitos colaterais como arroto com gosto de peixe, desconforto estomacal e azia, mas manter o suplemento de ômega-3 refrigerado pode ajudar em relação à azia.
“Pode haver um leve risco de aumento de sangramento (com o uso do suplemento de ômega-3), que é a razão pela qual se pede que alguém que precisa de cirurgia eletiva não tome óleo de peixe por no mínimo uma semana antes da operação. Em casos raros, reações alérgicas são possíveis. Lembre-se de armazenar o seu suplemento em um ambiente fresco e seco, já que o óleo de peixe pode se tornar rançoso (obsoleto, com gosto indesejável), fazendo com que ele seja ineficiente assim como desagradável”, alertou Becker.
Mais importante do que saber se o ômega-3 aumenta o colesterol ou o triglicérides…
É obedecer todas as orientações médicas a respeito do tratamento necessário para o seu quadro. Este artigo serve somente para informar e jamais pode substituir a opinião, o diagnóstico e a recomendação do médico.
Isso inclui seguir as instruções do médico em relação à ingestão de ômega-3 por meio da alimentação e utilizar suplementos de ômega-3, óleo de peixe ou qualquer outro tipo somente quando o profissional autorizar.
Por mais que um suplemento possa ser benéfico para uma condição de saúde, precisamos lembrar que cada quadro tem as suas necessidades e restrições e que a maneira mais segura de saber se o produto realmente pode ajudar, se não vai prejudicar a saúde de um paciente em particular e qual a sua posologia adequada é consultando o médico.
O médico é o mais indicado para definir o modo de uso – dosagem, frequência e duração do tratamento – de um suplemento e verificar se o produto não pode interagir negativamente no organismo com outro suplemento, medicamento ou planta que o paciente já esteja utilizando.