Segundo o oncologista Suneel Kamath, em todo o mundo, cerca de 4,5 milhões de mortes relacionadas ao câncer, aproximadamente 45% delas, são atribuídas a fatores comportamentais como fumar, beber e um estilo de vida sedentário. Ele afirmou que essa é uma porcentagem muito maior do que se imaginava anteriormente.
Embora todas as mudanças de estilo de vida que uma pessoa pode fazer não sejam capazes de garantir que ela nunca terá câncer ou outros tipos de problemas de saúde, já que outros fatores podem influenciar o desenvolvimento de doenças, como questões genéticas, os efeitos delas passam longe de ser nulos.
“Enquanto pouco menos da metade das mortes por câncer são preveníveis, a realidade é que mais da metade delas não é. Infelizmente, pessoas com estilos de vida muito saudáveis ainda desenvolvem o câncer – mas, ao mesmo tempo, nós precisamos pegar cada oportunidade que pudermos para maximizar a prevenção, afirmou o Dr. Kamath.
Sem contar que melhorar o estilo de vida traz benefícios para a saúde como um todo. Portanto, se existem estratégias que podem diminuir o risco de câncer, mesmo que não garantam que a doença nunca vai aparecer, vale a pena conhecê-las e colocá-las em prática. Confira seis delas na lista a seguir!
1. Parar de fumar
Conforme explicou o Dr. Kamath, as substâncias químicas no fumo ou fumaça do cigarro danificam o DNA, o que pode fazer com que células normais se transformem em células cancerosas.
Então, se as células cancerosas começarem a crescer no corpo, as substâncias químicas presentes nos cigarros também podem prejudicar a habilidade do corpo de reparar o dano causado ao DNA, de modo que ele não consegue acabar com essas células cancerosas, completou o especialista.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o tabagismo contribui para o desenvolvimento dos seguintes tipos de câncer:
- Leucemia mielóide aguda
- Câncer de bexiga
- Câncer de pâncreas
- Câncer de fígado
- Câncer do colo do útero
- Câncer de esôfago
- Câncer de rim e ureter
- Câncer de laringe (cordas vocais)
- Câncer na cavidade oral (boca)
- Câncer de faringe (pescoço)
- Câncer de estômago
- Câncer de cólon e reto
- Câncer de traqueia, brônquios e pulmão
2. Reduzir bastante ou eliminar o álcool
Dados apontam que quanto menos se bebe, menor é o risco de ter câncer e que quanto mais se bebe, maior se torna o risco de desenvolver a doença. O consumo regular de álcool aumenta as chances de ter câncer de:
- Mama
- Cólon e reto
- Esôfago
- Laringe
- Fígado
- Bucal
- Garganta
Mas, não tem essa história de uma bebida alcoólica ser melhor ou pior que a outra quando se trata do risco de câncer.
De acordo com o Dr. Kamath, todos os tipos de álcool estão associados a um aumento no risco de câncer, o que inclui cerveja, vinho tinto e branco, licor, coquetéis, enfim, todos.
3. Ter um peso saudável
Um estudo de agosto de 2022, publicado na revista médica The Lancet, identificou o Índice de Massa Corporal (IMC) alto como uma das três causas preveníveis de mortes relacionadas ao câncer, ao lado do hábito de fumar e do uso de álcool.
Segundo o Dr. Kamath, a obesidade representa um aumento modesto no risco de quase todo tipo de câncer. “O risco de cada indivíduo a partir disso não é tão grande, mas se você olhar para os níveis populacionais, você vai identificar que centenas de milhares de cânceres são causados pela obesidade.
Conheça outro estudo que associou o excesso de peso ao aumento do risco de desenvolver câncer.
Mas, a questão não é tão simples, pois o IMC não é uma medida tão precisa acerca do peso saudável. O que se sabe é que alguns fatores que levam à obesidade e ao sobrepeso podem ser controlados e mudados pelas pessoas.
Por exemplo, ter um estilo de vida sedentário e uma dieta de baixa qualidade podem contribuir com o ganho de peso. Esses fatores também aumentam o risco de doença cardíaca, mesmo que o IMC seja considerado saudável.
Portanto, mais do que olhar apenas para o IMC, o número na balança ou o tamanho que você veste, vale a pena se focar em ter um estilo de vida saudável e fazer escolhas positivas para o seu peso e saúde, mesmo que você não esteja acima do peso. Por exemplo:
- Seguir uma dieta balanceada e nutritiva.
- Praticar exercícios regularmente.
- Dormir o suficiente e ter um sono de boa qualidade.
- Controlar os níveis de estresse.
O Dr. Kamath disse que não é preciso fazer mudanças repentinas e drásticas, mas começar com pequenas modificações que podem ser mantidas por meses e anos já faz uma grande diferença.
4. Fazer sexo seguro
O estudo de agosto de 2022 também citou o sexo sem proteção um fator de risco para o câncer, especialmente câncer cervical ou do colo do útero, em mulheres ao redor do mundo.
Fazer sexo com proteção é importante para evitar infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). De acordo com Sociedade Americana de Microbiologia, já mostrou-se que diversas ISTs podem aumentar o risco de desenvolver certos tipos de câncer.
5. Evitar alimentos ultraprocessados
Os alimentos ultraprocessados podem ser práticos, de fácil acesso e saborosos, mas segundo o Dr. Kamath, pesquisadores suspeitam que essas comidas contribuem com o risco de câncer.
6. Exposição ao sol
A pesquisa de agosto de 2022 não analisou especificamente a exposição ao sol, mas apontou que os raios ultravioleta também são uma causa prevenível de câncer. Portanto, vale a pena tomar cuidado com o tempo de exposição ao sol e sempre usar protetor solar. As informações são da Cleveland Clinic.
Fontes e referências adicionais
- How To Prevent Cancer: 6 Ways To Lower Your Risk, Cleveland Clinic.
- Tabagismo, Instituto Nacional de Câncer (INCA).
- The Global Burden of Cancer Attributable to Risk Factors, 2010–19: A Systematic Analysis for the Global Burden of Disease Study 2019, The Lancet.
- Cervical Cancer, Mayo Clinic.
- The Dangers of Undiagnosed Sexually Transmitted Infections, American Society for Microbiology.
Fontes e referências adicionais
- How To Prevent Cancer: 6 Ways To Lower Your Risk, Cleveland Clinic.
- Tabagismo, Instituto Nacional de Câncer (INCA).
- The Global Burden of Cancer Attributable to Risk Factors, 2010–19: A Systematic Analysis for the Global Burden of Disease Study 2019, The Lancet.
- Cervical Cancer, Mayo Clinic.
- The Dangers of Undiagnosed Sexually Transmitted Infections, American Society for Microbiology.