Corrimento marrom é um tipo de secreção vaginal considerado normal, quando ocorre antes ou após a menstruação e resulta da eliminação de coágulos de sangue, que são naturalmente mais escuros do que o sangue líquido.
Essa cor de corrimento vaginal também pode ser observada após uma relação sexual, quando ocorre uma irritação na parede da vagina.
Essas ocorrências são consideradas normais e não sinalizam um problema grave de saúde. Na verdade, o corrimento marrom indica que o sangue presente no seu trato genital foi degradado e está sendo eliminado junto ao corrimento natural do corpo.
Porém, caso o corrimento marrom persista por mais de 3 dias, é possível se tratar de uma infecção vaginal, da presença de cistos ou de outras alterações no colo do útero, que precisam ser examinadas e tratadas.
Outro sinal que indica a necessidade de se procurar um médico ou médica ginecologista é a presença de outros sintomas além do corrimento marrom, como coceira, mau cheiro ou irritação na região genital.
Veja quais são as principais causas de corrimento marrom e o que fazer.
1. Começo e final da menstruação
É normal que no começo e/ou no final do período menstrual, você observe a saída de um corrimento mais escuro, de tom aparentemente amarronzado.
O sangue aparenta estar mais escuro, quando sai em menor volume ou coagulado, perdendo sua típica cor vermelho-vivo.
O que fazer
Não é necessário fazer nenhum tratamento específico para este tipo de corrimento marrom, pois se trata de algo normal, que cessa naturalmente após 2 ou 3 dias do seu início.
Caso você observe alguma alteração nesse corrimento marrom, como o aumento de volume, mau cheiro ou persistência para além de 3 dias, é importante passar por uma consulta com um/uma ginecologista, para que o sintoma seja melhor avaliado e tratado, se necessário.
2. Uso de anticoncepcional
Algumas mulheres notam, após trocarem ou iniciarem o uso do anticoncepcional, a liberação de corrimento marrom por alguns dias durante o primeiro mês.
Esse sinal fisiológico é normal e reflete as alterações hormonais que o organismo está sofrendo com a troca do medicamento. Veja como trocar de anticoncepcional sem risco de engravidar.
O que fazer
É possível que o/a ginecologista que prescreveu o anticoncepcional para você te fale sobre esse possível corrimento marrom e esclareça que é normal durante alguns dias. Assim, apenas siga corretamente as instruções que você receber sobre a forma de tomar o medicamento.
Caso o problema persista para além do tempo que seu médico ou médica indicou ser normal, volte para uma consulta e fale sobre o sintoma. Assim, o/a ginecologista poderá avaliar a resposta do seu organismo ao medicamento e, se necessário, suspendê-lo ou substituí-lo.
3. Irritação no colo do útero
A região do colo do útero, que é a parte do órgão que fica localizada acima da vagina, é bastante sensível e pode sofrer irritações por ações corriqueiras, como um exame de papanicolau e relações sexuais frequentes.
Esse tipo de irritação no colo do útero também pode ser causada por objetos esquecidos ou, simplesmente, pelo contato com eles, por exemplo, camisinha, anel vaginal e absorventes.
A irritação no colo do útero desencadeia um processo inflamatório no local, que pode incluir a liberação de um corrimento marrom.
O que fazer
Numa situação de corrimento marrom por irritação no colo do útero, não é necessário fazer nenhum tratamento específico. Em casos assim, o corrimento é pouco volumoso e cessa em até 2 dias.
Porém, enquanto houver a saída do corrimento, é importante manter a região genital sempre limpa e seca, além de evitar o contato íntimo.
4. Gravidez
O corrimento marrom também pode indicar uma gravidez, sendo chamado de nidação. Esse corrimento ou pequeno sangramento ocorre entre o 7º e 9º dia após a ovulação e indica que houve a implantação do embrião no útero.
O que fazer
Se você observar um corrimento marrom ao redor do período de ovulação do ciclo menstrual, é recomendado que você faça um exame de gravidez, para confirmar se está grávida.
5. Doença inflamatória pélvica (DIP)
A doença inflamatória pélvica é uma infecção que afeta os órgãos reprodutores femininos superiores, que são o colo do útero, o útero, as tubas uterinas (trompas de Falópio) e os ovários.
Geralmente, o problema é desencadeado por bactérias causadoras de infecções sexualmente transmissíveis, como a clamídia e a gonorreia.
O que fazer
A doença inflamatória pélvica deve ser tratada o mais rápido possível, pois as bactérias podem afetar vários órgãos do sistema reprodutor feminino e deixar a mulher a infértil.
Assim procure um médico ou médica ginecologista, caso apresente os seguintes sintomas:
- Dor abdominal ou pélvica de início súbito.
- Dor abdominal ou pélvica, cuja intensidade piora com o contato íntimo e entre os ciclos menstruais.
- Saída de corrimento marrom ou outra coloração, com odor forte e desagradável.
- Sangramento fora do período menstrual, às vezes acompanhado de náuseas ou vômitos.
Você fará exames para saber qual microrganismo está causando a infecção no seu sistema reprodutor e, a partir disso, será tratada com antibióticos ou outro medicamento apropriado à infecção em curso. Durante o tratamento, é preciso evitar o contato íntimo e avisar o parceiro sexual, para que também seja tratado.
6. Cisto no ovário
A presença de um cisto no ovário pode levar à saída de um corrimento mais escuro, amarronzado, entre as menstruações.
Geralmente, o corrimento marrom causado pela presença de um cisto no ovário é acompanhado de outros sintomas, como dor durante a ovulação (metade do ciclo), dor durante ou após o ato sexual, sangramento irregular, ou seja, fora do período da menstruação, ganho de peso e dificuldades para engravidar.
O que fazer
A conduta terapêutica varia de caso para caso. Em alguns, o tratamento é feito com a pílula anticoncepcional, em outros, se faz necessária a retirada do ovário, a fim de evitar complicações como o câncer ou a torção do ovário (torção anexial).
7. Síndrome dos ovários policísticos
Mulheres que têm a síndrome dos ovários policísticos podem apresentar um corrimento escuro, devido à presença de sangue.
Juntamente com este sintoma, as mulheres com síndrome dos ovários policísticos apresentam ciclos menstruais irregulares, ganho de peso, acne e excesso de pelos no corpo, que podem ser mais grossos.
O que fazer
Na presença destes sintomas, é indicado que você procure um médico ou médica ginecologista para o diagnóstico da condição, que deve ser tratada com o uso da pílula anticoncepcional. O tratamento é fundamental para regular o ciclo menstrual e as alterações hormonais.
8. Pólipos uterinos ou endometriais
Os pólipos são estruturas que resultam do crescimento excessivo do tecido endometrial e que ficam presos ao endométrio por uma haste fina ou por uma base larga, se estendendo para dentro do útero.
Geralmente, a existência de pólipos uterinos ou endometriais não indicam um câncer, porém podem causar alterações no ciclo menstrual e interferir na fertilidade da mulher. Veja outras causas de infertilidade feminina.
O corrimento marrom é observado entre os ciclos menstruais, representando um sangramento fora do período menstrual.
O que fazer
Os pólipos uterinos podem ser tratados com medicamentos que regulam os hormônios, mas geralmente precisam ser retirados em uma cirurgia minimamente invasiva, realizada por histeroscopia.
9. Distúrbios de coagulação
Os distúrbios de coagulação ocorrem quando o organismo não produz as proteínas necessárias para a coagulação sanguínea em quantidades suficientes, tornando-o incapaz de interromper uma hemorragia.
Por isso, mulheres com doença de Von Willebrand e leucemia podem observar a saída de corrimento marrom com maior frequência.
O que fazer
É fundamental buscar ajuda de um médico ou médica hematologista, para receber um diagnóstico correto e preciso do distúrbio de coagulação e tratá-lo de forma específica. Em alguns casos, é preciso fazer reposição de vitamina K e transfusão de sangue.
10. Infecções sexualmente transmissíveis
Infecções sexualmente transmissíveis podem causar alterações no corrimento vaginal, tornando-o mais amarronzado e malcheiroso.
Essas infecções sexuais são adquiridas por meio de contato sexual desprotegido com pessoas contaminadas por bactérias ou outros microrganismos patogênicos, como a Chlamydia trachomatis e a Neisseria gonorrhoeae, causadoras da clamídia e da gonorreia, respectivamente.
Além das alterações no corrimento, a pessoa infectada com uma infecção desse tipo sente dor ao urinar, sensação de peso ou de dor na região pélvica e sangramento e dor durante a relação sexual.
O que fazer
Caso suspeite que está com alguma infecção sexualmente transmissível, procure ajuda médica o mais rápido possível, para receber o diagnóstico e o tratamento adequado que, normalmente, inclui o uso de antibióticos eficazes contra a bactéria causadora da infecção.
Se a infecção não for tratada, ela pode se agravar e afetar outros órgãos na região pélvica e abdominal, podendo desencadear uma doença inflamatória pélvica.
11. Endometriose
A endometriose é uma doença provocada pela instalação e crescimento de células do endométrio, o tecido que reveste o útero internamente, em outros locais do corpo, geralmente nos ovários e na cavidade abdominal.
O corrimento mais escuro, com tom amarronzado, pode estar entre os sintomas clássicos da endometriose, que consistem em dor intensa na região pélvica, menstruações mais volumosas, dores durante a relação sexual e, também, para urinar ou defecar.
O que fazer
É essencial ter o acompanhamento de um médico ou médica ginecologista, que fará todos os exames necessários para diagnosticar a endometriose e investigar a sua extensão. A partir daí, poderá propor um plano de tratamento, que varia de caso para caso.
Em alguns casos, o/a ginecologista poderá propor a colocação de DIU, uso de pílulas anticoncepcionais, medicamentos à base de progesterona, tratamento com hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), entre outras alternativas de tratamentos clínicos.
Em outros casos, pode ser necessário um tratamento cirúrgico, para remover os focos de endometriose.
12. Adenomiose
A adenomiose é uma doença em que a parede muscular do útero é invadida pelo tecido endometrial. Esse tipo de problema costuma afetar mulheres no final do período fértil e tende a desaparecer após a menopausa.
Os sintomas clássicos da adenomiose incluem um sangramento intenso e prolongado durante a menstruação, cólicas menstruais fortes, dor durante a relação sexual e corrimento marrom entre as menstruações.
O que fazer
O tratamento paliativo é feito com pílula anticoncepcional, analgésicos e anti-inflamatórios para a dor. Somente o tratamento cirúrgico, que consiste na remoção do útero, é capaz de curar a adenomiose.
13. Câncer de colo de útero
Normalmente, o câncer de colo de útero não causa sintomas em fases iniciais, por isso a importância da realização periódica do exame de Papanicolau. Veja para que serve o exame de Papanicolau.
Quando se encontra em estágios mais avançados, a mulher pode apresentar corrimento marrom persistente e malcheiroso, sangramento fora do período menstrual e durante as relações sexuais.
O que fazer
Quando o câncer encontra-se limitado ao colo do útero, ele é tratado com cirurgia. Se ele tiver se espalhado para outros locais, o tratamento é feito com radioterapia e quimioterapia.
É fundamental prevenir a doença se vacinando com a vacina HPV quadrivalente, usando preservativos e fazendo os exames ginecológicos periodicamente.
Fontes e referências adicionais
- Principais causas do Sangramento Uterino Anormal (SUA) por faixas etárias: uma revisão narrativa de literatura, Research, Society and Development, 2022; 11(5): 1-8.
- Secreção vaginal anormal: Sensibilidade, especificidade e concordância entre o diagnóstico clínico e citológico, Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 2015; 37(5): 222-228.
Fontes e referências adicionais
- Principais causas do Sangramento Uterino Anormal (SUA) por faixas etárias: uma revisão narrativa de literatura, Research, Society and Development, 2022; 11(5): 1-8.
- Secreção vaginal anormal: Sensibilidade, especificidade e concordância entre o diagnóstico clínico e citológico, Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 2015; 37(5): 222-228.