A dor de cabeça constante é uma das queixas mais comuns entre as pessoas no nosso dia a dia. Existem várias causas e tipos de dor de cabeça, sendo classificadas em mais de 150 tipos por um consenso internacional, o International Classification of Headache Disorders.
De modo geral, as dores de cabeça são divididas em causas primárias e secundárias. As primárias são aquelas que não ocorrem como consequência de algum problema de saúde. As mais comuns são a enxaqueca (migrânea), cefaleia tensional e cefaleia em salvas.
As dores de cabeça constantes ou persistentes são chamadas de cefaleias crônicas e, em geral, são de causa primária.
Veja mais detalhes sobre a dor de cabeça constante, as principais causas e o que fazer.
Dor de cabeça constante (cefaleia crônica)
A dor de cabeça crônica é definida como aquela que persiste por meses ou anos, podendo ter características:
- Recidivante: ocorre por um período variável de tempo, que pode ser alguns minutos, horas ou dias. Passada a crise, a dor de cabeça desaparece e retorna algum tempo depois. Esse padrão é bem comum nas enxaquecas, cefaleia tensional e cefaleia em salvas.
- Persistente: ocorrem diariamente ou quase diariamente, persistindo por, no mínimo, 4 horas. A cefaleia crônica diária é um exemplo de dor de cabeça persistente.
Se você tem dor de cabeça constante, é recomendado que tenha o acompanhamento de um médico especialista em cefaleia, pois se houver mudanças no padrão de intensidade da dor ou em outra característica, pode ser o indicativo de uma cefaleia secundária associada.
Enxaqueca crônica
É um tipo de dor de cabeça constante, que ocorre em 15 dias ou mais no mês, por mais do que 3 meses. Ou seja, durante 3 meses seguidos, você deve ter pelo menos 15 dias de dor de cabeça em cada mês, para entrar na classificação de enxaqueca crônica.
A causa mais comum da enxaqueca crônica é o uso excessivo de medicamentos, quando tomados mais do que 10 dias por mês. Os medicamentos mais usados excessivamente são:
- Analgésicos comuns: ibuprofeno, paracetamol, dipirona sódica e aspirina.
- Ergotamínicos: cefaliv ou cefalium
- Analgésicos combinados: que contêm cafeína, barbitúricos e outras substâncias associadas aos analgésicos comuns, como neosaldina e dorflex.
- Triptanos: naramig, maxalt, imigran e zomig.
O risco de desenvolver enxaqueca crônica com ergotamínicos, analgésicos combinados e triptanos é maior do que com o uso excessivo de analgésicos comuns.
Fatores genéticos, psicológicos e distúrbios hormonais também podem estar envolvidos no mecanismo de enxaqueca crônica. Então, as pessoas que sofrem do problema podem ter gatilhos relacionados com estresse, ansiedade, período menstrual e menopausa, ou terem herdado da família.
O que fazer: se você percebeu que está sentindo dor de cabeça constante, por mais de 15 dias no mês, e que ela não passa com o uso de medicamentos analgésicos, comece a escrever os seus sintomas.
O diagnóstico das cefaleias é bem complexo, pois existem muitos tipos e várias causas, por isso é muito importante que você compartilhe com o médico ou médica o maior número de detalhes sobre a sua dor de cabeça.
Geralmente, a dor de cabeça constante por abuso de medicamentos é bilateral, ou seja, ocorre nos dois lados da cabeça, e em aperto ou pressão. A enxaqueca comum é mais frequentemente unilateral e pulsátil.
O tratamento é feito com a retirada do medicamento que está sendo usado excessivamente, de maneira gradual ou abrupta. O médico faz, então, a introdução de uma medicação profilática para cefaleia, ou seja, que previne a dor de cabeça.
Cefaleia tipo tensional crônica
Assim como na enxaqueca crônica, a cefaleia tipo tensional crônica ocorre em mais de 15 dias no mês, por mais de 3 meses.
Em muitos casos, são dores de cabeça diárias e contínuas. Ocorre uma oscilação na intensidade da dor, piorando e melhorando em alguns momentos. Geralmente, a dor é mais intensa no final da tarde e início da noite.
Esse tipo de dor de cabeça é desencadeada por estresse, tensão emocional e preocupações constantes relacionadas com uma situação de longa duração, por exemplo, um problema na família ou no trabalho.
Este tipo dor de cabeça constante costuma causar outros problemas, como:
- Distúrbios do sono
- Alterações do apetite
- Ansiedade
- Depressão
- Dores musculares, principalmente nos ombros e na nuca
- Taquicardia
- Pressão alta
- Mudanças no ritmo respiratório
- Aparecimento de acne ou outros problemas de pele
- Alterações no ciclo menstrual
- Ganho ou perda de peso
- Queda de cabelo
- Abuso de analgésicos
O que fazer: a melhor forma de tratar a cefaleia tensional crônica é resolver os fatores desencadeantes, que pode ser feito com psicoterapia ou outra estratégia voltada para os problemas emocionais e psicológicos. Pode ser necessário o uso de ansiolíticos ou antidepressivos.
Se houver uso excessivo de analgésicos, o médico pode suspender ou reduzir o uso do medicamento para, no máximo, dois comprimidos por semana.
A duração do tratamento varia de caso para caso, pois depende de muitos fatores relacionados com a capacidade da pessoa em tratar e lidar com os fatores desencadeantes.
Cefaleia em salvas
A cefaleia em salvas é um tipo de dor de cabeça que começa de repente. O primeiro sinal é a congestão nasal com saída de líquido de apenas um orifício do nariz. A partir daí, começa uma dor de cabeça constante e intensa no mesmo lado em que saiu a secreção do nariz e irradia para a área circundante do olho.
A dor atinge seu pico em poucos minutos após o seu início e dura, normalmente, de 30 minutos a 1 hora, mas pode durar de 15 minutos a 3 horas. Quando surge a noite, desperta a pessoa do sono.
Quando uma pessoa tem uma crise de cefaleia em salvas, é incapaz de ficar deitada e quieta, geralmente fica bastante agitada, caminhando de um lado a outro e com enjoo. Passada a crise, a pálpebra pode ficar temporariamente caída e a pupila contraída.
As crises podem ocorrer várias vezes ao dia e, muitas vezes, na mesma hora, com vários picos curtos e intensos.
A cefaleia em salvas pode ocorrer regularmente durante meses, seguida de um período sem crises, que também pode durar meses. Mas, pessoas com cefaleia em salvas crônica não têm períodos sem crise, apresentando dores de cabeça constantes.
O que fazer: o tratamento requer um diagnóstico médico e consiste na administração de oxigênio por máscara facial ou administração de medicamentos por injeção, para interromper a crise. Em alguns casos, o médico pode prescrever anestésicos locais administrados por spray nasal.
Outro tipo de tratamento é a estimulação transcutânea do nervo vago, um método não invasivo. A estimulação é feita por meio de um dispositivo portátil colocado na pele, que envia correntes elétricas que passam pelo nervo vago e chegam ao cérebro, onde ajudam a controlar a dor.
Também deve ser feito um tratamento preventivo, para evitar as crises, que são intensas e incapacitantes. O tratamento consiste no uso de medicamentos corticosteróides por via oral, injeção de anestésico local com corticosteróide para bloquear o nervo, medicamentos usados na prevenção de enxaquecas e lítio.
Recomendações gerais
Se você perceber que está tendo dores de cabeça constantes, por mais de 5 dias, procure ajuda médica. Não se automedique, porque os remédios podem mascarar os sintomas e dificultar ainda mais o diagnóstico preciso da sua dor de cabeça.
Além disso, como vimos, a automedicação pode agravar o problema e provocar dependência e resistência aos medicamentos, o que torna o tratamento mais complicado.
Há vários tipos e causas de dor de cabeça, logo existem vários tipos de tratamento. Somente um especialista poderá prescrever os medicamentos mais apropriados que irão cessar as crises de dor e, também, preveni-las.
Assim que perceber que sua dor de cabeça está constante, crie o hábito de anotar as características da dor e os possíveis fatores desencadeadores, pois são informações que ajudam bastante no diagnóstico.
Fontes e referências adicionais
- Classificação internacional das cefaleias, The International Classification Of Headache Disorders – 3ª ed. (2018).
Fontes e referências adicionais
- Classificação internacional das cefaleias, The International Classification Of Headache Disorders – 3ª ed. (2018).