Não é novidade que o uso de pílulas anticoncepcionais aumentam o risco de trombose, dependendo do tipo da pílula e do tempo de utilização.
Pílulas anticoncepcionais, frequentemente, começam a ser prescritas na adolescência, às vezes como método contraceptivo e, em outros casos, como tratamento para problemas no sistema reprodutivo feminino, tal qual dismenorreia (cólica intensa), endometriose, síndrome do ovário policístico (SOP), terapia de reposição hormonal e até como tratamento para acne.
Elas são constituídas por hormônios sintéticos que combinam progesterona e estrogênio (anticoncepcionais combinados), ou é utilizada na sua composição apenas a progesterona. Estudos afirmam que o uso de anticoncepcionais combinados apresentam maior risco para a trombose.
A relação entre os anticoncepcionais hormonais e a trombose é conhecida desde a liberação desses contraceptivos na década de 60. O risco de trombose é de 3 a 5 vezes maior em pessoas que tomam contraceptivos hormonais, comparado às pessoas que não fazem uso deles, e é maior nos primeiros 12 meses do seu uso.
Atualmente, sabe-se que o estrogênio usado nos anticoncepcionais está associado a alterações em diversas proteínas envolvidas na coagulação, favorecendo a formação da trombose. Em menor grau, a progestina, um composto sintético derivado da progesterona, também têm efeitos na coagulação.
No entanto, outros fatores de risco devem ser considerados para avaliar um perigo real de trombose, como a dose de estrogênio presente no contraceptivo, o tipo de progestina utilizada, presença de trombofilia, histórico familiar de trombose e a idade.
O que é a trombose?
A trombose é considerada uma doença multifatorial, ou seja, dependente de muitos fatores (genéticos e ambientais) para ocorrer. Ela acontece quando a circulação sanguínea é interrompida por um coágulo.
Apesar de raros, a formação de coágulos é um problema de saúde grave e apresentar uma trombose nas pernas, pulmões ou cérebro é, geralmente, um caso de emergência.
Outros fatores além do uso de anticoncepcionais podem desencadear os coágulos, como:
- Viagens longas com duração maior do que 6 horas
- Imobilidade devido a uma hospitalização, paralisia ou recuperação de uma fratura
- Obesidade
- Tabagismo
- Gravidez
- Quimioterapia
- Inflamação
- Trombofilias hereditárias ou adquiridas
- Outros tipos de medicamentos que alteram a coagulação, como a talidomida.
Sintomas da trombose
Procure um médico se estiver apresentando esses sintomas:
- Falta de ar repentina
- Dor recorrente nas pernas
- Dor forte no peito
- Inchaço na perna ou no braço
- Dormência ou fraqueza repentina em um lado do corpo.
O que fazer?
Para evitar a ameaça de trombose devido ao anticoncepcional, você pode optar por contraceptivos com taxas menores de hormônios, as chamadas minipílulas, indicadas para puérperas, lactantes e mulheres que já passaram por um episódio de trombose.
Você também pode escolher entre outros métodos não hormonais, como contraceptivos de barreira (preservativos e diafragma uterino) e o DIU. Esses são os métodos considerados mais seguros para mulheres com histórico de trombose ou que tenham uma doença de trombofilia conhecida.
Remédios anticoagulantes também podem ser indicados pelo médico se ele detectar algum risco de trombose de modo a impedir a formação dos coágulos. Os mais utilizados são o rivaroxabana e a varfarina.
Tipos de anticoncepcionais
As cartelas de pílulas combinadas variam entre 21 ou 22 comprimidos e podem se dividir em monofásicas, bifásicas ou trifásicas:
- Monofásicas possuem a mesma dosagem hormonal em todos os comprimidos da cartela
- Bifásicas contêm dois tipos de dosagem hormonal
- Trifásicas variam a cartela em três dosagens hormonais
As dosagens variam de 30 a 50 mg. Para você se adaptar a esse método contraceptivo, é recomendado começar pelas cartelas de baixa dosagem.
Já as minipílulas, que contém apenas progesterona, são encontradas em cartelas com 28 a 35 comprimidos, contendo a mesma composição e dose para toda a cartela. Alguns exemplos são:
- Desogestrel
- Noretisterona
- Linestrenol
- Levonorgestrel.
Recomendamos que procure uma orientação médica para que seja prescrito o método contraceptivo mais adequado para a sua saúde.
Fontes e referências adicionais
- Hormonal Contraception and Thrombotic Risk: A Multidisciplinary Approach. Pediatrics.
- Systematic Review of Hormonal Contraception and Risk of Venous Thrombosis. The Linacre Quarterly.
- Anticoncepcional Oral: Efeitos Colaterais e a sua Relação com a Trombose Venosa. Research, Society and Development.
- Different Combined Oral Contraceptives and the Risk of Venous Thrombosis: Systematic Review and Network Meta-Analysis. BMJ.
- FDA Drug Safety Communication: Safety Review Update on the Possible Increased Risk of Blood Clots with Birth Control Pills Containing Drospirenone. U. S. Food & Drug Administration.
- Thrombosis. Johns Hopkins Medicine.
- Patient education: Deep Vein Thrombosis (DVT) (Beyond the Basics). UpToDate.
Fontes e referências adicionais
- Hormonal Contraception and Thrombotic Risk: A Multidisciplinary Approach. Pediatrics.
- Systematic Review of Hormonal Contraception and Risk of Venous Thrombosis. The Linacre Quarterly.
- Anticoncepcional Oral: Efeitos Colaterais e a sua Relação com a Trombose Venosa. Research, Society and Development.
- Different Combined Oral Contraceptives and the Risk of Venous Thrombosis: Systematic Review and Network Meta-Analysis. BMJ.
- FDA Drug Safety Communication: Safety Review Update on the Possible Increased Risk of Blood Clots with Birth Control Pills Containing Drospirenone. U. S. Food & Drug Administration.
- Thrombosis. Johns Hopkins Medicine.
- Patient education: Deep Vein Thrombosis (DVT) (Beyond the Basics). UpToDate.