As proteínas fazem bem mais pelo organismo do que atuar na manutenção e construção de músculos. Constituídas por cadeias de aminoácidos, elas são conhecidas como os blocos de construção da vida.
E não é exagero. Afinal, as proteínas estão presentes em todas as células do corpo humano e são necessárias para auxiliar o organismo reparar essas células e produzir novas células. O nutriente também é importantíssimo para o crescimento e desenvolvimento de crianças, adolescentes e gestantes.
Requeridas para estrutura, função e regulação dos tecidos e órgãos do corpo, as proteínas exercem funções referentes à construção e manutenção dos ossos e da pele, atuam como anticorpos, trabalham como enzimas, transmitem sinais para coordenar processos biológicos entre diferentes células, tecidos e órgãos e transportam átomos e pequenas moléculas dentro das células e através do corpo.
Como o organismo não armazena as proteínas da mesma maneira que armazena os carboidratos e as gorduras, elas precisam ser consumidas diariamente. O nutriente pode ser encontrado em produtos de origem animal como carnes, ovos e produtos laticínios e em produtos de origem vegetal como soja, feijão e outras leguminosas, nozes e alguns grãos como quinoa e gérmen de trigo.
A quantidade exata de proteínas que uma pessoa necessita consumir diariamente depende de fatores como idade, sexo, saúde e nível de atividade física. Mas como saber se estou consumindo proteína o suficiente? Bem, os sintomas apresentados na lista abaixo são indicativos de que a ingestão do nutriente tem sido insuficiente:
1. Propensão a fraturas por estresse
Uma pesquisa do ano de 2018, que sintetizou revisões sistemáticas e meta-análises a respeito dos benefícios e riscos da ingestão de proteínas para a saúde óssea de adultos, indicou que o nutriente auxilia a proteger os ossos, desde que o consumo do mineral cálcio também esteja adequado.
Além disso, segundo a nutricionista Leslie Bonci, quando uma pessoa não ingere uma quantidade suficiente de proteínas para suprir os órgãos e o cérebro, o organismo acaba pegando proteína emprestada de outras regiões do corpo, o que inclui os estoques do tecido muscular esquelético. Resultado: os ossos se tornam mais vulneráveis a lesões como fraturas.
2. Problemas nas unhas, cabelos e pele
As unhas, a pele e os cabelos são compostas por proteínas como a queratina, a elastina e o colágeno. Quando o organismo não consegue produzir essas proteínas, a pele pode ficar ressecada e escamosa e as unhas podem ganhar cristas (linhas verticais) profundas.
No mesmo sentido, a nutricionista Leslie Bonci advertiu que como as proteínas são componentes essenciais das unhas e dos cabelos, ao longo do tempo as unhas podem ficar mais moles e os cabelos podem ficar mais quebradiços, perder parte do seu brilho e não ser mais tão espesso como de costume, quando o suprimento de proteínas ao organismo é inadequado.
Em uma situação mais extrema, na qual se passa alguns meses sem uma quantidade suficiente de proteínas, a queda de cabelos também pode ser observada, conforme apontou a Academia Americana de Dermatologia. Isso acontece parcialmente porque o organismo desativa o crescimento de cabelos para preservar os seus estoques de proteína.
3. Perda de peso na forma de músculo
Uma pessoa que consome poucas proteínas pode ver os números da balança diminuírem – mas isso não é necessariamente algo positivo ou motivo para comemoração. Isso porque a perda de peso experimentada pode ter sido na forma de músculos e não na forma de gorduras.
A nutricionista Leslie Bonci esclareceu que geralmente o que ocorre quando uma pessoa não consome uma quantidade suficiente de proteínas é que o seu corpo começa a degradar seus músculos para obter mais proteínas. Isso faz muito sentido quando lembramos que são as proteínas fazem parte da constituição dos músculos.
Mas esse não é o único problema: a nutricionista explicou ainda que quando uma pessoa perde músculo, o seu corpo também retém os estoques de gorduras, o que faz com que a sua composição corporal seja transformada de uma maneira desfavorável.
4. Fraqueza e fadiga
De acordo com Bonci, não se trata de uma fadiga instantânea, porém, com o passar do tempo, quem não fornece uma quantidade suficiente de proteínas ao organismo pode sentir-se mais letárgico ou cansado que o normal.
Isso está associado à importância das proteínas em relação aos músculos: pesquisas já apontaram que apenas uma semana sem consumir proteína o suficiente já pode afetar os músculos responsáveis pela postura e pelo movimento, especialmente a partir dos 55 anos de idade.
Ao longo do tempo, a perda de massa muscular que pode ser provocada pela falta de proteínas resulta não somente na diminuição de força, como também torna mais difícil manter o equilíbrio e desacelera o metabolismo.
Mas não é só isso, a proteína também é um componente da hemoglobina, uma integrante dos glóbulos vermelhos, que atua no transporte de oxigênio pelo corpo. Quando os níveis de oxigênio estão muito baixos, a pessoa pode sofrer com fraqueza e dificuldade para respirar.
Outro problema que pode surgir é a anemia – e a fraqueza e a fadiga fazem parte da lista de sintomas da anemia.
5. Ficar doente com frequência
Lembra que aprendemos no começo do texto que as proteínas atuam como anticorpos? Pois bem, os anticorpos têm a responsabilidade de auxiliar a combater invasores externos, explicou a nutricionista Leslie Bonci. Eles ativam os glóbulos brancos para lutar contra as bactérias, vírus e toxinas.
Conforme alertou Bonci, quando a pessoa não possui proteína o suficiente em seu organismo, isso pode comprometer o seu sistema imunológico e ela pode pegar doenças mais frequentemente do que outras pessoas.
Isso sem contar que o organismo necessita de proteínas para digerir e absorver outros nutrientes importantes para a saúde. Como se não bastasse, existem evidências que as proteínas podem mudar os níveis das bactérias boas do intestino, que também atuam no combate a doenças.
6. Inchaço (edema)
O inchaço é considerado um dos sintomas mais comuns do fornecimento insuficiente de proteína ao organismo, especialmente quando se trata do inchaço no abdômen, nas pernas, nos pés e nas mãos. Acredita-se que isso aconteça porque as proteínas que circulam no sangue, principalmente a albumina (uma proteína presente no ovo), auxiliam a evitar o acúmulo de líquido nos tecidos.
Mas atenção: como o inchaço pode ser provocado por diversos outros problemas, inclusive por alguns mais graves, é importante procurar o auxílio médico para verificar o que realmente está por trás do inchaço.
7. Mudanças de humor
Os neurotransmissores são usados pelo cérebro para retransmitir informações entre as células. E adivinha só? Muitos desses neurotransmissores são feitos de aminoácidos, que são os elementos que constituem as proteínas.
Ou seja, uma ingestão insuficiente de proteínas pode fazer com que o organismo não dê conta de fazer uma produção adequada desses neurotransmissores. Mas onde é que o humor entra nisso tudo? Níveis baixos dos neurotransmissores dopamina e serotonina podem deixar uma pessoa deprimida ou muito agressiva.
8. Fome
Ao lado dos carboidratos e das gorduras, as proteínas são um dos três nutrientes que fornecem calorias ao organismo. Ou seja, elas ajudam a abastecer o organismo com energia. Tanto que estudos já apontaram que as refeições ricas em proteínas ajudam o corpo a ficar mais saciado ao longo do dia.
9. Demora na cicatrização de feridas e na cura de lesões
Quem tem falta de proteínas demora mais para ver os seus cortes e arranhões sararem. Da mesma forma, a insuficiência do nutriente retarda a recuperação de entorses e outras lesões associadas às atividades físicas.
A explicação é que isso é um efeito de uma produção insuficiente da proteína colágeno, que é encontrada não somente na pele, como também no tecido conjuntivo. Além disso, as proteínas são necessárias para a coagulação sanguínea.
Identificou-se com alguns dos sintomas?
Embora a insuficiência ou deficiência de proteínas não seja algo comum, pessoas que seguem uma dieta de má qualidade, idosos e pacientes com câncer podem ter dificuldade de obter o nutriente em proporções adequadas.
Da mesma forma, aqueles que estão saindo de uma dieta tradicional para o vegetarianismo ou veganismo podem ter problemas para ingerir proteínas em quantidades ideais ou obter proteínas completas, por não saberem como substituir a proteína animal pela vegetal adequadamente.
Isso porque, embora existam proteínas vegetais completas, a maioria das fontes vegetais de proteína são proteínas incompletas, o que torna necessário consumir diferentes fontes vegetais de proteína diariamente para obter todos os aminoácidos necessários ao organismo.
Caso tenha se identificado com um ou mais dos sinais apresentados na lista acima, procure o auxílio médico e relate todos os seus sintomas ao profissional para confirmar se a sua ingestão de proteínas não está baixa e aprender como reverter o problema antes que ele se torne mais perigoso.
Se a insuficiência de proteínas estiver associada a uma mudança para uma dieta sem carne ou sem produtos de origem animal, peça o auxílio de um nutricionista para montar um cardápio que contemple todas as fontes vegetais de proteínas que o seu organismo precisa.
Mesmo que os seus sintomas não sejam oriundos da falta de proteínas, o médico poderá identificar o que está causando-os e tratar o problema em questão adequadamente, antes que surjam complicações.
Fontes e Referências adicionais:
- https://medlineplus.gov/ency/article/002467.htm
- https://medlineplus.gov/dietaryproteins.html
- https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs00198-018-4534-5
- https://www.aad.org/public/diseases/hair-loss/treatment/tips#causes
- https://ghr.nlm.nih.gov/primer/howgeneswork/protein
- https://www.webmd.com/diet/ss/slideshow-not-enough-protein-signs