A Organização Mundial da Saúde (OMS) chama atenção para um dado preocupante: um em cada três adultos no planeta possui hipertensão. No Brasil, este número é ainda mais alarmante, chegando a 45% da população entre 30 e 79 anos, o que representa cerca de 50,7 milhões de brasileiros.
Esta condição é notoriamente conhecida por aumentar a pressão sobre o coração e vasos sanguíneos, posicionando-se como um dos maiores fatores de risco para doenças cardiovasculares, incluindo infarto e AVC. De fato, tais doenças são as principais causas de morte tanto no Brasil quanto globalmente.
Em meio a esse cenário, o Dia Mundial do Coração surge como um lembrete da essencialidade de ações preventivas e de controle, particularmente no que tange à pressão alta.
O controle efetivo da hipertensão está intrinsecamente ligado a alterações no estilo de vida e, quando necessário, ao uso de medicamentos. Dentre as mudanças de hábito mais eficazes, destaca-se a prática regular de atividades físicas.
Segundo especialistas da Sociedade Brasileira de Cardiologia, atividades físicas podem não só ajudar a reduzir o peso, como também aprimorar a saúde cardiovascular. Em muitos casos, essa simples atitude pode diminuir ou até mesmo descartar a necessidade de medicamentos.
Um estudo recente publicado na revista científica Journal of Cardiovascular Development and Disease reforça essa noção. O trabalho apontou que a incorporação de 7 mil passos diários, o equivalente a uma caminhada moderada, pode fazer maravilhas na redução da pressão arterial em idosos.
O foco da pesquisa foi avaliar como essa métrica se aplica a pessoas mais velhas, tendo em vista que caminhar é uma das atividades mais acessíveis e populares para essa faixa etária.
A investigação concentrou-se em idosos com idade entre 68 e 78 anos, que já praticavam cerca de 4 mil passos diários. E os resultados foram notáveis: após a inclusão de 3 mil passos adicionais, muitos participantes viram suas pressões arteriais sistólica e diastólica diminuírem em média sete e quatro pontos, respectivamente. Em termos práticos, essa redução está associada a uma diminuição significativa no risco de diversas complicações cardíacas e AVCs.
Os achados indicam que caminhar 7 mil passos por dia levou a uma diminuição da pressão arterial similar à proporcionada por remédios anti-hipertensivos. De 21 indivíduos, oito já usavam esses medicamentos e notaram uma melhora na pressão arterial sistólica ao intensificar sua atividade diária.
Linda Pescatello, professora de cinesiologia na Faculdade de Agricultura, Saúde e Recursos Naturais, especialista em hipertensão e uma das autoras da pesquisa, afirma que, em um estudo anterior, descobriram que, ao combinar exercício com medicação, o exercício potencializa os efeitos do medicamento na pressão arterial. Isso evidencia a relevância do exercício como tratamento anti-hipertensivo.
Eles não desejam diminuir a importância dos medicamentos, mas consideram-nos uma ferramenta complementar no tratamento.
Mais que números, esse estudo sublinha a eficácia de medidas simples, como caminhar regularmente, para enfrentar condições de saúde potencialmente graves. Além disso, destaca-se a importância de outros fatores preventivos, como uma dieta balanceada, baixo consumo de sal e cessação do tabagismo.
Mas, além do físico, a mente também desempenha um papel crucial no controle da hipertensão. O estresse, quando não gerenciado, pode comprometer tratamentos baseados em medicamentos. Por isso, a Sociedade Internacional de Hipertensão publicou diretrizes que recomendam práticas de relaxamento e mindfulness, como meditação, respiração profunda, música relaxante e tirar a mente da rotina.
Ademais, para aqueles que necessitam de medicamentos para controle da hipertensão, a aderência ao tratamento é de suma importância. Como ressaltado por profissionais, o tratamento é contínuo e deve ser seguido à risca.
Por último, mas não menos relevante, é imperativo que a prevenção de doenças cardiovasculares comece cedo. A infância e adolescência são fases cruciais para estabelecer hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada e a prática regular de exercícios. Prevenir é, sem dúvida, o melhor remédio. Portanto, para um futuro mais saudável, precisamos repensar nossas escolhas hoje.