Vaginite é uma inflamação da mucosa vaginal e, em alguns casos, também da vulva, que pode ou não ser causada por uma infecção. Esta inflamação provoca irritação, coceira, vermelhidão e corrimento na região íntima.
A inflamação da região íntima também pode acontecer devido a alergias, alterações hormonais e má condições de higiene. O uso frequente de absorventes internos, relações sexuais com múltiplos parceiros e tratamento recente com antibióticos ou corticoides são fatores que aumentam os riscos de uma mulher desenvolver vaginite.
Como a vaginite pode ter causas diversas, o tratamento depende do diagnóstico correto feito por um médico ou médica ginecologista. Por isso, na presença de sintomas de vaginite, não hesite em procurar ajuda médica, para saber qual é a melhor forma de tratamento para o seu caso.
Veja quais são as principais causas de vaginite, os sintomas mais comuns e as formas de tratamento disponíveis.
Principais causas de vaginite
As causas mais comuns de vaginite podem ser diferentes em cada faixa etária da mulher:
Crianças
As crianças pequenas, principalmente entre 2 e 6 anos de idade, podem cometer alguns erros na hora de fazerem sua higiene pessoal, expondo-as a bactérias vindas da microbiota intestinal.
Os erros de higiene mais comuns nessa faixa etária são:
- Limpar a região perianal de trás para frente depois de evacuar, levando as bactérias presentes nas fezes para a vagina.
- Não lavar as mãos após a evacuação e coçar a região íntima.
Nesta faixa etária, as crianças também estão suscetíveis a ter vaginite por fatores não infecciosos, como:
- Produtos químicos usados no banho podem causar irritação e inflamação na vagina.
- Corpos estranhos deixados na região íntima, como pedaço de papel higiênico, podem provocar uma inflamação local.
Mulheres jovens
Em mulheres jovens, que estão na fase reprodutiva, a vaginite geralmente tem causa infecciosa.
Os tipos mais comuns de vaginite nessa fase são:
- Vaginose bacteriana: desequilíbrio na população de bactérias presentes na vagina, levando ao crescimento e multiplicação excessiva desses microrganismos, especialmente de Gardnerella sp.
- Vaginose citolítica: ocorre pela proliferação excessiva de bactérias Lactobacillus sp., o que resulta no aumento da acidez vaginal e na inflamação.
- Vaginite por Candida albicans: vaginite causada pela candidíase, uma infecção provocada pelo fungo Candida albicans.
- Vaginite por Trichomonas: vaginite causada por um protozoário (Trichomonas vaginalis), responsável por uma doença sexualmente transmissível, a tricomoníase.
Nesta fase da vida, algumas condições da vagina a protegem contra infecções bacterianas e fúngicas. Essa região é colonizada por bactérias boas, principalmente da espécie Lactobacillus sp., tem o pH ácido, entre 3,8 e 4,2, e altos níveis de estrogênio.
Essas condições dificultam a proliferação de bactérias patogênicas (ruins), que podem causar infecção e vaginite. Mas às vezes, fatores internos e externos alteram essas condições, tornando a região propícia ao desenvolvimento bacteriano:
- Aumento do pH local, tornando o ambiente mais alcalino. Isso pode ocorrer pela presença de sangue menstrual, sêmen ou uma baixa na população de bactérias do gênero Lactobacillus.
- Maus hábitos de higiene.
- Hábito de fazer ducha vaginal.
A vaginite não infecciosa pode ser causada por corpos estranhos deixados na vagina, como o esquecimento de um absorvente interno, ou por produtos químicos, que causam irritação.
Mulheres na menopausa
Na menopausa, os níveis de estrogênio caem, causando a atrofia vaginal, que é a diminuição da espessura vaginal. Esse fator deixa a região mais vulnerável a infecções e à vaginite.
Nesta fase, também, o pH vaginal fica mais alcalino, tornando a condição favorável ao crescimento de bactérias patogênicas.
Outras causas
Algumas causas não têm relação com a idade, podendo afetar mulheres de todas as faixas etárias, levando à vaginite:
- Presença de uma fístula entre o intestino e o trato genital, permitindo a comunicação entre essas duas estruturas. Pela fístula, podem passar bactérias do intestino para a vagina, causando infecção e inflamação (vaginite).
- Ter um tumor na região pélvica e fazer radioterapia: a radiação incidida sobre essa região compromete as defesas naturais da vagina, deixando-a suscetível a infecções e à vaginite.
- Alergia: sprays ou perfumes para a região íntima, absorventes íntimos, sabão ou amaciante, corante de tecido, fibras sintéticas, espermicidas, lubrificantes, preservativos e outros produtos que possam entrar em contato com a região.
- Ter feito um tratamento recente com antibióticos ou corticoides, que levam à uma baixa do sistema imunológico, podendo favorecer o crescimento de bactérias patogênicas.
- Estresse exagerado: pode levar à diminuição das defesas do corpo, deixando o organismo mais vulnerável às infecções.
Sintomas da vaginite
Na presença de vaginite, há a saída de um corrimento vaginal que é diferente do corrimento normal.
- Corrimento vaginal normal: esbranquiçado ou mucoso, que pode deixar a roupa íntima úmida. Não tem cheiro e não causa nenhuma irritação.
- Corrimento vaginal por causa de uma vaginite: o corrimento é acompanhado de coceira, vermelhidão e, em alguns casos, de dor, sensação de queimação ou leve sangramento. Em alguns casos, o corrimento pode ser amarelo-esverdeado ou cinza, e apresentar mau cheiro.
Outros sintomas típicos de vaginite são:
- Coceira na região íntima.
- Vermelhidão na região da vagina.
- Dor durante a relação sexual.
- Dor ou ardência ao urinar.
- Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga.
Diagnóstico da vaginite
O diagnóstico de vaginite é feito com exames clínicos e laboratoriais.
Em consultório, o médico ou médica ginecologista retira uma amostra de secreção vaginal, para medir o pH e verificar se está fora da faixa de normalidade.
As secreções também são analisadas em lâminas, para verificar se há presença de bactérias ou de outros microrganismos infectando a região
Se houver suspeita de doenças sexualmente transmissíveis, são feitos testes para Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis, responsáveis pelas infecções mais comuns: gonorreia e clamídia, respectivamente.
Tratamentos da vaginite
No tratamento da vaginite, a mulher deve manter a região íntima sempre limpa, evitando o uso de produtos desnecessários, como loções ou perfumes. Dê preferência a sabonetes neutros e opte por calcinhas de algodão, pois são mais respiráveis.
A coceira e a dor podem ser aliviadas com o uso intercalado de bolsas de gelo e banhos de assento com água morna e bicarbonato de sódio. Veja como fazer o banho de assento.
Em alguns casos, essas medidas não são suficientes para aliviar os sintomas, então o médico ou médica ginecologista pode receitar alguns medicamentos.
Se a vaginite não tiver causa infecciosa, pode ser indicada a aplicação de um corticoide na vulva, duas vezes ao dia. Em alguns casos, um anti-histamínico oral pode aliviar a coceira e ajudar a paciente a dormir.
As infecções são tratadas de acordo com o agente infeccioso, o que pode ser feito com antibióticos, antifúngicos e antimicrobianos que combatem protozoários.
Em casos de vaginite causada por objetos estranhos deixados na região íntima, o tratamento consiste na remoção do objeto e remediação da inflamação.
Durante e após o tratamento, evite usar protetores de calcinha com muita frequência e calças apertadas, que deixam a região íntima abafada.
As meninas devem ser instruídas sobre a forma correta de se fazer a higiene íntima, para evitar infecções e a vaginite. Algumas instruções que podem ser dadas às meninas pequenas são:
- Limpar-se sempre de frente para trás, após urinar ou evacuar.
- Lavar as mãos após ir ao banheiro e evitar coçar a região íntima.
Fontes e referências adicionais
- Prevalência de vaginites específicas e inespecíficas em mulheres na pós-menopausa, Revista Brasileira de Análises Clínicas, 2000; 32(4): 275-277.
- O valor preditivo positivo do esfregaço de Papanicolaou no diagnóstico da vaginite por Gardnerella vaginallis, Jornal Brasileiro de Ginecologia; 1990; 100(10): 361-362.
- Prevalência de cervicite, vaginites e vaginose bacteriana em mulheres climatéricas e não climatéricas, Journal of Health Sciences, 2007; 9(1): 37-43.
Fontes e referências adicionais
- Prevalência de vaginites específicas e inespecíficas em mulheres na pós-menopausa, Revista Brasileira de Análises Clínicas, 2000; 32(4): 275-277.
- O valor preditivo positivo do esfregaço de Papanicolaou no diagnóstico da vaginite por Gardnerella vaginallis, Jornal Brasileiro de Ginecologia; 1990; 100(10): 361-362.
- Prevalência de cervicite, vaginites e vaginose bacteriana em mulheres climatéricas e não climatéricas, Journal of Health Sciences, 2007; 9(1): 37-43.