O tratamento para inflamação no útero tem como objetivo combater o agente que causou a infecção. Como na maioria dos casos o agente infeccioso é uma bactéria, o tratamento é feito com antibióticos e pode ser complementado com opções naturais.
Quando a inflamação no útero é causada por uma bactéria sexualmente transmissível, é necessária a abstinência sexual durante, e um tempo após o tratamento, para evitar uma reinfecção e permitir que o organismo se recupere completamente. É recomendado que o tratamento também seja administrado à pessoa com quem teve relação sexual.
O tratamento é feito em casa e pode ser complementado com medidas terapêuticas naturais, que ajudam a aliviar os sintomas e controlar a inflamação.
A hospitalização só se faz necessária em casos graves, quando há suspeita de abscesso, quando o tratamento por via oral não está eliminando a bactéria, ou em caso de gravidez. Nesses casos, o médico pode optar por administrar o antibiótico na veia (via intravenosa).
Entenda, com mais detalhes, sobre os tipos de inflamação no útero e sobre os tratamentos medicamentosos e naturais.
Tipos de inflamação no útero
Quando a inflamação ocorre no colo do útero, recebe o nome de cervicite ou endocervicite. A inflamação pode afetar também a parte interna do útero, o endométrio, recebendo o nome de endometrite.
Cervicite ou endocervicite
Frequentemente, a inflamação no colo do útero não causa sintomas. Mas, quando causa, os sintomas geralmente são de corrimento vaginal e sangramento ou dor durante a relação sexual.
Ao notar a presença dos sintomas da cervicite, procure um ginecologista, para uma avaliação diagnóstica:
- Corrimento vaginal anormal, que pode ser amarelado, esbranquiçado ou acinzentado, com mau cheiro.
- Sangramento vaginal leve em um período do mês não esperado.
- Dor durante a relação sexual.
- Irritação na vagina.
Como existem mulheres assintomáticas, é essencial que os exames ginecológicos de rotina estejam em dia.
Causas da cervicite ou endocervicite
A cervicite aguda é geralmente causada por uma infecção bacteriana sexualmente adquirida ou por uma desregulação da microbiota. A cervicite crônica é causada por uma irritação ou alergia na região, provocada pelo uso de ducha, absorvente interno ou diafragma.
As causas mais comuns da cervicite aguda são:
- Clamídia, infecção sexualmente transmitida pela bactéria Chlamydia trachomatis.
- Gonorreia, infecção sexualmente transmitida pela bactéria Neisseria gonorrhoeae.
- Bactéria Mycoplasma genitalium, sexualmente transmitida.
- Vírus do herpes genital (HSV-2).
- Tricomoníase, infecção sexualmente transmitida pelo protozoário Trichomonas vaginalis.
A cervicite por causas não infecciosas acontece por irritação química ou mecânica:
- Irritação ao látex do preservativo, ao espermicida ou duchas.
- Alergia ao diafragma ou absorventes internos.
- Radioterapia ou doenças inflamatórias sistêmicas.
Tratamento da cervicite ou endocervicite
O tratamento da cervicite dura em torno de 14 dias e é feito, na maioria dos casos, com antibióticos, para combater as bactérias que estão causando a infecção.
Por isso, no momento da consulta, o médico coleta uma amostra do corrimento vaginal, para fazer testes em laboratório e descobrir qual é, exatamente, a espécie de bactéria causadora da infecção, se é clamídia, gonorreia ou tricomoníase, por exemplo.
Até que saia o resultado, o médico pode prescrever uma combinação de antibióticos que combatem vários tipos de bactérias infecciosas, chamados de antibióticos de largo espectro.
Mesmo quando a bactéria não é detectada, o médico ginecologista pode iniciar o tratamento com antibióticos, principalmente se a paciente tiver se envolvido em comportamento sexual de risco.
Opções de tratamentos naturais
No caso da cervicite aguda, o tratamento deve ser medicamentoso, pois é o único que pode combater o agente infeccioso causador da inflamação no útero.
No caso da cervicite crônica, você pode incluir opções de tratamentos naturais, juntamente com os medicamentos prescritos pelo ginecologista, com o objetivo de complementá-lo.
Para isso, você pode adicionar dois tipos de alimentos na sua dieta:
- Probióticos: são microrganismos vivos, que são benéficos para a nossa saúde, especialmente para os sistemas digestivo e imunológico. Você pode consumi-los nos alimentos ou em suplementos.
- Exemplos de alimentos ricos em probióticos: leite fermentado, kombucha, kefir, iogurte, coalhada e missô. Veja como fazer kombucha e também iogurte de kefir.
- Alho ou suplemento de alho: o alho já está presente na culinária brasileira, mas, na maioria das vezes, é consumido bem fritinho ou refogado. Para se beneficiar de seu potencial terapêutico, a melhor opção é consumi-lo cru.
Sugestão de como consumir alho cru: pique um dente alho em pedacinhos bem pequenos, aguarde 10 minutos para que ele libere suas substâncias, então coloque-o sobre algumas folhas de couve picadinhas ou outra salada de sua preferência.
Endometrite
A endometrite é uma inflamação que afeta o tecido que reveste o útero, chamado de endométrio. Essa inflamação é causada, normalmente, por bactérias sexualmente transmitidas, que ascendem da vagina e infectam o endométrio.
Neste caso, a pessoa com quem a mulher com endometrite teve relação sexual também necessitará de tratamento.
A endometrite é diferente da endometriose. Apesar das duas afetarem o revestimento do útero, a endometriose não é causada por uma infecção como a endometrite, mas trata-se de um crescimento do tecido endometrial fora do útero, por exemplo nos ovários, tubas uterinas e até intestino.
Os sintomas mais comuns da endometrite são:
- Dor abdominal ou pélvica
- Sangramento vaginal ou corrimento atípico
- Febre ou calafrio
- Fadiga e mal estar geral
- Prisão de ventre ou dor ao evacuar
Causas da endometrite
Existem outras possíveis causas de endometrite, além das bactérias transmitidas sexualmente:
- Parto ou aborto espontâneo
- Cesariana
- Bactérias normalmente encontradas na vagina e no colo do útero
- Procedimentos médicos e cirúrgicos na região pélvica
Tratamento da endometrite
O tratamento tem como objetivo eliminar a causa da infecção e, portanto, da inflamação do endométrio.
Como a endometrite é, na maioria das vezes, causada por uma infecção bacteriana, o tratamento é feito com antibióticos por via oral. Quando a infecção é muito grave, o antibiótico é administrado diretamente na veia da paciente.
Após o primeiro ciclo de antibióticos, são feitos exames para investigar se o tratamento foi efetivo no combate às bactérias causadoras da inflamação.
Para isso, o ginecologista coleta uma amostra da secreção do colo do útero e envia ao laboratório para analisar se há presença de bactérias e quais. Outro exame que pode ser feito é a biópsia do endométrio, para analisar o estado das células que constituem esse tecido.
Se ainda houver uma infecção por bactérias após o tratamento com o antibiótico, o ginecologista pode prescrever um outro tipo de antibiótico, mais específico à bactéria causadora da infecção.
Se a infecção evoluir para a formação de um abscesso pélvico ou uterino, ele também deverá ser tratado. Geralmente, é feita uma aspiração do pus com uma agulha.
Se nos exames, o ginecologista constatar que a inflamação está sendo causada por algum tecido remanescente no útero, após um parto ou um processo de aborto espontâneo, pode ser necessário remover esse tecido em excesso cirurgicamente, para resolver a inflamação.
Opções de tratamentos naturais
As opções de tratamentos naturais servem para aliviar a dor, relaxando a musculatura da região pélvica, e controlar a inflamação.
- Aquecimento da região pélvica: uma forma bem simples e eficaz de aliviar a dor na região pélvica é colocar uma bolsa quente sobre o local. Se você não tiver uma bolsa quente, esquente água e coloque em uma garrafa, que terá o mesmo efeito.
- Cúrcuma ou açafrão-da-terra: ela ajuda a reduzir a inflamação no útero, contribuindo para o alívio da dor. Pode ser consumida na forma de cápsulas de suplementos ou como tempero, polvilhada sobre os alimentos. Uma forma de aumentar a absorção da cúrcuma pelo organismo é consumi-la com pimenta-do-reino, na forma de um shot.
Para fazer o shot de cúrcuma, você vai precisar:
- Suco de 1 limão
- 15 gotas de própolis
- 1 colher de chá de cúrcuma
- 1 pitada de pimenta-do-reino
Você pode beber esse shot pela manhã, em jejum, ou 20 minutos antes de uma refeição.
Fontes e referências adicionais
- Cervicitis, Mayo Clinic
- Endometritis, StatPearls Publishing
Fontes e referências adicionais
- Cervicitis, Mayo Clinic
- Endometritis, StatPearls Publishing