Embora, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), ainda não exista um remédio ou vacina para a COVID-19, o prefeito de Itajaí, em Santa Catarina, Volnei Morastoni, polemizou ao sugerir a ozonioterapia por via retal como algo que pode ajudar contra a doença.
A terapia é classificada como um tratamento complementar pelo Ministério da Saúde e faz parte da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares. Entretanto, a ozonioterapia não tem eficácia comprovada contra a COVID-19.
A ozonioterapia envolve a aplicação de uma mistura de oxigênio e ozônio no organismo por vias como a retal, citada pelo prefeito de Itajaí.
Para exemplificar, as doenças em que a aplicação de ozônio poderia auxiliar no tratamento incluem: diarreia, HIV, doenças autoimunes, acidente vascular cerebral (AVC), entre outras, até mesmo o câncer.
No entanto, o Conselho Federal de Medicina (CFM) desaconselha o uso laboratorial da ozonioterapia. Foi emitida em 2018 uma resolução que proíbe aos médicos a prescrição do tratamento em consultórios e hospitais.
O único caso em que a ozonioterapia é indicada é para participantes de estudos experimentais.
O que dizem as pesquisas
Há estudos que sugerem que o ozônio pode modular o sistema imunológico, o que poderia ser útil para evitar a perigosa hiperativação do sistema imunológico que pode ocorrer nos pacientes com COVID-19.
O problema é que são poucas as pesquisas concluídas sobre a terapia com ozônio para a doença provocada pelo novo coronavírus. Nenhuma provou que o tratamento é decisivo na cura da COVID-19.
Uma pesquisa submetida pela Sociedade Brasileira de Ozonioterapia Médica (Sobom) em abril indicou que o efeito da ozonioterapia em pessoas contaminadas pelo novo coronavírus é desconhecido e que o método não deve ser recomendado fora de estudos clínicos.
Um estudo chinês de maio analisou dois pacientes com a doença que receberam ozônio, antivirais, antibióticos, imunoglobulina, o remédio omeprazol e ainda oxigênio suplementar.
Conclusões
A conclusão dos pesquisadores foi vaga. A ozonioterapia foi citada apenas como uma possibilidade, e portanto nenhum agente terapêutico específico foi confirmado como efetivo contra a COVID-19.
Isso porque cientistas da Espanha, Estados Unidos e Canadá analisaram 18 pacientes internados em Ibiza, na Espanha, devido a uma pneumonia grave causada pelo novo coronavírus.
Em resumo, eles apontaram que a auto-hemoterapia – retirada do sangue do próprio paciente, que recebe a adição de oxigênio e ozônio e é reintroduzido no infectado – esteve associada a uma redução de 11 dias no tempo médio de melhora clínica, em comparação aos cuidados clínicos comuns.
No entanto, a conclusão foi que, embora sejam promissores, os resultados do estudo não provam que há benefícios da auto-hemoterapia com ozônio contra a pneumonia grave provocada pela COVID-19.
As conclusões da pesquisa foram publicadas na plataforma medRxiv, que divulga preprints, ou seja, trata-se de um projeto científico ainda não revisado por especialistas ou publicado em um periódico científico, que não pode ser considerada uma informação estabelecida.
Tanto que os próprios pesquisadores afirmaram que são necessárias mais pesquisas bem projetadas e bem desenvolvidas para confirmar os apontamentos do estudo.
Fontes e Referências Adicionais:
- World Health Organization – Q&A on coronaviruses (COVID-19)
- Journal of Medical Virology – A preliminary evaluation on the efficacy of ozone therapy in the treatment of COVID‐19
- Medrxiv – Ozone therapy for patients with SARS-COV-2 pneumonia: a singlecenter prospective cohort study
- Conselho Federal de Medicina – Resolução CFM que define ozonioterapia como prática experimental no País é publicada no Diário Oficial