Grávida Pode Comer Carne de Porco?

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A carne suína geralmente é uma ótima fonte de proteína benéfica para a saúde. No entanto, muitas mulheres grávidas têm dúvida sobre o consumo de carne de porco durante a gestação. Muitas pessoas afirmam com toda a certeza que a carne de porco é um alimento proibido durante a gravidez e que, ao ingeri-lo, a futura mamãe coloca em risco não só a sua saúde, mas o bom desenvolvimento do feto.

Será que é isso mesmo ou essa história de que grávida não pode comer carne de porco não passa de um mito popular?

Aqui, nós vamos desvendar esse mistério e te mostrar se a grávida pode comer carne de porco e os motivos por trás disso.

Alimentação durante a gravidez

Durante a gravidez, as mulheres têm uma missão importantíssima, que é tomar medidas para garantir que o feto obtenha todos os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento. Para isso, a mulher deve seguir uma dieta saudável e evitar ao máximo a ingestão de alimentos pobres em nutrientes que costumam incluir produtos industrializados e alimentos ricos em açúcar refinado ou gorduras trans, por exemplo.

Na gestação, as mulheres estão mais propensas a contrair parasitas e doenças que são transmitidas através da ingestão de alimentos. Assim, é importante, além de escolher os alimentos certos, saber a forma correta de manusear e armazenar esses produtos.

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Importância da proteína na gravidez

A proteína é extremamente importante durante a gestação. Neste período, o corpo precisa de proteína extra para promover o crescimento e desenvolvimento do feto. Além disso, a proteína também deve ser usada para o crescimento da placenta e para promover o aumento do fluxo sanguíneo, essencial para que o feto receba seus nutrientes sempre que necessário.

Segundo a American Pregnancy Association, as mulheres gestantes devem ingerir de 75 a 100 gramas de proteína por dia.

O consumo de apenas uma porção de 85 gramas de carne de porco forneceria cerca de um terço das necessidades diárias de proteínas. Mas e aí, por que não comer a carne de porco durante a gravidez?

Risco de transmissão de doenças

Existe um risco de contaminação por micro-organismos patógenos em alguns alimentos como a carne de porco que podem prejudicar a saúde das mulheres grávidas. Qualquer pessoa pode ser contaminada, no entanto, as gestantes estão mais vulneráveis pois estão com o sistema imunológico mais sensível durante a gravidez.

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Alguns dos micro-organismos que causam doenças são: Salmonella, Listeria monocytogenes, Yersinia enterocolitica, Toxoplasmose gondii e Staphylococcus aureus. Esses agentes nocivos ao corpo humano podem causar infecção no recém-nascido, parto prematuro, natimorto ou aborto espontâneo.

Dentre os sintomas que podem ser observados quando alguém está contaminado, estão:

  • Fadiga;
  • Vômitos;
  • Dor de estômago;
  • Febre;
  • Dores musculares.

A carne de porco mal cozida pode conter alguns desses microrganismos e transmitir algumas doenças que vamos mostrar a seguir.

1. Triquinose

Uma das doenças que pode ser transmitida pelo consumo de carne de porco é a triquinose. Trata-se de uma doença causada pelo parasita Trichinella spiralis.

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De acordo com o Department of Agriculture dos Estados Unidos, qualquer pessoa que queira evitar a contração de triquinose deve cozinhar ou assar qualquer tipo de carne de porco de modo que a temperatura interna da carne esteja a pelo menos 70ºC. Além disso, essa carne deve ser armazenada na geladeira antes do cozimento a menos de 4ºC e é indicado lavar muito bem as mãos e os utensílios de cozinha que tiveram contato com a carne crua para evitar a possível proliferação do parasita nos itens da cozinha.

2. Listeriose

A listeriose é outra infecção que pode ser causada pelo consumo de alimentos contaminados com a bactéria Listeria monocytogenes. As mulheres grávidas são mais propensas a esse tipo de contaminação e compõem pelo menos um terço de todas as infecções de listeriose que ocorrem em um ano. Tal infecção pode trazer consequência graves ao desenvolvimento do feto e até fatais em alguns casos.

A listeriose pode causar sintomas como os da gripe e uma vez que a infecção se espalha, podem ocorrer danos no sistema nervoso da mulher e do feto. Assim, outros sintomas como dor de cabeça, confusão mental e até convulsões podem ser observados. Se não tratada, a doença pode causar parto prematuro, aborto ou natimorto.

A principal maneira de se defender desse tipo de infecção é cozinhando bem os alimentos antes de comer.

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3. Salmonelose

A salmonelose é uma infecção causada por bactérias que podem estar presentes em carne malpassada, ovos e em alguns produtos lácteos. Em casos raros, a bactéria pode ser transferida para o feto e causar parto prematuro ou casos de natimorto.

4. Toxoplasmose

A toxoplasmose é uma infecção causas por um parasita que pode estar presente na carne de porco mal passada. Outras possíveis formas de adquirir essa infecção são através da ingestão de leite de cabra não pasteurizado ou do contato direto com água ou fezes de gato contaminadas.

É uma doença que não causa sintomas e que, embora seja perigosa para o feto e possa causar danos oculares e cerebrais ao bebê, a toxoplasmose na gravidez é uma condição rara e não é preciso se livrar do gato de estimação nem deixar de comer carne de porco. Basta cozinhar bem a carne, garantir que a água que você bebe é potável ou fervê-la antes de beber e manter seu animal saudável.

Grávida pode comer carne de porco?

A carne de porco é o tipo de carne mais consumido no mundo, representando cerca de 38% da produção mundial total de carnes. Ela pode ser servida de várias maneiras, podendo ser cozida, defumada ou curada e é muito comum na composição de alimentos processados como a salsicha.

Não existe nenhuma recomendação específica por órgãos de saúde sobre o consumo de carne suína para grávidas. No entanto, é importante evitar ingerir a carne de porco em locais em que você não sabe se a carne foi bem armazenada e bem cozida como em restaurantes ou na casa de um amigo ou familiar.

Ou seja, o grande segredo é evitar consumir a carne de porco que você não conhece a procedência ou como foi preparada. Na gravidez, a carne de porco não é proibida, mas é bom se certificar de que ela foi bem cozida, inclusive por dentro, para matar qualquer tipo de parasita eventualmente presente no alimento.

Contaminação através de outras fontes de alimentos 

O que pouca gente fala é que outros tipos de carnes, além da carne de porco, podem estar contaminados com parasitas. Qualquer tipo de carne crua ou mal cozida, como carnes vermelhas e peixes crus, pode estar contaminada com micro-organismos e seu consumo deve ser evitado.

Dito isso, não faz nenhum sentido parar de comer carne de porco, mas continuar comendo aquela picanha mal passada ou continuar frequentemente o restaurante japonês. Isso também vale para frango, hambúrgueres e salsichas.

Isso significa que, durante a gravidez, é recomendado evitar o consumo de qualquer tipo de carne crua ou mal passada como uma medida de precaução, mas nenhum desses alimentos é proibido porque você está grávida.

Dicas

Além de cozinhar bem a carne, há outras maneiras de prevenir a contaminação por micro-organismos.

  1. Lavar bem as superfícies e utensílios usados durante o preparo da carne;
  2. Lavar muito bem as mãos com água (morna, se possível) e sabão;
  3. Evitar o consumo de carnes prontas como presunto, chouriço, salame e calabresa, já que esse tipo de alimento não é propriamente cozido, mas sim curado e fermentado. Uma boa dica é congelar esses alimentos antes do consumo para matar a maioria dos parasitas;
  4. Armazenar a carne de porco sob refrigeração a cerca de 4,4ºC por até uma semana ou em congeladas por até um mês. Ao colocar na geladeira, evite posicionar a carne suína próxima de alimentos de consumo imediato como frutas e legumes;
  5. Não experimente a carne durante o preparo antes do seu total cozimento;
  6. Evitar o consumo de consumo de carnes processadas ou carne de porco em restaurantes ou outros estabelecimentos em que você não conhece o ponto da carne;
  7. Não ingerir patê cru que pode conter carne de porco em sua composição. As versões enlatadas são mais seguras pois nesses casos a carne passa por um processo de aquecimento suficiente para matar os micro-organismos.

Cuidados

Mesmo sabendo que a grávida pode comer carne de porco bem armazenada e bem cozida, é importante evitar o consumo exagerado, já que a carne suína é rica em gordura e sódio.

Segundo o Food and Drug Administration (FDA), é recomendado não ingerir mais do que 2.400 miligramas de sódio por dia. Em uma porção de apenas 3 fatias (85 gramas) de bacon, por exemplo, são consumidos cerca de 700 miligramas de sódio. O consumo excessivo de sódio pode aumentar o risco de doenças cardíacas, derrames e hipertensão arterial.

Além disso, dependendo do corte da carne de porco, ela pode ser rica em gorduras saturadas. A mesma porção de bacon mencionada acima pode conter mais de 11 gramas de gordura saturada. Esse é um alto teor de gordura saturada, considerando que a recomendação diária da American Heart Association é de 13 gramas. A ingestão de altos níveis de gordura saturada pode aumentar a quantidade de colesterol do tipo LDL (colesterol ruim) no sangue e causar problemas cardíacos.

A alta ingestão de sódio e gorduras também pode aumentar o risco de desenvolver cálculos biliares e obesidade, respectivamente.

Ganhar alguns quilos durante a gestação é normal, mas estar muito acima do peso durante a gravidez pode ser perigoso pois aumenta as chances de hipertensão, parto prematuro e pré-eclâmpsia. 

Vídeos:

Gostou das dicas?

Fontes e Referências Adicionais:

Você já tinha ouvido falar que grávida pode comer carne de porco, desde que bem armazenada e bem cozida? Na sua gravidez, consumiu esse tipo de proteína? Comente abaixo!

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Sobre Dra. Patricia Leite

Dra. Patricia é Nutricionista - CRN-RJ 0510146-5. Ela é uma das mais conceituadas profissionais do país, sendo uma referência profissional em sua área e autora de artigos e vídeos de grande sucesso e reconhecimento. Tem pós-graduação em Nutrição pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é especialista em Nutrição Esportiva pela Universidad Miguel de Cervantes (España) e é também membro da International Society of Sports Nutrition.

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