As bebidas energéticas são uma opção popular para se manter acordado e melhorar o desempenho físico, mas seu consumo exige cautela.
Estudos têm apontado que grupos mais vulneráveis, como adolescentes e jovens, são os mais expostos a esses produtos, especialmente quando misturados com álcool.
Pouco valor nutricional
O alto teor de cafeína e açúcar é um dos principais problemas dessas bebidas, que oferecem pouco ou nenhum valor nutricional.
Por exemplo, uma lata de energético de 250 mililitros da marca líder contém 80 miligramas de cafeína, ultrapassando as recomendações seguras da EFSA.
De acordo com as diretrizes da EFSA, a dose máxima segura de cafeína para consumo não deve ultrapassar 3 miligramas por quilograma do peso corporal de uma pessoa.
Isso significa que um adolescente de 50 quilos não deve ingerir mais de 150 miligramas de cafeína.
No entanto, cada lata de 500 mililitros de uma outra marca desse tipo de bebida contém um excedente de 160 miligramas em relação a essa quantidade recomendada.
As bebidas energéticas geralmente têm uma quantidade significativa de açúcar, variando entre 27,5 e 60 gramas em latas de 250 mililitros e 500 mililitros, respectivamente.
Isso é aproximadamente igual a 11 – 12 colheres de chá de açúcar ou cerca de 220 – 240 calorias em uma lata de 500 mililitros.
Para lidar com esse problema, muitas marcas oferecem versões com menos açúcar ou sem açúcar, substituindo-o por adoçantes.
Outros efeitos negativos para a saúde em geral
Estudos também indicam que o consumo excessivo de bebidas energéticas pode trazer efeitos negativos para a saúde física e mental, incluindo problemas cardiovasculares e neurológicos, distúrbios comportamentais e do sono.
Adolescentes que consomem essas bebidas têm tendência a apresentar um desempenho acadêmico inferior. Outro ponto preocupante é a combinação dessas bebidas com álcool, pois isso pode mascarar os efeitos depressivos do álcool, aumentando o risco de intoxicação alcoólica.
Apesar desses problemas de saúde pública, muitos países, incluindo Espanha e Brasil, ainda não possuem regulamentações específicas para as bebidas energéticas. Profissionais da nutrição e figuras públicas têm defendido uma regulamentação mais rígida, com limites no teor de cafeína, controle da publicidade direcionada a crianças e adolescentes, e a proibição da venda para menores de 16 anos.
Em resposta a essas preocupações, o Ministério do Consumo da Espanha tomou medidas em 2021, desenvolvendo um conjunto de 10 recomendações em parceria com a indústria de bebidas energéticas.
Essas recomendações alertam para os riscos à saúde, desaconselham o consumo por adolescentes, destacam a falta de utilidade para a reidratação em atletas e exigem a indicação do alto teor de cafeína nos rótulos.
No entanto, mesmo com essas iniciativas, ainda existe uma lacuna significativa no conhecimento sobre a composição e os efeitos colaterais das bebidas energéticas, com estimativas indicando que 70% das pessoas desconhecem essas informações essenciais.
A conscientização e a regulamentação adequada são fundamentais para proteger a saúde pública e mitigar os riscos associados ao consumo dessas bebidas.