A vesícula, é um dos principais componentes do sistema digestivo, e tem como função principal armazenar e concentrar a bile, uma enzima digestiva castanho-amarelada que é produzida pelo fígado.
Quando o funcionamento da vesícula biliar não vai bem, a pessoa costuma apresentar um desconforto e até dores fortes neste órgão. Quanto mais cedo o diagnóstico é feito e quanto antes o tratamento é iniciado, melhor será a recuperação.
Normalmente, o que causa as dores neste órgão, são as pedras formadas pelo acúmulo de cálcio e colesterol, também conhecidas como cálculo biliar, que pode ser formado no interior da vesícula biliar (em 90% dos casos) ou dos ductos biliares (dentro e fora do fígado).
Essas dores causam náuseas e vômitos, dor no ombro direito e dor entre as escápulas dos ombros, quando um cálculo biliar fica preso em um canal da vesícula.

O órgão funciona como um reservatório de bile quando a substância não está sendo utilizada para a digestão. Já quando o alimento entra no intestino delgado, um hormônio conhecido pelo nome de colecistocinina é liberado, e sinaliza à vesícula que ela deve contrair e excretar a bile no intestino delgado.
A bile é uma enzima que auxilia o processo de digestão porque atua na quebra (digestão) de gorduras. Além disso, ela drena produtos residuais do fígado para o duodeno, que é uma parte do intestino delgado.
O excesso de sais de bile, de bilirrubina (substância alaranjada que é produzida quando o fígado decompõe glóbulos vermelhos velhos) ou de colesterol pode provocar o desenvolvimento de cálculos biliares.
A retirada cirúrgica da vesícula biliar, também chamada de colecistectomia, é justamente a forma de tratamento mais comum para os cálculos biliares. Sua retirada não é algo banal que pode ser ignorado e, por isso, precisa ser cuidada, com a adoção de uma dieta apropriada.
- Veja também: Os tipos de remédios para vesícula e para o alívio das dores.
 

A dieta para quem tirou a vesícula
Toda cirurgia requer os seus cuidados específicos, o que pode incluir precauções que devem ser tomadas em relação à alimentação. E isso não é diferente quando falamos da colecistectomia.
Conforme um artigo publicado pelo Cleveland Clinic, nos primeiros dias após a cirurgia a recomendação é que a pessoa comece a ingerir apenas líquidos, como caldos e gelatinas e, depois, gradualmente vá adicionando mais alimentos sólidos à sua dieta.
Diretrizes publicadas em 2016 no Journal of Hepatology indicam que 10 a 40% das pessoas submetidas a uma colecistectomia sofrem de diarréia e de outros sintomas gastrointestinais, mas que é possível reduzir ou até evitar tais sintomas com alguns cuidados com a alimentação após o procedimento.
Na prática, não há uma dieta específica para quem retirou a vesícula. Isso acontece porque as diretrizes da dieta após a realização da cirurgia variam de pessoa para pessoa. Entretanto, alguns pontos devem ser considerados justamente para evitar desconfortos gastrointestinais e deficiências nutricionais devido à má absorção de nutrientes essenciais.
As gorduras

A limitação das gorduras na alimentação depois de uma cirurgia de remoção da vesícula serve para evitar desconfortos intestinais decorrentes da circulação livre da bile até o intestino.
Além disso, as gorduras são difíceis de digerir e contém menos nutrientes do que a maioria dos alimentos considerados saudáveis, com é o caso dos vegetais ricos em fibras. E isso pode fazer com que o corpo gaste muita energia para digerir as gorduras e receba poucos nutrientes em troca.
Portanto, para minimizar problemas intestinais depois da realização da colecistectomia, uma das recomendações é reduzir o teor de gordura nas refeições. A orientação é escolher comidas livres ou com baixo teor de gorduras, que são aquelas que possuem menos de 3 g de gordura por porção.
Especialmente nas primeiras semanas após a remoção da vesícula, é melhor evitar carnes gordurosas e alimentos processados ricos em gorduras (como o leite, o iogurte, a maionese e o sorvete) para que o corpo vá se adaptando aos poucos com a ausência deste órgão e para que a pessoa não sofra muitos desconfortos intestinais nestes primeiros dias de recuperação.
Uma boa dica é sempre que possível, optar por porções moderadas de gorduras saudáveis como o óleo de coco, as nozes e o abacate, por exemplo.
Consumir mais fibras
Uma outra alternativa para combater problemas intestinais após a cirurgia de retirada da vesícula é aumentar o teor de fibras na dieta, o que pode ajudar a normalizar os movimentos intestinais.
As fibras, quando consumidas em quantidades moderadas, podem melhorar o processo digestivo na ausência da vesícula biliar. É recomendado acrescentar alimentos que sejam fontes de fibras solúveis como aveia, cevada, centeio, frutas, legumes, verduras e feijões.
Entretanto, o aumento da ingestão de fibras na dieta deve acontecer de maneira gradual, pois um aumento repentino no consumo desse nutriente pode agravar problemas como gases e cólicas.
Além disso, é muito importante consumir uma boa quantidade de água ao longo do dia para acompanhar a ingestão de alimentos que servem como fonte de fibras, e com isso evitar quadros de intestino preso (constipação).
Alimentos a serem evitados

Outra recomendação de dieta para quem tirou a vesícula é evitar o consumo de produtos com cafeína, comidas picantes, produtos laticínios e alimentos muito doces, porque eles tendem a piorar os desconfortos intestinais que podem ser observados após a retirada da vesícula.
Além disso, a cafeína pode deixar o estômago mais ácido, o que faz com que ele esvazie numa velocidade mais rápida, causando muito desconforto para quem acabou de retirar este órgão. Dessa forma, é bom limitar o consumo de qualquer alimento ou bebida com cafeína, e isso inclui os chás, os refrigerantes, as bebidas energéticas e o chocolate.
Veja também: Aprenda a fazer os principais chás caseiros para pedra na vesícula.
Uma outra orientação para quem retirou a vesícula é fazer refeições mais frequentes, porém, com porções menores. A escolha errada de alguns alimentos após a cirurgia de remoção da vesícula pode induzir a dor, inchaço e diarreia.
Outras dicas de dieta importantes
Existem mais alguns ajustes que as pessoas que retiraram a vesícula podem fazer à sua dieta para ajudar em sua recuperação, como por exemplo:
- Substituir ingredientes básicos nas receitas: alimentos gordurosos geralmente usados em receitas, como os ovos e a manteiga, podem ser substituídos em um primeiro momento para diminuir a quantidade de gordura na dieta. A pessoa pode optar por quantidades moderadas de óleo de coco no lugar da manteiga e trocar o ovo por uma mistura de linhaça ou de chia com um pouco de água.
 - Seguir uma dieta vegetariana: pode parecer exagero, mas considerar uma dieta vegetariana por algumas semanas irá ajudar a limitar o teor de gorduras na dieta, que são mais difíceis de digerir sem a vesícula biliar.
 - Manter o peso: Uma pesquisa de 2011 publicada no Southern Medical Journal sugere que manter um peso saudável por meio de uma dieta equilibrada e se exercitar regularmente assim que o médico liberar é importante para garantir uma boa digestão naqueles que retiraram o órgão.
 
Cuidados
Caso a diarreia não diminua ou torne-se mais severa ao ponto da pessoa começar a perder peso e ficar fraca, a orientação é procurar o médico, que poderá prescrever algum remédio e/ou multivitamínico.
Dentro de um mês, a maioria das pessoas que passam pela retirada da vesícula podem voltar a uma dieta regular (levando em conta as recomendações específicas para o caso).
Entretanto, é preciso ficar de olho e avisar ao médico caso experimente sintomas como dor abdominal persistente, náusea, vômito, icterícia (amarelamento dos olhos, da mucosa e da pele), ausência de movimentos intestinais ou diarreia por mais de três dias após a cirurgia.
Considerações importantes
O objetivo deste artigo é trazer informações gerais a respeito de como a dieta para quem tirou a vesícula pode funcionar. Qualquer dúvida sobre alimentação que a pessoa tenha após a retirada deste órgão deve ser submetida ao médico, assim como, deve ser obedecida todas as recomendações feitas por este profissional em relação a todo o período que antecede e sucede a cirurgia, para que tudo ocorra com segurança.
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Fontes e referências adicionais
- Cholecystectomy (gallbladder removal), Mayo Clinic
 - Can you recommend a diet after gallbladder removal?, Mayo Clinic
 - What to Eat After You Have Your Gallbladder Removed, Cleveland Clinic
 - Dieting & Gallstones, National Institute od Diabetes and Digestive and Kidney Diseases
 
Fontes e referências adicionais
- Cholecystectomy (gallbladder removal), Mayo Clinic
 - Can you recommend a diet after gallbladder removal?, Mayo Clinic
 - What to Eat After You Have Your Gallbladder Removed, Cleveland Clinic
 - Dieting & Gallstones, National Institute od Diabetes and Digestive and Kidney Diseases
 









