Um novo estudo duplo-cego publicado pela revista científica The Lancet sugeriu que o transplante de fezes pode ajudar no tratamento contra o Parkinson. Não, você não leu errado.
O estudo feito por pesquisadores belgas diz que melhorar a diversidade da flora intestinal pode reduzir os distúrbios de movimento característicos da condição. Os participantes da pesquisa foram observados por mais de 12 meses após o procedimento.
Pessoas com doença de Parkinson em estágio inicial foram divididas em dois grupos: o primeiro, com 22 pessoas, recebeu fezes de doadores saudáveis, enquanto o segundo grupo recebeu as próprias fezes.
“Nossos resultados são realmente encorajadores, todos os pacientes que receberam fezes de doadores saudáveis tiveram melhoras significantes”, apontou o líder do estudo, Arnout Bruggeman, do VIB-UGent-UZ Gent, em comunicado à imprensa.
Como foi feito o transplante?
Os voluntários do primeiro grupo receberam as fezes saudáveis por meio de um tubo inserido pelo nariz e que avançava até o intestino delgado, onde o depósito era feito.
O resultado positivo, no entanto, demorou a aparecer: a melhora só foi observada após seis meses, tendo um aumento significativo após um ano, o que sugere um efeito duradouro do impacto da mudança na microbiota intestinal.
Os integrantes do estudo acreditam que essa melhora se dê devido às alterações no movimento intestinal e na relação com a produção de hormônios e regulação do funcionamento do cérebro. Entretanto, uma resposta mais elaborada só pode vir após mais pesquisas sobre o assunto.
Esta é a primeira vez que estudo duplo-cego é feito para entender a relação entre o Parkinson com a saúde intestinal por meio do transplante de fezes. O método ainda gera controvérsias e carrega um certo preconceito, portanto, os pesquisadores afirmaram que foi difícil encontrar voluntários que aceitassem o desafio.
As doações dos pacientes, entretanto, permitiram que o estudo fosse adiante. “Nosso próximo passo é conseguir financiamento para tentar determinar quais bactérias têm uma influência positiva”, adiantou a professora Roosmarijin Vandenbroucke, uma das integrantes da pesquisa.
“Isso poderia levar ao desenvolvimento de uma ‘pílula bacteriana’ ou outra terapia direcionada que poderia substituir o transplante no futuro”, finalizou.