Muitos relatos, desde esquecer como se fala português até dirigir dormindo, estão sendo compartilhados nas redes por brasileiros que fazem uso do remédio para insônia, o Zolpidem.
Especialistas alegam que o medicamento em si não é um problema, porém o uso inadequado, o estado de dependência e o uso para fins recreativos podem representar uma série de riscos graves.
A coordenadora do Ambulatório de Sono do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), Rosana Hasan, apontou, após uma análise, que muitos médicos que indicavam a classe anterior para insônia, os benzodiazepínicos, passaram a indicar o Zolpidem. Ela também destaca que o acesso facilitado pode levar ao uso abusivo e inadequado, e até mesmo o uso recreativo pode ter consequências graves.
Os efeitos colaterais, como amnésia, agitação, pesadelos e sonambulismo, tornaram-se tão conhecidos quanto o remédio no mercado brasileiro. De acordo com um estudo publicado no periódico European Neuropsychopharmacology, as reações afetam cerca de 5,1% dos pacientes, mas especialistas afirmam que aqueles que fazem o uso incorreto, como ingerir fora da cama ou além do tempo recomendado, que é de no máximo quatro semanas, enfrentam riscos bem maiores.
Especialistas afirmam que o Zolpidem não é um vilão, mas também não é a droga perfeita contra a insônia, como foi anunciado em seu lançamento nos anos 90. Sua principal função era substituir os benzodiazepínicos, medicamentos descobertos e popularizados nos anos 60, mas que causavam quadros graves de dependência e déficit cognitivo a longo prazo.
Ele é uma das drogas da classe Z, também conhecidas como não benzodiazepínicos, que afetam o sistema GABAA no cérebro. Isso reduz a atividade no sistema nervoso, causando um efeito hipnótico, diferenciando-se dos benzodiazepínicos.
Seu efeito hipnótico é específico, atuando em um subtipo de receptor GABAA, induzindo o sono rapidamente. Isso o torna o hipnótico mais consumido no mundo, de acordo com a neurologista Dalva Poyares, professora de medicina do sono na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pesquisadora do Instituto do Sono.
Apesar de o medicamento não ser exatamente o que se esperava, devido ao risco de causar dependência e tolerância, Rosana, da USP, defende que ele pode ser um aliado nos casos de insônia, desde que o paciente siga as devidas recomendações médicas: tomar o medicamento estando já deitado e não exceder o período de quatro semanas consecutivas.
Por ser considerado um medicamento da categoria B1, que inclui os psicotrópicos, para adquiri-lo é necessário uma receita do tipo azul, com uma numeração controlada. Essa receita fica retida na farmácia, juntamente com as informações do médico e do paciente, o que representa teoricamente uma fiscalização mais rigorosa.
No entanto, em uma das adições à portaria que regulamenta a prescrição de medicamentos no Brasil, a 344/1998, foi estabelecido que medicamentos contendo Zolpidem com menos de 10 mg podem ser prescritos com uma receita de controle menos restrito.
O Zolpidem é vendido em fórmulas que variam de 5 mg a 12 mg, sendo a de 10 mg a mais comum. A prescrição para essa categoria é semelhante a uma receita simples branca, com a diferença de que é necessário emitir duas vias, sendo uma retida pelo farmacêutico, geralmente com validade de 30 dias.
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