Catarro com sangue: possíveis causas e o que fazer

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O catarro com sangue, cujo termo médico é hemoptise, pode sinalizar um simples rompimento de vasos no nariz, devido ao tempo seco, ou pode estar associado a causas mais complexas que, na maioria das vezes, não são graves.   

Um catarro normal apresenta-se como um líquido pouco viscoso, incolor e sem cheiro. Mudanças nessas características podem sinalizar a presença de alguma anormalidade em seu organismo.

Veja a seguir quais são as possíveis causas do catarro com sangue, o que fazer e saiba quando você deve procurar ajuda médica. 

Causas comuns do catarro com sangue

Ressecamento das vias aéreas

O ar seco provoca a irritação das vias aéreas, podendo levar ao rompimento dos vasos sanguíneos presentes nas narinas, pois eles são mais finos e frágeis. 

Quando esta é a causa do catarro com sangue, geralmente estão presentes outros sintomas, como vermelhidão, lacrimejamento e coceira nos olhos. 

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O que fazer: Use um umidificador de ar. Se não tiver um, você pode colocar uma bacia com água no ambiente, que também deixará o ar mais úmido. Aplique soro fisiológico, em spray ou gotas, nas narinas. Veja como fazer soro fisiológico em casa. Além disso, não esqueça de beber bastante água, para manter uma boa hidratação geral no seu organismo. 

Bronquite

Um dos sintomas da bronquite é a tosse seca ou com catarro, que geralmente é mucoso e branco. Mas, em alguns casos, o catarro pode aparecer cinza-amarelado, esverdeado ou raiado de sangue, ou seja, com finos filamentos de sangue.

Outros sintomas associados à bronquite são: falta de ar ou dificuldade para respirar, ruídos ao respirar, desconforto no peito, lábios e pontas dos dedos com coloração arroxeada ou azulada, febres ou calafrios, cansaço, falta de apetite e inchaço nas pernas.

A bronquite aguda ainda pode gerar sintomas similares aos do resfriado comum ou da sinusite, como dor de garganta, dor de cabeça, dor no corpo e nariz escorrendo ou entupido, que costumam melhorar em uma semana.

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O que fazer: Quando a hemoptise (catarro com sangue) é acompanhada de febre, calafrios, fadiga, falta de ar e chiado no peito, deve-se procurar um atendimento médico. Se houver uma infecção bacteriana, o médico pode administrar um antibiótico na veia. Em outros casos, podem ser prescritos broncodilatadores, para diminuir a tosse e melhorar a respiração, e corticoides, para reduzir a inflamação.

Da mesma forma, se a tosse durar mais de três semanas, houver febre por mais de três dias seguidos ou ocorrer muita dificuldade para respirar, a ajuda médica deve ser buscada imediatamente, já que a bronquite pode evoluir para uma pneumonia.

Bronquiectasia

A bronquiectasia é uma condição crônica causada por infecções ou inflamações persistentes, que resultam na dilatação e destruição dos brônquios, os canais que levam o ar aos pulmões. 

Os sintomas comuns são tosse crônica com catarro, febre e falta de ar. O paciente com bronquiectasia costuma apresentar a sua tosse persistentemente, em grande quantidade e, principalmente, pela manhã. A expectoração de sangue no catarro é uma complicação comum da bronquiectasia e deve ser tratada por um pneumologista.

O que fazer: O catarro com sangue na bronquiectasia é tratado com embolização da artéria brônquica, que consiste em bloquear o fluxo sanguíneo e parar o sangramento. Em alguns casos, quando a embolização não resolve o problema, pode ser necessária a ressecção cirúrgica, que é a remoção do tecido afetado. 

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Pneumonia

A pneumonia é uma infecção grave do pulmão, provocada pela penetração de um agente infeccioso ou irritante, como bactérias, vírus, fungos e por reações alérgicas, nos alvéolos, que são os sacos de ar dos pulmões onde acontecem as trocas de oxigênio e gás carbônico.

A doença faz parte dos alvéolos de um dos dois pulmões ficarem cheios de líquidos ou pus. A condição causa sintomas como tosse, dor no tórax, falta de ar ou respiração acelerada, febre alta e secreção de catarro amarelado, esverdeado e, às vezes, com sangue. 

A lista de sintomas da pneumonia também inclui calafrios, fadiga, sudorese, prostração (fraqueza), mal-estar generalizado, ritmo cardíaco acelerado, alterações na pressão arterial, confusão mental e toxemia (danos provocados pelas toxinas carregadas pelo sangue).

O que fazer: Procurar atendimento médico, para que a pneumonia receba o tratamento correto, que pode incluir antibióticos e, em casos mais graves, internação para suplementação de oxigênio e acompanhamento do caso. Se não for tratada de forma rápida e adequada, a pneumonia pode matar.

pulmão com pneumonia

Uso de anticoagulantes

Os medicamentos anticoagulantes são prescritos para evitar a formação de coágulos no sangue, tornando-o mais líquido, o que facilita a sua passagem pelos vasos sanguíneos. 

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Como efeito colateral, podem ocorrer sangramentos em qualquer parte do corpo. Quando acontece nas vias aéreas, o sangramento pode ser observado no catarro expelido com a tosse. 

O que fazer: Um sangramento leve não é motivo de preocupação mas, por via das dúvidas ou se for abundante, deve-se retornar ao médico, para que ele avalie a necessidade de ajuste ou troca do medicamento.

Causas menos comuns do catarro com sangue

Câncer de pulmão

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), estimativas referentes a 2023 indicam que o câncer de pulmão é o terceiro mais comum em homens e o quarto em mulheres no Brasil, sem contar o câncer de pele não melanoma. 

Além disso, ele é o primeiro entre os homens e o segundo entre as mulheres conforme estimativas mundiais de 2020, que apontaram incidência de 2,2 milhões de casos novos, sendo 1,4 milhão em homens e 770 mil em mulheres.

Os sintomas mais comuns do câncer de pulmão são tosse persistente e com sangue, falta de ar, piora da falta de ar, dor no peito, chiado no peito, rouquidão, sensação de cansaço ou fraqueza, pneumonia recorrente ou bronquite, perda de peso e perda de apetite.

O que fazer: Ao suspeitar dos sintomas, procurar um médico e, se necessário, ser encaminhado para um oncologista, para receber o diagnóstico e tratamento adequado, que pode incluir cirurgia, quimioterapia e radioterapia. 

Aspergilose

A aspergilose é uma doença infecciosa oportunista, ou seja, acomete pessoas com o sistema imunológico debilitado. Ela é causada pela inalação de esporos de um fungo filamentoso do gênero Aspergillus encontrado em matéria orgânica em decomposição. 

Os sintomas mais comuns são tosse persistente com catarro ou sangue, dificuldade para respirar, dor no peito, febre acima de 38º C e perda de peso.

O que fazer: Ao desconfiar que tem a condição, procurar atendimento médico para iniciar o tratamento com os antifúngicos prescritos pelo médico, como a anfotericina B e o itraconazol. 

Tuberculose

A tuberculose é uma doença infecciosa que afeta prioritariamente os pulmões, ainda que possa atingir outros órgãos e/ou sistemas. Ela é causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch. 

No início, a pessoa pode apresentar tosse seca e contínua, mas com a progressão da doença, a tosse pode começar a vir acompanhada de catarro e sangue. 

Nos casos mais graves, há eliminação de grandes quantidades de sangue, dificuldade na respiração, colapso do pulmão e acúmulo de pus na pleura (membrana que reveste o pulmão). Já se houver comprometimento dessa membrana, pode ocorrer dor torácica. 

A condição ainda pode causar sintomas como cansaço excessivo, febre baixa, geralmente à tarde, sudorese noturna, falta de apetite, palidez, emagrecimento acentuado, rouquidão e fraqueza.

O que fazer: Ao desconfiar que pode ter a condição, buscar ajuda médica, pois o tratamento consiste no uso de antibióticos por seis meses. É fundamental não abandonar o tratamento antes do tempo. 

Embolia pulmonar

A embolia pulmonar ou tromboembolismo pulmonar é o entupimento ou bloqueio de uma ou mais artérias dos pulmões por um coágulo, que é o mais comum, ou ainda gordura, ar ou células cancerosas. 

A doença é potencialmente fatal e os sinais mais característicos do problema são falta de ar, unhas azuladas, pele pálida, tosse seca ou com sangue, dor no tórax que piora com inspiração profunda,, batimentos cardíacos acelerados e febre. 

O que fazer: Procurar atendimento médico, para que o profissional possa tratar o caso com a administração de oxigênio e de heparina na veia, um anticoagulante. Alguns casos demandam intervenção cirúrgica para a retirada do êmbolo pulmonar, a embolectomia.

Vasculites pulmonares

As vasculites pulmonares são doenças autoimunes que se caracterizam pela inflamação dos vasos sanguíneos que irrigam os pulmões. 

Há vários tipos de vasculites pulmonares, mas essas são doenças bem raras que, geralmente, são acompanhadas de outras manifestações, como manchas na pele e problemas nas articulações. 

Os sintomas mais comuns são tosse seca ou com sangue, dor nas articulações, lesões na pele, falta de ar e dor ao respirar. 

O que fazer: Buscar um reumatologista ou cirurgião vascular para iniciar um tratamento com medicamentos que inibem o ataque do sistema imune aos tecidos do próprio corpo que, no caso, são os vasos sanguíneos. 

Quando procurar ajuda médica

Existem alguns sinais de alerta que indicam que o catarro com sangue demanda uma avaliação mais cuidadosa: 

  • Presença de grandes quantidades de sangue no catarro
  • Falta de ar
  • Fraqueza
  • Tontura ao se levantar
  • Sede excessiva
  • Sudorese
  • Aceleração dos batimentos cardíacos
  • Fadiga
Fontes e referências adicionais
  • Hemoptise, Jornal Brasileiro de Pneumologia [online], 2010 Jun; 36(3): 278-280.
  • Bronquiectasia, Secretaria de Estado de Saúde, Governo do Estado de Goiás.
  • Pneumonia, Biblioteca Virtual em Saúde, Ministério da Saúde.
  • Câncer de pulmão, Instituto Nacional do Câncer (INCA).
  • Aspergilose, Ministério da Saúde.
  • Tuberculose, Biblioteca Virtual em Saúde, Ministério da Saúde

Em tempos de umidade baixa do ar, você sente que suas vias aéreas ficam mais secas? O que você faz para aumentar a umidade do ar? Quais causas do catarro com sangue eram desconhecidas para você? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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