A doença de Crohn é uma condição de longo prazo que provoca inflamação no sistema digestivo, podendo atingir diferentes áreas desse sistema em diferentes pessoas, ainda que as ocorrências mais comuns se deem na última seção do intestino delgado ou no intestino grosso.
Não se conhece a causa exata para a doença, entretanto, pesquisas sugerem que uma combinação de fatores como questões genéticas, problemas no sistema imunológico, infecções anteriores, o hábito de fumar e questões ambientais (a doença é mais comum em países ocidentalizados e menos comum nas regiões mais pobres do planeta) podem ser responsáveis pelo desenvolvimento da doença.
Entre os sintomas da doença de Crohn, encontram-se: diarreia, dor abdominal, fadiga, perda de peso não intencional, sangue e muco nas fezes, cólica, redução do apetite, feridas na boca e dor perto ou ao redor do ânus por conta da inflamação de uma fístula (conexão anormal entre diferentes partes do corpo).
Casos severos da condição ainda podem apresentar sintomas como inflamação nos olhos, na pele e nas articulações, inflamação no fígado ou dos canais biliares e atraso no crescimento ou no desenvolvimento sexual em crianças. As informações são do Serviço Nacional de Saúde (NHS, sigla em inglês) do Reino Unido.
O tratamento da doença de Crohn
A NHS explicou que atualmente não existe cura para a condição e que o objetivo do tratamento para a doença é parar o processo inflamatório, aliviar os seus sintomas e evitar a cirurgia sempre que possível.
Esse tratamento inicialmente pode incluir a utilização de medicamentos, prescritos pelo médico, para diminuir os sintomas ou reduzir a inflamação, explicou o serviço de saúde. A partir do momento que os sintomas encontram-se controlados, o uso de remédios ainda pode ser necessário para ajudar a manter esses sinais sob controle, esclareceu a organização.
Ainda assim, em alguns casos, pode ser que o médico indique a realização de uma cirurgia para remover a parte do intestino que encontra-se inflamada, completou a NHS.
Ao receber o diagnóstico da doença de Crohn, é fundamental seguir todos os cuidados referentes ao tratamento, que foram passados pelo médico, porque a condição pode gerar complicações como obstrução intestinal, úlceras, fístulas, fissura anal, desnutrição, câncer de cólon, anemia, distúrbios da pele, osteoporose, artrite e doença no fígado ou na vesícula biliar.
A dieta para doença de Crohn
Como vimos, a condição não tem cura, logo não existe uma dieta para doença de Crohn, no sentido de acabar com ela. Entretanto, a alimentação apropriada pode auxiliar o tratamento para o controle da doença, que sempre deve ser indicado pelo médico que é qualificado para fazer esse tipo de prescrição.
Até porque não existem evidências firmes de que o que uma pessoa come pode provocar a condição; porém, alguns alimentos podem piorar os sintomas, especialmente durante os ataques da doença.
É possível que o médico indique uma dieta especial por meio de um tubo de alimentação (nutrição enteral) ou a chamada nutrição parenteral, com nutrientes injetados em uma veia.
Isso serve para melhorar a nutrição de maneira geral e permitir o descanso do intestino, algo que pode diminuir a inflamação em curto prazo.
Esclarecemos que a nutrição enteral e a nutrição parenteral são geralmente utilizadas para deixar os pacientes mais saudáveis antes de uma cirurgia ou quando os medicamentos não conseguem controlar os sintomas.
O médico também pode recomendar uma dieta para doença de Chron com baixos resíduos e baixa ingestão de fibras para diminuir o risco de bloqueio intestinal para quem tem um estreitamento no intestino.
A dieta de baixos resíduos consiste em focar no consumo de alimentos de fácil digestão e cortar aqueles que são difíceis de digerir, como os itens ricos em fibras. Essa dieta limita a ingestão de itens como pães integrais, cereais, nozes, frutas secas ou frescas e vegetais.
A dieta de baixos resíduos serve ainda para diminuir a quantidade e o tamanho das fezes. Isso ameniza sintomas como diarreia, inchaço, gases e cólicas estomacais.
Para quem sofre com doenças inflamatórias do intestino, como a de Chron, os alimentos ricos em fibras como frutas, vegetais e grãos integrais podem até piorar os sintomas.
Os alimentos que geralmente causam mais problemas são brócolis, couve-flor, nozes, sementes, milhos e pipoca. Para quem tem problemas com frutas e vegetais crus, uma sugestão é tentar cozinhar a vapor, assar ou cozinhar normalmente esses alimentos.
Comidas picantes, bebidas alcoólicas e cafeína também podem piorar os sintomas da doença de Chron. Alertamos também sobre as bebidas gaseificadas, já que elas frequentemente produzem gases.
Os produtos laticínios
Laticínios fazem parte da lista de alimentos que devem ter o seu consumo limitado. Isso porque muitas pessoas com condições inflamatórias intestinais como a doença de Chron percebem melhorias em sintomas como diarreia, dor abdominal e gases ao limitar ou eliminar os produtos laticínios da alimentação.
Escolher alimentos com baixo teor de gordura
É um conselho para quem tem a doença de Chron no intestino delgado. Isso porque essas pessoas podem não conseguir digerir gorduras normalmente. Com isso, as gorduras acabam passando pelo intestino, o que piora a diarreia.
Por isso, outra recomendação para quem sofre com a condição é evitar alimentos gordurosos como manteiga, molhos cremosos e frituras, por exemplo.
Fazer mais refeições pequenas ao longo do dia e beber muita água
O paciente pode sentir-se melhor fazendo de cinco a seis refeições pequenas diariamente do que ao fazer duas ou três refeições grandes por dia. Recomenda-se, também, tentar consumir bastante líquidos ao longo do dia, dando preferência à água.
Ter o acompanhamento de um médico e um nutricionista em relação à dieta
Isso é importante para entender o que funciona melhor para a sua alimentação na prática, tendo em vista as particularidades do seu quadro. Lembrando que os dados deste artigo servem somente como informação e jamais podem substituir uma prescrição médica ou nutricional. Ou seja, é preciso seguir a dieta para doença de Crohn que for indicada pelo médico.
Recomendamos buscar a ajuda do nutricionista especialmente para os casos em que o paciente começar a perder peso ou a sua dieta tornar-se muito limitada. O profissional pode ajudar e montar refeições que não agravem os sintomas da doença, ao mesmo tempo em que fornecem os nutrientes e a energia que o organismo necessita para funcionar corretamente.
A organização informou ainda que pode haver a necessidade do uso de suplementos de vitaminas e minerais porque a dieta para doença de Crohn pode ser limitada e porque a condição pode afetar a absorção de nutrientes por parte do corpo. Entretanto, é preciso checar com o médico antes de tomar qualquer suplemento.
Até porque é preciso ter certeza de que o suplemento em questão não vai interagir com nenhum medicamento que esteja sendo utilizado, se ele realmente é útil para as necessidades do paciente e qual a sua dosagem segura.