A exposição a muita poluição traz uma série de problemas para a saúde. Por exemplo, isso aumenta o risco de ter infecções respiratórias, doença cardíaca e câncer no pulmão. Mas um estudo recente apontou que a poluição também pode ser perigosa para a saúde dos olhos.
Isso porque pesquisadores da University College London (UCL) indicaram que mesmo uma baixa exposição à poluição do ar na Inglaterra, Escócia e País de Galês parece impactar o risco de degeneração macular relacionada à idade (DMRI).
Conforme a CNN, os autores do estudo, que saiu em janeiro no British Journal of Ophthalmology, identificaram que as pessoas que moravam nas áreas com maior poluição eram 8% mais propensas a desenvolver a doença.
Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores analisaram dados de quase 116 mil pessoas de 40 a 69 anos, que participaram do UK Biobank. Aliás, o UK Biobank é um amplo estudo do Reino Unido com 500 mil pessoas, focado em diagnósticos médicos e medidas biológicas.
Através de medidas oculares e dados de questionários, os cientistas da UCL avaliaram os participantes que tinham e os que não tinham a degeneração macular.
Então, eles compararam os resultados com a quantidade de poluentes que se estimou estar presente nos locais onde essas pessoas moravam.
Os poluentes
O autor sênior do estudo, Paul Foster, afirmou à CNN que os principais poluentes ligados à degeneração macular foram: material particulado PM2.5, dióxido de azoto (nitrogênio) e óxido de nitrogênio.
Esses poluentes vêm de canteiros de obra, estradas sem pavimentação, chaminés, queimadas, usinas de energia, indústrias, automóveis, fogões a gás internos e aquecedores a querosene.
Foster, que também é professor de estudos em glaucoma e epidemiologia oftalmológica na UCL, explicou ainda que esses poluentes entram no organismo pelos pulmões.
Aparentemente, esses compostos causam um dano particular aos olhos devido ao alto fluxo de sangue na parede ocular. As pessoas respiram os poluentes, eles chegam até os pulmões e são absorvidos no sangue, que os transporta, esclareceu o professor.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 9 em cada 10 pessoas respiram um ar que ultrapassa as recomendações quanto ao limites de níveis altos de poluentes.
Pesquisa não foi a única a identificar a relação
O professor de oftalmologia molecular da Universidade de Leeds, Chris Inglehearn, disse ao Science Media Centre que um estudo de 2019 de Taiwan também encontrou uma ligação entre a poluição do ar e a DMRI.
De acordo com Inglehearn, que não participou da pesquisa da UCL, o perfil dos poluentes que os dois estudos analisaram são ligeiramente diferentes, mas têm a mesma fonte: a combustão.
“Claro que correlação não prova causa. Mas, o fato desses dois estudos independentes atingirem conclusões similares dá mais confiança de que a ligação que fizeram é real”, afirmou o professor.
Para ele, as duas pesquisas oferecem ainda mais evidências que relacionam a poluição do ar com impactos prejudiciais para a saúde humana.
Sobre a DMRI
A doença é a causa principal de cegueira irreversível entre pessoas acima dos 50 anos nos países de renda alta ou desenvolvidos. Conforme reportagem de 2019 do G1, a DMRI também é uma das principais causas de cegueira no Brasil, ao lado do glaucoma e da catarata.
A condição tem uma ligação com a perda da visão central, que é necessária para ler, realizar tarefas muito detalhadas e reconhecer rostos. Os maiores fatores de risco para a DMRI são a genética, a idade e o hábito de fumar.
Portanto, se você for um fumante, aprenda dicas de como parar de fumar naturalmente. Além disso, conheça outro estudo que apontou que a luz azul dos celulares pode acelerar a cegueira.
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Fontes e Referências Adicionais
- Organização Mundial da Saúde – Health consequences of air pollution on populations
- British Journal of Ophthalmology – Association of ambient air pollution with age-related macular degeneration and retinal thickness in UK Biobank