Príncipe Harry credita o uso de psicodélicos ao alívio da ansiedade e traumas

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O príncipe Harry continua a chamar a atenção mesmo depois de abdicar das suas funções na monarquia britânica, o que ocorreu em março de 2020.

Durante uma entrevista online recente ao especialista em trauma Gabor Maté, Harry declarou que os psicodélicos o ajudaram a lidar com traumas do passado. Ele afirmou que as substâncias trouxeram uma sensação de relaxamento, alívio e conforto.

Assim, o questionamento que surge é: será que as chamadas drogas psicodélicas, como cogumelos mágicos, LSD (dietilamida do ácido lisérgico) e DMT (dimetiltriptamina), que é o ingrediente ativo do chá de ayahuasca, realmente têm um efeito positivo na saúde mental?

Além disso, será que elas poderiam vir a ser utilizadas no futuro de maneira segura como parte do tratamento de problemas de saúde mental?

Este é um assunto que precisa ser tratado com extremo cuidado e responsabilidade, pois o livre uso dessas drogas é proibido no Brasil. 

Sem contar que os psicodélicos carregam um risco de toxicidade e overdose e estão associados a dependência psicológica, psicose e problemas de saúde mental de longo prazo.

Entre os efeitos colaterais das substâncias, é possível citar que LSD, DMT e mescalina podem aumentar a pressão arterial, a frequência cardíaca e a temperatura corporal, segundo o Instituto Nacional de Abuso de Drogas.

Além disso, o chá de ayahuasca também pode induzir o vômito, enquanto o LSD pode provocar tremores, dormência e fraqueza. Já o uso de mescalina ainda pode causar movimentos descoordenados.

Outro perigo é que as pessoas que caçam cogumelos psicodélicos correm o risco de confundir facilmente uma espécie tóxica com uma que tenha psilocibina, o que pode levar a um envenenamento não intencional e fatal. Saiba mais sobre os cogumelos alucinógenos e os seus riscos.

Substâncias têm sido estudadas

Saúde mental
Caso seja aprovado, o uso dos psicodélicos no tratamento de problemas de saúde mental vai exigir cuidados e supervisão médica

Nos últimos anos, estudos com drogas psicodélicas surgiram como uma possibilidade de tratamento para problemas como depressão, ansiedade, dependência química, transtorno de estresse pós-traumático, entre outros.

Pesquisadores responsáveis por um estudo de 2021, publicado no Australia and New Zealand Journal of Psychiatry, que abordou o uso médico de psicodélicos, identificaram os psicodélicos medicinais como uma nova classe de tratamentos psiquiátricos em potencial, quando usados dentro de uma estrutura que conte com supervisão médica e suporte psicoterapêutico integrado.

No estudo, os pesquisadores também sugeriram que vale a pena conduzir pesquisas rigorosas para avaliar os benefícios potenciais, abordar os parâmetros de segurança e clarificar os mecanismos terapêuticos das substâncias. 

Da mesma forma, o psicoterapeuta e porta-voz do UK Council for Psychotherapy (Conselho de Psicoterapia do Reino Unido), Andy Cottom, apontou que algumas pesquisas sugerem que os psicodélicos podem encorajar a neuroplasticidade, que é a habilidade do cérebro para formar novas vias e conexões.

No Brasil, médicos, psiquiatras, neurocientistas, psicólogos e terapeutas estão pesquisando os efeitos de substâncias sintéticas, como LSD e MDMA (metilenodioximetanfetamina), e de substâncias com origem na natureza, como ibogaína, psilocibina e ayahuasca.

Com o avanço dos estudos, cientistas acreditam que as drogas psicodélicas podem vir a ser administradas em psicoterapia, dentro de ambientes clínicos e com supervisão de médicos e outros profissionais de saúde.

No entanto, para que isso venha a acontecer, são necessárias mais pesquisas, para que os tratamentos e procedimentos possam ser aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

De acordo com o médico Luís Fernando Tófoli, que já participou de estudos com LSD e ayahuasca, eles não serão remédios que o médico receita, o paciente compra na farmácia e toma em casa.

Do mesmo modo, o professor do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Dráulio Barros de Araújo, apontou que o uso deverá ser feito da mesma forma que acontece com anestésicos potentes: dentro de um contexto hospitalar e sob supervisão médica.

Tófoli apontou ainda que as substâncias não dão muito retorno financeiro para as empresas, já que são usadas poucas vezes em um tratamento. Ele não acredita que a grande indústria vai financiar o setor, embora não enxergue movimentos para impedí-lo.

Ele também crê que os tratamentos não serão massificados, pois usar psicodélicos não é algo fácil, não é indicado para todas as pessoas e não é todo mundo que está disposto a passar pela experiência. 

Por exemplo, o tratamento psicodélico não vai funcionar em pessoas que fazem uso de ISRS (inibidores seletivos da recaptação de serotonina). Já pessoas com transtorno bipolar, esquizofrenia ou com histórico familiar de psicose nem fazem parte dos ensaios clínicos com os psicodélicos, apontou o diretor associado do Centro de Pesquisa Psicodélica e Consciência da Johns Hopkins, Frederick Barrett.

Para quem tem uma vulnerabilidade à psicose, é possível que a exposição a um psicodélico desmascare essa psicose ou leve a um evento psicótico. As informações são do Healthline, da BBC e da CNN.

Portanto, tudo isso significa que é necessário aguardar os resultados das pesquisas e as aprovações dos órgãos competentes antes de indicar o uso de psicodélicos para aliviar ou tratar problemas de saúde mental.

Fontes e referências adicionais

Você imaginou que o uso de psicodélicos para tratar problemas de saúde mental estivesse sendo estudado? Comente abaixo!

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