Diabetes e Álcool – Efeitos e Cuidados

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Se você tem diabetes, mas sempre teve o hábito de consumir bebidas alcoólicas, é muito importante que você aprenda sobre os efeitos e os cuidados na relação entre diabetes e álcool. E, mais importante ainda, você também aprenderá sobre como fazer para equilibrar essa relação sem precisar fazer grandes sacrifícios na sua vida por causa da diabetes.

A relação direta entre diabetes e álcool se reflete justamente na manutenção do controle glicêmico do sangue, por conta da não-adesão do paciente ao tratamento e da possível interferência do álcool no controle glicêmico.

Vamos explorar essa questão a seguir e mostrar a forma como a relação entre diabetes e álcool deve ser encarada para não comprometer a saúde.

O que é diabetes?

Diabete mellitus é uma doença que se caracteriza pelo excesso de açúcar no sangue (hiperglicemia), devido à baixa produção do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas, ou pela incapacidade do corpo de lidar adequadamente com a insulina produzida.

Este órgão estimula a entrada do açúcar nas células, onde este será metabolizado e transformado em energia, ou armazenado na forma de gordura. O hormônio pode ser liberado em quantidade adequada, mas pode não ser suficiente para agir nas células, o que é chamado de resistência à insulina, e é aí que se desenvolve a diabetes.

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Sintomas de diabetes e álcool

Sonolência, tontura e falta de orientação são sintomas comuns ao elevado consumo de álcool e à falta de açúcar no sangue. Mas estar bêbado é uma coisa, e hipoglicemia é outra. Por esse motivo, lembramos que sempre tenha consigo um cartão médico de identificação diabética.

O que acontece

O que acontece no corpo quando ingerimos uma bebida alcoólica? A velocidade com que o álcool se move na corrente sanguínea é tão rápida que o estômago não tem capacidade de metabolizá-lo. A quantidade de álcool pode ser medida cinco minutos após a ingestão, porque rapidamente a corrente sanguínea fica inundada de álcool. O órgão responsável pelo metabolismo do álcool é o fígado, que em cerca de duas horas completa esse processo, tendo como referência uma pessoa relativamente sadia.

Caso uma pessoa beba de forma mais rápida do que o corpo possa metabolizar, o excesso de álcool se move através da corrente sanguínea, e vai para outras partes do corpo, principalmente para o cérebro. E é a partir daí que se sente a “onda” do álcool, ou seja, aquela sensação de torpor, de um bem estar aparente.

Uma frequente causa da hipoglicemia (baixa taxa de açúcar no sangue) em não diabéticos é o consumo de álcool. No caso da diabetes, é preciso tomar cuidado, porque o consumo de álcool pode acentuar uma hipoglicemia.

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Pesquisadores afirmam que diabéticos devem consumir uma quantidade moderada de álcool, de preferência no horário das refeições, e somente se a diabetes estiver controlada. Os níveis de glicose no sangue não se altera com um drink, a curto prazo.

Se o paciente estiver tomando medicamentos para estímulo de insulina no pâncreas, a ingestão de álcool pode levar a uma diminuição de açúcar no sangue, o que pode ser grave, porque o fígado terá de trabalhar para remover o álcool do sangue, em vez de desempenhar o seu papel principal, que é regular o açúcar do sangue.

Relação entre diabetes e álcool

Na maioria das vezes, o abuso de álcool ou dependência ocorre em paralelo com a diabetes. As taxas de incidência que incluem diabetes, hipertensão arterial e derrame são significativamente maiores dentre aqueles com problemas com álcool ou drogas, comparados aos que não ingerem estas substâncias. As estatísticas apontam que a porcentagem da incidência dessa relação entre diabetes e álcool é elevada.

Efeitos do álcool na diabetes

A quantidade de álcool ingerida reflete diretamente nos níveis de açúcar no sangue. Uma quantidade moderada eleva essas taxas, mas o excesso de álcool pode diminuir tanto esses níveis a ponto de chegar a um estágio perigoso, especialmente nos diabéticos tipo 1. A taxa de açúcar também pode se elevar com a ingestão de cerveja ou vinho suave por estes conterem carboidratos.

Um outro fator que pode interferir nos níveis de açúcar no sangue é o estímulo do apetite pelo álcool, que por consequência, pode fazer a pessoa comer em excesso. O álcool tem muitas calorias, o que dificulta a perda de peso, ou pode afetar seu julgamento, obrigando-o a fazer opções por alimentos não tão saudáveis. Pior ainda, se ele interferir nos efeitos positivos dos remédios orais para diabetes ou na insulina.

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O álcool pode aumentar ainda os níveis de triglicerídeos e a pressão sanguínea, ou causar vômitos, náusea, aumento do ritmo cardíaco, além de fazer com que a fala fique arrastada. O perigo é que todos esses fatores podem mascarar os sintomas de baixo nível de açúcar no sangue.

Beber álcool ou não?

Essa pergunta é frequente. A maioria dos pacientes com diabetes sabe o quanto os alimentos interferem no seu nível de glicose, mas não têm certeza se a mistura de álcool e diabetes é segura. A Associação Americana de Diabetes recomenda que se perguntem:

  1. Minha diabetes está sob controle?
  2. Tenho problemas de saúde que podem se agravar com o álcool, como deterioração do nervo diabético ou alta pressão arterial?

Você pode beber ocasionalmente, somente quando sua diabetes e níveis de açúcar estiverem controlados. Se estiver seguindo uma dieta de controle de calorias, inclua os dados do álcool com valores dobrados. Mesmo assim, consulte seu médico.

Para que você seja capaz de fazer uma avaliação total acerca da quantidade de álcool que você pode ingerir, o ideal é que você conheça o máximo possível sobre as calorias das bebidas alcoólicas e sobre os carboidratos contidos em cada uma delas. Sendo que, quanto mais calorias, maior a chance de ter mais carboidratos. É essencial que você sempre confira os carboidratos das bebidas que você pretende ingerir. A partir dessas informações, você estará mais apto a tomar todas essas decisões.

Alternativas

Os diferentes tipos de bebidas alcoólicas afetarão os níveis de glicose dependendo da quantidade de carboidratos que elas contêm. As cervejas tendem a aumentar os níveis de açúcar, principalmente se você ingerir mais de uma caneca. Os vinhos tendem a ter menos carboidratos do que a cerveja, portanto, podem ter um efeito menor nos níveis de açúcar.

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Bebidas como whisky, vodka, rum e gim não possuem carboidratos significativos, então não devem aumentar muito os níveis glicêmicos. Mas se eles forem preparados num drink com vários outros ingredientes, isto deve ser levado em consideração.

O álcool contém um número significativo de calorias, portanto se estiver observando seu peso, talvez deva limitar sua ingestão de álcool. Ele pode danificar os órgãos, como o fígado, coração, pâncreas e até mesmo a pele.

As pessoas com diabetes são mais suscetíveis a danos aos órgãos, por isso esta é mais uma razão para se reduzir o consumo de álcool. A recomendação é duas doses para as mulheres, e três para os homens.

Cuidados

Sabe-se que o autocuidado está intimamente relacionado com a progressão da doença, e que muitos pacientes são negligentes com as recomendações. O álcool é considerado uma barreira para a aderência dos diabéticos no autocuidado, e afeta o curso da diabetes, levando à morbidez e mortalidade.

A aderência às recomendações do tratamento é a medida mais eficaz para o controle da diabetes, segundo pesquisas feitas. O autotratamento inclui monitoramento da glicose, a prática de exercícios e uma dieta apropriada

Você pode seguir muitos tipos de dietas nesse caso, mas o ideal é que você possa seguir, no mínimo, as dicas de dieta para diabetes, pois elas são essenciais para que você possa equilibrar a sua alimentação e adequar a sua ingestão de álcool de acordo com a sua dieta.

Evite beber com o estômago vazio, porque vai aumentar rapidamente a quantidade de álcool na corrente sanguínea. Também não beba em excesso, e nunca substitua o álcool por uma refeição. Tudo isso pode aumentar o risco de hipoglicemia. Também não misture álcool com exercícios – a atividade física e o álcool aumentam as chances de baixarem as taxas de açúcar do sangue.

Monitore os seus níveis de açúcar antes, durante e depois de consumir álcool. Verifique também antes de dormir. Carregue sempre consigo pastilhas de glicose, ou outro açúcar.

Fontes e Referências Adicionais:

Por fim, além dos efeitos da relação entre diabetes e álcool em si, o consumo também se relaciona negativamente com os medicamentos para a diabetes. Fique atento e não deixe de consultar seu médico!

Você já conhecia a relação entre diabetes e álcool, seus efeitos e cuidados a serem tomados? Possui essa condição e consome bebidas alcóolicas mesmo assim? Comente abaixo.

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Sobre Dra. Patricia Leite

Dra. Patricia é Nutricionista - CRN-RJ 0510146-5. Ela é uma das mais conceituadas profissionais do país, sendo uma referência profissional em sua área e autora de artigos e vídeos de grande sucesso e reconhecimento. Tem pós-graduação em Nutrição pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é especialista em Nutrição Esportiva pela Universidad Miguel de Cervantes (España) e é também membro da International Society of Sports Nutrition.

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