Cynthia Thomson, nutricionista e especialista em prevenção do câncer, diz que três suplementos simples podem fazer toda a diferença na prevenção do câncer. A profissional ainda reforçou, aliás, que nem sempre é necessária uma dieta “mirabolante” para evitar a doença.
A especialista, que foi diagnosticada com a doença, contou que tinha uma rotina saudável antes de descobrir o câncer. “Eu era nutricionista e corria maratonas quando fui diagnosticada com câncer colorretal e tinha 40 e poucos anos. Há muito câncer que não podemos prevenir, que não temos ideia de por que as pessoas estão contraindo”, alerta.
No entanto, existem dois suplementos facilmente encontrados, até mesmo em alimentos que consumimos diariamente, que fazem a diferença na prevenção do risco de desenvolver doenças mortais, inclusive alguns tipos de câncer: seriam o cálcio e vitamina D.
No último estudo de Thompson, publicado na Annals of Internal Medicine no dia 11 de março, a profissional acompanhou mais de 36.280 mulheres na pós-menopausa. Elas foram aleatoriamente designadas para tomar vitamina D e cálcio ou, sem saber, tomar uma pílula placebo, por um período de cerca de sete anos.
Resultados e riscos da suplementação
Com o tempo, os suplementos pareciam ter um efeito pequeno, mas significativo na redução das mortes por câncer. Entretanto, a ingestão desses nutrientes não os torna isentos de riscos.
Vinte e dois anos após o início do estudo, os pesquisadores continuaram analisando o desempenho e perceberam a redução de 7% das mortes relacionadas ao câncer entre as pessoas que tomaram suplementos de vitamina D e cálcio.
Essa redução foi bastante significativa em casos de câncer de mama invasivo (19%) e câncer colorretal (31%), este último, como o que Thomson teve.
As notícias, entretanto, não foram completamente positivas: as mulheres que ingeriram as vitaminas D e cálcio também apresentaram um aumento modesto de 6% no risco de desenvolver doenças cardiovasculares, principal causa de morte de homens e mulheres nos Estados Unidos.
Thomson e seus pesquisadores não souberam precisar o motivo por trás desse aumento, mas a suspeita é que a diferença é causada pelos suplementos de cálcio, que encorajam mais calcificação das artérias coronárias.
“Eu não gostaria que os cardiologistas dissessem: ‘Ninguém deveria tomar suplementos de cálcio’; ou que os oncologistas dissessem: ‘Todos deveriam tomá-los’, nós realmente precisamos olhar para os perfis individuais. Acho que é aqui que estamos indo na medicina. Não será uma solução única para todos”, analisou.
Apesar dos riscos ao coração, Thomson reforçou que ainda toma suplementos de vitamina D e cálcio todos os dias, mas que não é para as pessoas copiarem sua dieta. É bom lembrar a importância de consultar um médico para saber o seu caso individual.
No caso de Thomson, três fatores foram analisados pela médica para que ela iniciasse a suplementação com cálcio e vitamina D:
- A pesquisadora notou que os resultados de seus exames de sangue apontavam que os níveis de vitamina D estavam muito baixos. Portanto, tomar 400 UI por dia ajudou a voltar à normalidade nos testes.
- Ao seguir uma dieta vegana, Thomson acredita que os níveis de cálcio que conseguia por meio de alimentos como tofu e nozes não foram suficientes. Essas taxas não são medidas por meio de exames de sangue, uma vez que o corpo tende a regular rigidamente esse sistema, retirando cálcio dos músculos se ele não estiver recebendo o suficiente por meio dos alimentos.
- Em seu caso pessoal, Thomson demonstrou uma preocupação maior com o fato de já ter tido câncer colorretal, portanto, ela diz não se apegar aos pequenos riscos à saúde cardiovascular. Seu cálculo poderia ser diferente caso tivesse histórico ou familiar de pedras nos rins, por exemplo.
Thomson também ressaltou que a suplementação é apenas um complemento à alimentação, não podendo ser utilizado como fonte principal.
A especialista apontou a ingestão de uma dieta diversificada, rica em frutas, vegetais, grãos integrais e nozes. “Os suplementos são apenas isso – destinam-se a complementar as inadequações da dieta”, disse.
Ademais, ela falou que os suplementos não têm o poder de eliminar completamente o risco de câncer na pessoa e que seus benefícios à saúde são lentos, marginais e bastante específicos para cada paciente.
“Como eles agem em você ou em mim pode até variar, certo? Eu só acho que realmente é um argumento para olhar para o paciente como um todo”, concluiu.