Se antes todos já estávamos preocupados com o surto do novo coronavírus, depois que a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou o novo coronavírus (SARC-CoV-2) como uma pandemia, o alerta em relação à doença causada por ele, que recebeu o nome de COVID-19, intensificou-se ainda mais.
Para quem sofre com alergias, que podem ter sintomas parecidos com os sintomas do novo coronavírus (veja o que o coronavírus provoca no organismo de uma pessoa), pode ser um tanto quanto difícil diferenciar se o caso é “apenas” a sua alergia habitual ou se pode se tratar do temido novo coronavírus.
Isso pode gerar insegurança e até pânico, devido a toda a movimentação que se tem visto em torno do COVID-19 e toda a preocupação em se manter saudável e imune durante o surto do novo coronavírus.
No entanto, nesses momentos, melhor do que se desesperar é ser cauteloso e prudente e buscar ter o maior número de informações possíveis – inclusive tomando cuidado com as chamadas fake news acerca do coronavírus que você não deve acreditar. Até porque, embora possam ter algumas similaridades, os sintomas de uma alergia e do coronavírus ainda apresentam as suas diferenças.
Sintomas da alergia x Sintomas do novo coronavírus
Segundo o Colégio Americano de Alergia, Asma e Imunologia (ACAAI, sigla em inglês), geralmente uma alergia é desenvolvida quando o sistema imunológico tem uma reação exagerada a alguma substância, tratando-a como uma ameaça. No caso das alergias sazonais, como a rinite alérgica, por exemplo, o organismo não reage bem à presença de alérgenos como pólen, relva ou a planta tasneira.
A alergia costuma envolver sintomas como: nariz escorrendo, com coceira e/ou congestão; olhos lacrimejantes, com coceira, inchaço e/ou vermelhidão; coceira na garganta e no ouvido, aperto no peito; sibilo (chiado durante a respiração) ou falta de ar; tosse seca; pele rachada, vermelha e ressecada; erupção cutânea; urticária (lesão com manchas ou placas vermelhas e coceiras na pele); inchaço nos lábios, língua, face ou olhos; dor de barriga, mal-estar, vômito, diarreia, fadiga e dor de cabeça.
Em casos raros, uma alergia pode gerar uma reação severa, que é uma emergência e exige o tratamento médico imediato, pois pode ser fatal: a anafilaxia. Trata-se de uma reação que atinge todo o corpo e geralmente ocorre minutos depois da exposição ao que provoca a alergia.
Além dos sintomas associados à alergia já citados, a anafilaxia inclui: inchaço da garganta e da boca, náusea, dificuldade para respirar severa, vertigem, confusão, pele ou lábios azulados, queda na pressão arterial, pulso rápido e fraco, desmaio e perda de consciência.
Já no caso do COVID-19, os três principais sintomas são: febre, dificuldade para respirar e tosse seca, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês) dos Estados Unidos.
De acordo com a OMS, existem ainda outros sintomas menos comuns do novo coronavírus: dores, congestão nasal, nariz escorrendo, dor de garganta ou diarreia.
A principal diferença entre os sintomas do novo coronavírus e das alergias é que, enquanto o COVID-19 provoca febre, as alergias geralmente não causam esse sintoma. Outra distinção significativa é que as alergias trazem coceira, enquanto o novo coronavírus não a provoca.
Embora o espirro possa ser observado em ambos os casos, as pessoas acometidas pelas alergias costumam sofrer com mais problemas nasais. O chefe de alergia e imunologia do Pennsylvania Hospital Marc Goldstein explicou que enquanto nas alergias costumam ser observados ataques de espirro, nos quais o paciente não consegue parar de espirrar, no COVID-19 não tem sido visto tanto desse espirro contínuo.
A importância do contexto
O contexto no qual a pessoa que apresenta os sintomas da alergia e do novo coronavírus se encontra também é importante para diferenciar se pode ser o caso de um problema ou de outro, uma vez que as diferenças entre os dois podem ser sutis.
Por exemplo, no caso das alergias sazonais que podem disparadas pelo pólen, vale a pena observar se no momento há uma exposição ao pólen. Goldstein apontou que se a pessoa está em uma região onde o pólen não está tão presente, é improvável que os sintomas sejam decorrentes de uma alergia sazonal.
Esse mesmo raciocínio pode ser aplicado quanto a outros tipos de alergias e à proximidade com as substâncias que são responsáveis pelo desencadeamento dessas alergias.
Outro ponto importante a ser avaliado é se a pessoa teve contato com alguém que pode ter sido contaminado pelo novo coronavírus. Para isso, é preciso procurar saber se houve casos suspeitos ou confirmados de COVID-19 na sua cidade, quantos são esses casos e se eles são oriundos de pessoas que viajaram para o exterior ou se já houve uma propagação do vírus entre os moradores da cidade, sem que eles tenham viajado para fora.
Como pode ser bem difícil e arriscado definir por conta própria se os sintomas são de uma alergia, do novo coronavírus ou de algum outro tipo de doença, o mais seguro a se fazer é procurar a ajuda médica, relatar todos os sintomas, fazer os exames necessários e seguir todas as orientações dos profissionais de saúde até que o COVID-19 seja confirmado ou descartado.
Uma vez que seja diagnosticado com o novo coronavírus, o paciente precisa seguir cuidadosamente todas as recomendações de tratamento e isolamento que a equipe médica passar a ele, de modo que preserve não somente a sua saúde, mas também a saúde de outras pessoas. Outra diferença importantíssima em relação às alergias e ao COVID-19 é que o novo coronavírus é altamente contagioso, ao contrário das alergias.
Segundo o CDC, o novo coronavírus se espalha por meio do contato pessoal através das gotículas expelidas por meio das tosses e espirros das pessoas infectadas. No entanto, o COVID-19 também pode ser transmitido ao tocar superfícies que podem estar infectadas pelo vírus – ele sobrevive de duas horas a nove dias nessas superfícies, se não houver a limpeza apropriada.
Por outro lado, as gotículas expelidas nas tosses e espirros das pessoas alérgicas não são infecciosas – a não ser que elas também estejam doentes, obviamente. Dito isso, é importante ressaltar que não é impossível que uma pessoa experimente um ataque de alergia ao mesmo tempo em que esteja infectada pelo novo coronavírus, apresentando assim sintomas de ambos.
É justamente por isso que é muito importante ficar de olho em todos os sintomas que apresentar e procurar o auxílio médico, caso tenha a menor desconfiança de que pode ter sido exposto ao COVID-19.
Mais sobre o novo coronavírus
Trata-se de uma nova estirpe de uma grande família de vírus causadores de doenças respiratórias, que vão do resfriado comum até a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV, sigla em inglês) e a síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV, sigla em inglês). O novo tipo de coronavírus apareceu na China em dezembro de 2019.
Acredita-se que pessoas mais velhas e os indivíduos que sofrem com problemas de saúde preexistentes, como pressão alta, doença no coração ou diabetes, apresentem maiores riscos de desenvolver doenças sérias em decorrência do COVID-19. Entenda por que pessoas com diabetes e pressão alta têm maior risco de contrair a doença.
Apesar de uma empresa americana estar testando um medicamento contra o novo coronavírus, ainda não há vacina ou um medicamento antiviral específico para prevenir ou tratar a doença. Os pacientes afetados pelo SARS-CoV-2 recebem tratamentos para aliviar os sintomas, enquanto aqueles que desenvolvem problemas graves em decorrência do vírus são hospitalizados.
As recomendações de prevenção contra o coronavírus
Para diminuir eficientemente os riscos de contrair ou de que outras pessoas sejam infectadas pela mais nova temida doença, também é necessário aderir às outras estratégias de prevenção contra ela, que incluem:
- Lavar as mãos com frequência, usando água e sabonete ao longo de pelo menos 20 segundos;
- Quando não tiver acesso à água e sabonete, higienizar as mãos com um desinfetante próprio para as mãos à base de álcool;
- Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas;
- Não ter contato próximo com pessoas que estiverem doentes;
- Manter pelo menos um metro de distância de alguém que esteja tossindo ou espirrando;
- Cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar com o cotovelo dobrado ou com um lenço de papel – no caso do lenço, ele deverá ser jogado fora depois da tosse ou espirro;
- Limpar e desinfetar os objetos e superfícies tocados com frequência, como corrimões de escada, mesas, telefones e utensílios compartilhados de escritório, por exemplo. Sim, até o seu smartphone pode ser responsável pela infecção do vírus!
- Ficar em casa se estiver sentindo-se mal e procurar o atendimento médico se apresentar febre, tosse e dificuldade para respirar;
- Manter-se informado sobre os últimos desdobramentos acerca do coronavírus e seguir as instruções das autoridades locais de saúde.
As informações são do site Health, da OMS, do Ministério da Saúde, do Serviço Nacional de Saúde (NHS, sigla em inglês) do Reino Unido e da Mayo Clinic, organização da área de serviços médicos e pesquisas médico-hospitalares dos Estados Unidos.