A história de Clemilda Caetano dos Santos, de 82 anos, é um exemplo tocante de superação. No ano de 2020, ela enfrentou um tratamento contra o câncer na face que resultou na remoção de grande parte de seu nariz.
Durante o processo de cicatrização, Clemilda, envergonhada, optou por se isolar e evitar o contato com pessoas além de seus familiares próximos. Somente após algum tempo, ela sentiu-se mais confortável para sair de casa sem preocupações.
Três meses após a cirurgia, um momento de alívio e felicidade chegou para Clemilda. Em dezembro do mesmo ano, ela recebeu uma prótese doada pelo Clinirad do Hospital Angelina Caron (HAC), localizado no Paraná.
A notícia de que receberia a prótese antes do Natal encheu a mulher de alegria. Infelizmente, a situação de Clemilda não é a realidade de muitos pacientes oncológicos, que esperam anos até receberem implantes essenciais para a restauração de sua autoestima. Veja: 15 poderosos alimentos que previnem o câncer.
A dentista especialista em prótese bucomaxilofacial pela USP e em oncologia multiprofissional, Karin Barczyszy, relata que não é raro encontrar pacientes que passaram por remoções de tumores faciais há cinco anos e ainda aguardam por próteses.
De acordo com Karen, que é responsável por fazer as próteses no hospital de Curitiba em parceria com o oncologista Luciano Saboia, essas pessoas enfrentam grandes dificuldades para viver com naturalidade, evitando sair de casa e tirar fotos.
Iniciativa de doação de próteses faciais
Ainda que o HAC seja uma instituição particular, aproximadamente 60% dos pacientes atendidos são do Sistema Único de Saúde (SUS) e não têm condições de arcar com os custos das próteses.
Consciente dessa dificuldade, o hospital desenvolveu um projeto de doação de próteses faciais gratuitas para os pacientes que realizam tratamento oncológico em suas instalações.
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O projeto abrange a confecção de próteses para olhos, nariz, orelhas, céu da boca e outras partes do rosto. Em novembro do ano passado, o projeto foi premiado no Congresso da Sociedade Latino-Americana de Reabilitação Bucomaxilofacial.
As próteses preparadas pelo hospital são impressas em 3D por alunos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Em seguida, são revestidas de silicone e pintadas manualmente por Karin, para que se adaptem melhor ao rosto de cada paciente.
Elas são criadas conforme as medidas da face dos pacientes e com modelos disponíveis para que eles possam experimentá-las.
Geralmente, é preciso aguardar o processo de cicatrização da pele ao redor da área onde ocorreu a remoção, pois a prótese é fixada com uma cola especial e é necessária uma pele saudável e resistente para recebê-la;
No entanto, existe uma exceção para os pacientes que tiveram o céu da boca retirado, pois a ausência dessa parte do corpo afeta diretamente a capacidade de se alimentar e falar normalmente. Nesses casos, a prótese é fornecida durante a própria cirurgia de remoção do câncer. As informações são do Metrópoles.