Urina de 24 horas: para que serve, como fazer e resultados 

publicado em

O exame de urina de 24 horas é aquele em que a pessoa deve coletar e armazenar toda a urina que fizer durante um dia inteiro. Este exame serve para a análise detalhada da composição da urina, que possibilita avaliar como está o funcionamento dos rins. 

Neste contexto, o exame ajuda a diagnosticar problemas de saúde, como a insuficiência renal e identificar as causas das pedras nos rins, por exemplo. Quando realizado na gravidez, possibilita o diagnóstico da pré-eclâmpsia, que é uma complicação perigosa da gravidez.

Os resultados do exame de urina de 24 horas podem mostrar se a pessoa apresenta alterações urinárias, como a presença de proteínas ou sais minerais em excesso na urina, assim como verificar se os rins estão conseguindo filtrar corretamente o sangue, num processo chamado de filtração glomerular. 

É fundamental seguir as orientações sobre a forma correta de colher e armazenar a urina, para não haver perda de material e para que o resultado forneça informações confiáveis e livres de interferências, que podem ser causadas por erros na etapa de coleta. 

Veja para que serve o exame de urina de 24 horas, como fazê-lo da maneira correta e entender seus resultados. 

  Continua Depois da Publicidade  

Exame de urina de 24 horas: para que serve?

Exame de urina
O exame de urina de 24 horas fornece informações ricas em detalhes para diagnóstico de condições de saúde

O exame de urina de 24 horas é um dos tipos de exames de urina mais solicitados, para investigação de doenças diversas, juntamente com o EAS (elementos anormais do sedimento) e a urocultura

Cada exame fornece um tipo de informação, que pode ser útil em diferentes contextos, dependendo da investigação que o médico ou médica está fazendo. 

O EAS é o exame de urina mais simples, que fornece um panorama geral de como está a urina e o funcionamento dos rins. Por meio dele, é possível verificar se há proteína, corpos cetônicos, bactérias, cristais e células de sangue na urina. A urocultura, por sua vez, possibilita a identificação da bactéria que está causando um quadro de infecção urinária, por exemplo.

Diferentemente do exame de urina convencional, a urina de 24 horas fornece informações ricas em detalhes, com relação às proteínas que estão presentes na urina, assim como as suas quantidades ao longo de um dia inteiro. 

  Continua Depois da Publicidade  

Sais minerais e cristais, como o sódio, citrato, potássio, magnésio, fosfato, amônia, cálcio, oxalato, ureia e ácido úrico também são dosados neste exame.  

Essas informações possibilitam ao médico ou médica chegar a um diagnóstico bastante preciso de algumas condições de saúde: 

  • Insuficiência renal crônica: perda da capacidade de filtração do sangue, para retirada de resíduos, sais e toxinas.
  • Cálculos renais: pedras nos rins, formadas por cristais de sais minerais.
  • Acidose tubular renal: mau funcionamento dos rins, que causa o aumento da acidez do sangue.
  • Nefrite: inflamação dos glomérulos renais, que pode ser causada por várias doenças e infecções que afetam os rins.
  • Pré-eclâmpsia

Quando o pedido do exame é feito durante a gravidez, o médico ou médica ginecologista/obstetra está em busca de verificar a presença de proteínas na urina da gestante. A pré-eclâmpsia é marcada por pressão alta, suor excessivo nas mãos e nos pés e altos níveis de proteína na urina. 

O diagnóstico da pré-eclâmpsia é essencial para o início do tratamento com medicações específicas, para evitar complicações graves que podem ser até fatais para a mãe e para o bebê. Dentre as complicações estão o desprendimento da placenta e/ou parto prematuro, convulsões na mãe e danos aos seus órgãos. 

Como fazer o exame?

Não é difícil fazer o exame de urina de 24 horas, mas existem algumas orientações que precisam ser cuidadosamente seguidas, para que não haja interferências nos resultados por erros de coleta e armazenamento da urina.

  Continua Depois da Publicidade  

Antes de iniciar o exame

É recomendado que a pessoa que vai fazer o exame não tenha relações sexuais dois dias antes do exame. 

Também há uma orientação especial para as mulheres, para que não realizem o exame durante o período menstrual. Se não houver como esperar o período passar, recomenda-se o uso de coletor menstrual ou absorvente interno, para não haver mistura de sangue com a urina.   

No dia em que a urina for coletada, é recomendado não praticar exercícios físicos e não consumir bebidas alcoólicas. 

Como fazer a coleta da urina

O recipiente próprio para a coleta é fornecido pelo laboratório, que realizará a análise da urina. 

Inicie a contagem das 24 horas, a partir do horário que você acorda. O seu exame terminará no dia seguinte, nesse mesmo horário. 

  Continua Depois da Publicidade  

As orientações para a coleta da urina são as seguintes: 

  1. Ao acordar, a primeira urina deve ser feita no vaso sanitário, como de costume, pois é referente à filtração do dia anterior, por isso não deve ser contada no exame. 
  2. Anote o horário dessa primeira urina no vaso sanitário, para você não esquecer, pois o seu exame deverá ser finalizado neste mesmo horário, no dia seguinte. 
  3. Nas próximas vezes que precisar urinar (inclusive à noite e de madrugada), você deverá fazê-lo no recipiente fornecido pelo laboratório. 
  4. A última urina a ser coletada no recipiente será a primeira do dia seguinte, no mesmo horário da primeira urina do dia anterior. Há uma tolerância de 10 minutos, para mais ou para menos. 

Nos intervalos das coletas de urina, o recipiente deve ser armazenado em um local fresco, de preferência refrigerado. 

Cuidados importantes durante o exame

É muito importante tomar cuidado para não urinar fora do recipiente, o que pode acontecer, por exemplo, no momento da evacuação ou durante o banho. Por isso, atente-se a esses momentos, para que você não acabe perdendo o exame. 

Se houver perda da urina, mesmo que em pequena quantidade, é preciso parar de realizar a coleta, descartar a urina e reiniciar o processo no dia seguinte. 

Se você precisar sair de casa, terá que levar o recipiente para coletar a urina ou não urinar até retornar para casa.  

Por conta desses cuidados, muitas pessoas optam por realizar esse exame aos domingos ou em suas folgas, para que consigam permanecer em casa durante todo o tempo. 

Após o término do exame

Após o término da coleta da urina de 24 horas, o recipiente deverá ser levado ao laboratório em no máximo duas horas, para que o material seja armazenado adequadamente até a análise. 

Se isso não for possível, o laboratório deve ser contatado para verificar o prazo de entrega e a maneira correta de armazenamento que, basicamente, consiste em deixá-lo devidamente fechado, dentro da geladeira.

Resultados do exame de urina de 24 horas

Exame de urina
Uma série de informações e diagnósticos podem ser tirados a partir do exame de urina de 24 horas

As seguintes análises são feitas no exame de urina de 24 horas: 

  • Clearance de creatinina: mede quantos mililitros de sangue os rins filtram por minuto, o que é útil para avaliar a função renal e diagnosticar a insuficiência renal crônica. O valor de clearance de creatinina referencial deve estar entre 80 e 120 mL/min. 
  • Quantificação de proteinúria: proteinúria é a presença de proteína na urina, que só ocorre em condições anormais dos rins. Também é feita a dosagem de albumina na urina, chamada de albuminúria. O valor de proteinúria deve ser inferior a 150 mg em 24 horas e de albuminúria inferior a 30 mg em 24 horas.  
  • Sódio: dosar o sódio na urina permite avaliar a quantidade de sódio que a pessoa está ingerindo no dia, o que é útil para casos de pressão alta e síndrome nefrótica. A faixa referencial para quem não faz dieta de restrição de sódio é de 40 a 220 mEq/24h e, para quem faz dieta, valores abaixo de 100 mEq/24 horas.
  • Cácio (calciúria): informação útil em casos de cálculos renais de repetição, pois níveis elevados de cálcio na urina podem aumentar as chances de novos episódios. A faixa referencial é de 100 a 300 mg/24 horas.
  • Ácido úrico (uricosúria): dosagem importante em casos de gota e de cálculos renais compostos de ácido úrico. O valor deve ser inferior a 800 mg/24 horas. 
  • Citrato urinário (citratúria): o citrato ajuda a prevenir a formação de cálculos renais. Níveis baixos indicam maiores chances da pessoa desenvolver pedras nos rins. A faixa referencial está entre 300 a 900 mg/24 horas. 
  • Oxalato urinário (oxalúria): o oxalato também pode estar presente nos cálculos renais, por isso deve ser dosado. Em homens, a faixa referencial é de 7,0 a 44 mg/24 horas, em mulheres, de 4,0 a 31 mg/24 horas e, em crianças, de 13 a 38 mg/24 horas. 
  • Potássio (caliúria): a dosagem de potássio ajuda no diagnóstico de doenças que afetam os túbulos renais. A faixa referencial de concentração de potássio na urina é de 25 a 125 mEq/24 horas. 

As faixas e valores de referência podem variar de acordo com o laboratório. As características de cada pessoa, como idade, peso, sexo e condições de saúde também influenciam na interpretação do exame. 

Por isso, somente o médico ou médica que acompanha o caso é capaz de interpretar corretamente os valores e estabelecer o diagnóstico. 

Fontes e referências adicionais 

Você já fez o exame de urina de 24 horas? Quais foram as dificuldades ou incômodos que você teve durante esse exame? Comente abaixo!

Foi útil?
1 Estrela2 Estrelas3 Estrelas4 Estrelas5 Estrelas
Loading...
Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

Deixe um comentário