Você já comprou um produto que vinha com algum tipo de flavorizante ou aromatizante em sua composição? Já parou para pensar o que é esse tipo de substância e se ela pode fazer mal para a nossa saúde?
O que é um flavorizante?
Um flavorizante pode ser classificado tanto como artificial quanto como natural.
O PhD e cientista sênior do Environmental Working Group (Grupo de Trabalho Ambiental, tradução livre, EWG, sigla em inglês), uma organização ambiental americana, David Andrews, explicou que os flavorizantes servem para proporcionar sabor, para tornar a comida mais atraente ou para substituir algo que foi perdido ao longo do processamento, do armazenamento e, em alguns casos, da pasteurização daquele alimento.
Um exemplo mencionado é o suco de laranja, bebida que pode receber sabores falsos durante seu processo de fabricação como forma de garantir a sua uniformidade. Andrews afirmou que isso acontece para que o consumidor tenha o mesmo sabor do produto em qualquer época do ano e em diferentes lugares onde ele for comercializado, como uma espécie de assinatura desses produtos.
O cientista também esclareceu que não existem tantas diferenças quanto poderíamos imaginar entre os flavorizantes naturais e os artificiais. Segundo Andrews, a maior diferença é que um flavorizante natural vem de uma fonte natural.
O PhD explicou que o ingrediente natural é encontrado na natureza, purificado, extraído e adicionado na comida. No entanto, isso não significa que um flavorizante natural de frutas encontrado em uma barrinha de cereais seja simplesmente a fruta limpa e amassada.
Provavelmente o que acontece é a utilização de uma substância química encontrada originalmente em uma fruta que é alterada e adicionada ao alimento por meio de processos que acontecem no laboratório.
Já o flavorizante artificial é inteiramente produzido pelo homem, não sendo extraído de uma fonte natural. De qualquer modo, ambos passam por processamentos dentro do laboratório e Andrews considera as substâncias químicas de ambos idênticas ou extremamente parecidas.
Ele também informou que tanto os flavorizantes naturais quanto os artificiais podem chegar a conter de 50 a 100 ingredientes em sua composição. O cientista da EWG informou que a mistura costuma apresentar solventes e conservantes, que constituem cerca de 80% a 90% do volume do flavorizante.
Já o Dr. Weil informou que outra diferença entre os flavorizantes artificiais e os naturais é que os últimos costumam ser mais complexos que os primeiros, que possuem uma quantidade mais baixa de moléculas.
Ele explicou ainda que os flavorizantes artificiais geralmente são mais estáveis e mais baratos do que os flavorizantes naturais e, por conta disso, ganham a preferência dos fabricantes.
Será que o flavorizante faz mal à saúde?
Andrews explicou que a quantidade de conservantes e solventes presentes na composição dos flavorizantes naturais é considerada muito pequena para ser associada a prejuízos para a saúde.
Mesmo assim, o cientista da EWG aconselha adotar uma dieta composta de alimentos integrais (naturais, que não contenham esses aditivos) sempre que puder.
No mesmo sentido, o Dr. Weil explicou que os flavorizantes artificiais geralmente não prejudicam a saúde, no entanto, eles não são bem vistos pelo fato de não conseguirem reproduzir os sabores naturais dos alimentos e serem indicadores ou marcas frequentes de comidas de baixa qualidade.
Há quem seja mais incisivo contra os flavorizantes
Já em artigo publicado em 2010 no site Kelly The Kitchen Kop, o doutor Michael Teplitsky afirmou que mesmo que os flavorizantes naturais e artificiais sejam autorizados por órgãos como a Food and Drug Admistration (FDA, sigla em inglês), que regula alimentos e medicamentos nos Estados Unidos, a maioria deles ainda não foi estudada em relação à sua segurança e toxicidade.
Teplitsky acredita que há sim a possibilidade de que esses aditivos façam mal para a saúde, provocando problemas como alergias e efeitos negativos na glândula tireoide, nos cromossomos e nas enzimas.
Segundo o doutor Michael, essas substâncias já foram ligadas a problemas como indigestão, dor no peito, fadiga e irritação do trato gastrointestinal, por exemplo.
Ele ainda deu exemplo de alguns flavorizantes específicos e o que eles podem provocar. Enquanto o borneol pode causar confusão, convulsões e tontura, o carvacrol (flavorizante do orégano) está associado a problemas no coração, problemas na circulação e insuficiência cardíaca e o cynnamyl formate (flavorizante da canela) pode irritar a pele, afetar os rins e irritar o trato gastrointestinal, além de ter causado câncer em ratos, relatou o doutor.
Conforme Teplitsky, a lista das substâncias químicas presentes nos flavorizantes é grande, logo a dos potenciais efeitos colaterais atribuídos a elas também é. Para ele, o melhor a se fazer é evitar qualquer alimento com flavorizante, mesmo que ele seja apresentado como natural.
A questão do peso
Já a nutricionista Vandana Sheth acredita que tanto os flavorizantes artificiais quanto os naturais podem induzir os desejos por comida em algumas pessoas. E quando se come demais, sabemos que existe o risco de ocorrer o aumento de peso.
Diversas pesquisas já associaram os flavorizantes artificiais à elevação do peso e a hábitos alimentares não saudáveis.
O consumidor deve checar bem a embalagem dos produtos com flavorizantes para saber quais outras substâncias estará ingerindo ao consumir aquilo. Para o Dr. Weil, no caso de alimentos com flavorizantes artificiais, os rótulos devem ser avaliados cuidadosamente para verificar a presença ou não do xarope de milho com alto teor de frutose. Essa substância é utilizada em refrigerantes e sucos e contribui com o desenvolvimento da obesidade em muitas pessoas.
Outros aditivos para ficar de olho
Aconselha-se ficar atento à presença de corantes artificiais, adoçantes artificiais e glutamato monossódico. Segundo o Dr. Weil, esses compostos fazem parte de um grupo de moléculas altamente reativas que podem interagir com o DNA e aumentar a mutação ou a transformação das células.