Sentir uma dor no cotovelo na musculação pode deixar muitas pessoas preocupadas e gerar uma série de dúvidas, especialmente quando o sintoma é recorrente ou impede o praticante de fazer o treino como deveria.
Afinal, será que essa dor pode ser fruto de um movimento feito errado na musculação ou será que pode ter relação com uma lesão sofrida na prática de outras atividades físicas?
Uma terceira possibilidade é que o sintoma não tenha associação com a prática esportiva em si, mas tenha sido provocada por um problema de saúde que ainda não foi diagnosticado.
Para tirar essas dúvidas, vamos conhecer algumas das possíveis causas da dor no cotovelo na musculação, assim como as suas opções de tratamento.
Entretanto, o mais aconselhável para quem sentir dores do tipo durante o seu treinamento é informar o profissional de educação física que orienta o treino a respeito do problema e buscar ajuda médica imediatamente para descobrir o que está provocando o sintoma e receber rapidamente o tratamento adequado.
Causas e tratamentos da dor no cotovelo na musculação
Epicondilite lateral
Chamada também de cotovelo de tenista, a condição pode ser resultado do uso excessivo dos músculos e tendões no cotovelo. Ela é descrita como uma inflamação ou, em alguns casos, um micro rompimento dos tendões que se juntam aos músculos do braço na parte externa do cotovelo.
Esses músculos e tendões sofrem danos devido ao uso excessivo, ou seja, à repetição dos mesmos movimentos, o que leva à dor e sensibilidade na parte externa do cotovelo.
Jogar tênis e outros esportes que utilizam raquete pode estar por trás do desenvolvimento dessa doença dolorosa que afeta o cotovelo, mas ela também pode ter relação com outros esportes e até com atividades não esportivas.
Por exemplo, algumas profissões que exigem a realização de movimentos repetitivos podem levar à epicondilite lateral, como encanador, pintor, açougueiro e carpinteiro.
Os sintomas do cotovelo de tenista se desenvolvem gradualmente. Na maioria dos casos, a dor começa leve e piora lentamente ao longo das semanas e meses. Geralmente, não existe uma lesão específica que esteja associada ao início dos sintomas.
Os sintomas da epicondilite lateral podem incluir uma dor ou ardor na parte externa do cotovelo e, às vezes, dor no período noturno. A dor do cotovelo do tenista pode viajar da parte de fora do cotovelo até o braço e o pulso.
A dor e a fraqueza associadas à condição podem dificultar a realização de tarefas como dar apertos de mão, agarrar um objeto, girar uma maçaneta ou segurar uma xícara.
Tratamento
O tratamento para a epicondilite lateral pode incluir descanso para o braço, o uso de medicamentos como acetaminofeno (paracetamol) ou anti-inflamatórios não esteroides, como ibuprofeno ou naproxeno, para ajudar a reduzir a dor e o inchaço, fisioterapia, o uso de uma cotoveleira e injeção de esteroides, como cortisona, para aliviar os sintomas.
Se não houver resposta dos sintomas dentro de seis a 12 meses de tratamento não cirúrgico, o médico pode indicar que seja feita uma cirurgia. A maioria dos procedimentos cirúrgicos para o cotovelo de tenista envolve a remoção do músculo doente e a religação do músculo saudável ao osso.
Tendinite do tríceps
Em inglês, a condição também é chamada de weightlifter’s elbow, que significa algo como “cotovelo do halterofilista”. Ela é causada por um movimento repetitivo que irrita o tendão que conecta o músculo do tríceps ao cotovelo.
Ela também pode ser causada pela realização de muitas flexões, do exercício mergulho ou qualquer movimento que coloque muita força através dos tríceps. As causas e fatores que podem contribuir para o desenvolvimento do problema incluem:
- Esportes como levantamento de peso, boxe e esportes de arremesso, em que uma grande dose de força é exercida através do tendão do tríceps
- Manter uma forma ruim ao praticar atividade física
- Não se aquecer adequadamente
- Ter fraqueza muscular
- Não permitir que haja um tempo suficiente de recuperação entre os treinos
- Histórico de lesão prévia
- Estar com sobrepeso
O principal sintoma da condição é uma dor na parte de trás do cotovelo, mas também pode haver rigidez e inchaço. Em quadros mais graves, além da parte de trás do cotovelo doer, o paciente sente uma dor aguda ao estender o cotovelo, especialmente ao fazer isso contra alguma resistência. Além disso, a região da parte traseira do cotovelo pode ficar sensível ao toque.
Tratamento
Mudanças nas atividades realizadas, descanso e o uso de compressas de gelo fazem parte do tratamento assim como a administração de ibuprofeno ou naproxeno para a dor e para diminuir a inflamação.
Além disso, o médico pode prescrever uma injeção de cortisona para a redução da dor e inflamação, mas também pode indicar que o paciente faça fisioterapia.
Se não houver resposta ao tratamento conservador, o médico pode solicitar uma ressonância magnética para saber se existe outra razão para o problema. O exame pode apontar se uma porção do tendão sofreu danos ou rompimentos.
Se for o caso, uma cirurgia pode ser recomendada: o procedimento envolve a remoção da parte danificada do tendão e a sua religação ao osso.
Síndrome do túnel cubital
Na síndrome do túnel cubital, o nervo ulnar é comprimido na região do cotovelo, que recebe o nome de túnel cubital e é composto por estruturas ósseas e ligamentares. Juntas, elas formam um túnel por onde o nervo ulnar passa.
As causas da condição incluem trauma direto sobre o cotovelo, luxação do cotovelo, movimentos repetitivos que exigem a flexão do cotovelo e trauma recorrente ao apoiar com frequência o cotovelo em superfícies rígidas.
Mas, ela também pode ser provocada por variações anatômicas ósseas e ligamentares, instabilidade do nervo ulnar e sequelas de fraturas e artrose, que levam a deformidades ósseas.
Além disso, a síndrome do túnel cubital está associada a doenças como diabetes, insuficiência renal, hanseníase, amiloidose (acúmulo de proteína amiloide no coração, nos rins, no fígado ou outros órgãos) e mieloma múltiplo (câncer desenvolvido na medula óssea).
Os sintomas da doença variam conforme o grau de compressão do nervo ulnar, podendo envolver alterações sensitivas e motoras. Em casos de compressão mais leve, os sintomas podem não ser contínuos, piorando após passar períodos prolongados com o cotovelo dobrado durante a noite.
Esses sintomas incluem: dor na parte interna do cotovelo, que pode se estender para o antebraço, formigamento no quarto e quinto dedo da mão, diminuição da sensibilidade nessas regiões e dormência.
Com a intensificação da compressão, os sintomas podem virar constantes e a perda de força na mão se evidencia, havendo dificuldade de encostar o quinto dedo no quarto dedo e de esticá-los por completo.
Em quadros mais graves, a mão pode apresentar atrofia da sua musculatura e perder o seu contorno natural.
Tratamento
Quando os sintomas são leves e não contínuos, o médico pode recomendar a avaliação da posição do cotovelo ao longo do dia e, ao identificar que ele fica dobrado ou apoiado por longos períodos em superfícies mais duras, pode indicar que sejam feitas mudanças posturais.
Os anti-inflamatórios também podem ser usados para aliviar os sintomas e, nos casos em que a dor é frequente, mas não há qualquer tipo de perda de força, outros medicamentos específicos podem ser usados por tempo determinado até a melhora dos sintomas, como anticonvulsivantes e complexo de vitamina B.
Quando a reclamação do paciente é mais frequente no período noturno, o médico pode prescrever o uso de imobilizadores para o cotovelo (órteses) durante a noite, como forma de manter o cotovelo menos dobrado e reduzir a pressão sobre o nervo ulnar.
Já a cirurgia é recomendada para quando os sintomas permanecem de forma contínua ou há algum grau de perda de força. O procedimento tem o objetivo de reduzir a pressão sobre o nervo ulnar.
Nele, é feito um corte de aproximadamente 4 cm na parte de dentro do cotovelo e é realizada a soltura do nervo ulnar do túnel cubital.
Luxação do cotovelo
Acidentes e quedas podem ocorrer em diversas situações, até mesmo com os praticantes mais experientes na musculação. Um segundo de distração, um esbarrão em alguém na academia cheia ou uma escorregada em um objeto que ficou no chão.
O que isso tem a ver com a luxação do cotovelo? É que a reação natural que uma pessoa tem ao perceber que está caindo de encontro ao chão é colocar a mão na frente como forma de se proteger. O problema é que o impacto pode deslocar os ossos do cotovelo, tirando-os do seu local adequado.
Ao sofrer uma luxação no cotovelo, a pessoa sente uma dor intensa e não consegue movimentar a articulação, que ganha uma aparência deformada e começa a inchar. Quando isso acontecer, a recomendação é tentar imobilizar o braço e procurar ajuda médica imediatamente.
Essa imobilização pode ser feita com o auxílio de uma tala improvisada de papelão ou ao colocar um travesseiro ao redor do cotovelo.
Tratamento
No serviço de emergência, o médico ortopedista coloca cuidadosamente os ossos do paciente de volta ao seu lugar. Para tornar o processo menos desconfortável, podem ser usados medicamentos analgésicos, sedativos ou anestesia local.
Caso o paciente demore para ir ao hospital e fique horas sem tratamento, a contração e a resposta inflamatória podem chegar a um nível que exija uma anestesia geral para facilitar o procedimento e torná-lo menos doloroso.
Após o cotovelo estar de volta no seu lugar, o ortopedista pode pedir radiografias para avaliar se não há fraturas ou outras lesões. Se o cotovelo apenas se deslocou e não ocorreram fraturas, a recomendação é que o paciente use uma tala por algumas semanas.
Ele também pode prescrever medicamentos anti-inflamatórios para ajudar a aliviar a dor. Então, quando o cotovelo cicatrizar como deve, o paciente poderá começar a fazer exercícios de reabilitação sob a orientação de um fisioterapeuta para recuperar a movimentação completa do cotovelo.
Fontes e referências adicionais
- Tennis Elbow (Lateral Epicondylitis), OrthoInfo, American Academy of Orthopaedic Surgeons.
- Luxação do Cotovelo, Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, Ministério da Saúde.
- Tennis elbow, Mayo Clinic
- Lateral Epicondylitis (Tennis Elbow), Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-.
- Tennis elbow: A clinical review article, J Orthop. 2020 Jan-Feb; 17: 203–207.
Fontes e referências adicionais
- Tennis Elbow (Lateral Epicondylitis), OrthoInfo, American Academy of Orthopaedic Surgeons.
- Luxação do Cotovelo, Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, Ministério da Saúde.
- Tennis elbow, Mayo Clinic
- Lateral Epicondylitis (Tennis Elbow), Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-.
- Tennis elbow: A clinical review article, J Orthop. 2020 Jan-Feb; 17: 203–207.