Uma pesquisa internacional liderada por membros da Universidade Columbia trouxe à luz uma descoberta crucial sobre como diferentes profissões podem influenciar o risco de demência e declínio cognitivo na terceira idade. Ao analisar dados de mais de 7 mil idosos noruegueses com 70 anos ou mais, que trabalharam entre os 33 e 65 anos, os cientistas identificaram que as atividades físicas extenuantes durante a vida profissional aumentam significativamente o risco de demência. Essa pesquisa foi publicada na revista The Lancet Regional Health — Europa.
Os resultados revelam que os riscos de demência e declínio cognitivo para a população com 70 anos ou mais eram 15,5% maiores entre aqueles que exerceram profissões fisicamente exigentes em comparação com os que desempenharam funções com pouca demanda física, que apresentaram um risco estimado de apenas 9%.
É importante ressaltar que o aumento do risco não está exclusivamente relacionado ao trabalho, pois estudos anteriores indicaram que fatores como o sofrimento psicológico também podem contribuir para esse cenário.
As cinco profissões com maior risco de demência identificadas no estudo são:
- Auxiliares de enfermagem
- Vendedores
- Cuidadores
- Agricultores
- Pecuaristas
Os pesquisadores sugerem que nesses trabalhos, os maiores níveis de exigência física, falta de tempo para recuperação e exaustão podem contribuir para um maior desgaste somático.
Além disso, essas ocupações frequentemente envolvem falta de autonomia, jornadas de trabalho prolongadas, estresse, risco de esgotamento e, às vezes, baixo status socioeconômico, juntamente com exposição à poluição e risco de perda auditiva, fatores que podem adversamente afetar a cognição.
Ocupações menos propensas a causar demência
Por outro lado, profissões que apresentaram menor risco de demência incluem aquelas nas áreas de engenharia, administração e educação. Esses indivíduos geralmente desfrutam de trabalhos mais flexíveis, permitindo pausas e momentos de recuperação, evitando a exaustão.
Além disso, essas atividades podem ser mais estimulantes do ponto de vista cognitivo, o que pode ajudar a reduzir a probabilidade de demência com o envelhecimento, já que manter uma mente ativa é uma estratégia essencial.
Vale ressaltar que esta pesquisa se concentrou em pessoas que estavam no auge de sua atividade produtiva entre os anos 1970 e 1980, o que significa que ocupações contemporâneas, como técnico de informática, programador, atendente de telemarketing e produtor de conteúdo, não foram consideradas. O impacto dessas atividades modernas na capacidade cognitiva ao longo do processo de envelhecimento exigirá estudos futuros para ser compreendido em sua totalidade.
Atividade física
Por fim, os autores destacam o paradoxo da atividade física: embora a atividade física durante o lazer esteja associada a melhores resultados cognitivos na velhice, a atividade física relacionada ao trabalho pode aumentar o risco de demência.
Esse fenômeno requer uma investigação mais aprofundada por meio de estudos futuros para entender completamente suas implicações.