Você provavelmente já deve ter ouvido falar em como a má qualidade do sono pode prejudicar a perda de peso ou até experimentado os efeitos de dormir pouco: sonolência excessiva, mau humor, falta de disposição, pouca energia e falta de ânimo para fazer as tarefas do dia seguinte.
Como se não bastasse, um estudo de autoria de pesquisadores suecos indicou a possibilidade de uma noite mal dormida estar associada ao desenvolvimento da doença de Alzheimer. Falando nisso, vale a pena conhecer as principais causas do Alzheimer e fatores de risco.
A pesquisa, publicada em janeiro de 2020 na revista acadêmica Neurology (Neurologia), identificou que quando um grupo de homens jovens e saudáveis foi privado de uma única noite de sono, eles apresentaram maiores níveis sanguíneos da proteína tau, em comparação a quando tiveram uma noite completa e ininterrupta de sono.
Segundo um dos autores do estudo, o pesquisador sênior da Universidade de Uppsala na Suécia, Jonathan Cedernaes, o acúmulo dessa mesma proteína é observado no cérebro de pacientes com a doença de Alzheimer, que é a causa mais comum de uma demência progressiva em idosos.
Cedernaes esclareceu que a proteína tau é normalmente encontrada em neurônios ativos e que é geralmente removida de maneira rápida do cérebro. Entretanto, o que se observa no cérebro de pacientes com Alzheimer é que ela permanece e forma emaranhados que se arrastam pelo cérebro.
Não é à toa que as pesquisas têm começado a focar na proteína tau como uma causa importante do dano cerebral associado ao desenvolvimento da condição. Recentemente, outros pesquisadores relataram no periódico Science Translational Medicine (Ciência da Medicina Translacional, tradução livre) que poderiam estimar com uma precisão razoável quais regiões do cérebro vão murchar e atrofiar no caso de Alzheimer ao identificar as áreas em que a proteína tau se acumulou.
Entretanto, vale destacar que os cientistas suecos não encontraram um aumento similar na beta-amilóide, outra proteína cerebral relacionada à doença de Alzheimer, ou em outros biomarcadores associados à condição nos participantes do experimento.
Como os pesquisadores suecos chegaram a esses resultados?
Para chegar a essas conclusões, os autores do estudo publicado na revista acadêmica Neurology (Neurologia) selecionaram 15 homens com uma média de idade de 22 anos. Todos eles afirmaram que tinham um sono de qualidade com duração entre sete a nove horas todas as noites.
Então, os cientistas observaram os participantes em dois ciclos de sono: no primeiro ciclo eles tiveram duas boas noites de sono e no segundo ciclo eles foram privados do sono por uma noite. Resultado: foi observado um aumento de 17%, em média, dos níveis da proteína tau no sangue depois de uma noite de provação de sono, contra um crescimento médio de 2% nessas taxas da proteína tau depois de uma boa noite de sono.
O pesquisador sênior da Universidade de Uppsala na Suécia contou que os cientistas ainda não sabem por qual motivo a proteína pode se acumular na corrente sanguínea das pessoas que tiveram uma noite mal dormida.
Sua suspeita é que como quando os neurônios estão mais ativos, eles secretam mais tau, ao permanecer acordados por muito tempo, mais do que as 15 a 18 horas que uma pessoa pode ficar, os níveis da proteína no cérebro são elevados ao ponto de ultrapassar a habilidade que o cérebro tem para removê-las efetivamente em dado período de 24 horas.
Para o diretor de programas científicos da Associação do Alzheimer dos Estados Unidos, Keith Fargo, outra possibilidade é que quando o sono é prejudicado de alguma maneira, os processos envolvidos em remover a proteína também são atrapalhados.
Fargo apontou ainda que a tau é liberada das células cerebrais quando elas são danificadas – por exemplo, um trauma na cabeça pode fazer com que os níveis sanguíneos da proteína cresçam. O diretor da Associação de Alzheimer dos Estados Unidos afirmou ainda que pode ser que ocorra uma perda da integridade da célula cerebral ao dormir mal.
Mas calma: são necessárias mais investigações
No entanto, Fargo também ponderou que o estudo foi de porte muito pequeno e foi conduzido somente em indivíduos jovens. Para ele, são necessárias pesquisas maiores, com pessoas de meia idade que dormem mal por mais do que apenas uma noite, para que se obtenha mais dados sobre a relação da má qualidade do sono com a demência.
Um dos responsáveis pelo estudo sueco, o pesquisador sênior da Universidade de Uppsala na Suécia, Jonathan Cedernaes, concordou que é preciso ter mais pesquisas para entender melhor essas associação.
Ele ressaltou que, por agora, não se sabe exatamente o que essas mudanças representam e não se tem dados que indiquem que uma única noite ou mesmo várias noites de sono perdido podem resultar em prejuízos permanentes ao cérebro no futuro.
Enquanto esperamos a confirmação da existência de uma relação entre uma noite mal dormida e a demência e a doença de Alzheimer, vale a pena se precaver e se esforçar para ter uma boa qualidade de sono.
Até porque, de acordo com o Serviço Nacional de Saúde (NHS, sigla em inglês) do Reino Unido, o frequente sono ruim coloca uma pessoa em risco de desenvolver problemas como obesidade, doença no coração, pressão arterial elevada e diabetes, além de diminuir a expectativa de vida.
Para aqueles que desde jovens se preocupam com o Alzheimer, vale a pena conhecer os alimentos que podem favorecer o desenvolvimento da doença de Alzheimer e os alimentos que podem auxiliar a prevenir a doença de Alzheimer.
As informações são do HealthDay/WebMD e da Mayo Clinic, organização da área de serviços médicos e pesquisas médico-hospitalares dos Estados Unidos.
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