Exame de Tireoide – Qual Fazer e O Que Significa o Resultado

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A tireoide é uma glândula extremamente importante para a regulação hormonal no corpo humano e qualquer problema nela pode prejudicar a função hormonal normal, causando problemas como o hipotireoidismo e o hipertireoidismo, por exemplo.

Nem sempre alterações na tireoide são visíveis ou causam sintomas e, por esse motivo, é essencial realizar exames frequentes para avaliar a função tireoidiana por meio de amostras de sangue e também por meio de um exame físico ou ultrassom.

Fazer um exame de tireoide regularmente é importante não só para monitorar a sua saúde como também para identificar qualquer anormalidade na glândula antes mesmo que esse problema cause sintomas desagradáveis, o que torna o tratamento mais fácil e tranquilo.

Além de saber quais exames de tireoide devem ser feitos, vamos mostrar o que significam os resultados desses exames para que você consiga interpretá-los da maneira correta.

Tireoide

A tireoide é uma glândula pequena encontrada na parte inferior da frente do pescoço. Sua função é regular a produção de diversos hormônios envolvidos no humor, na energia e no metabolismo em geral.

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Os hormônios tireoidianos desempenham um papel muito importante na regulação do metabolismo. Quando liberados no sangue, eles são transportados pela corrente sanguínea para todas as partes do corpo onde vão participar de processos de conversão de nutrientes em energia, podendo ajudar a regular funções como a temperatura corporal, a frequência cardíaca e a função cerebral.

Os hormônios principais produzidos pela tireoide são a triiodotironina (conhecida como T3) e a tiroxina (conhecida como T4).

Uma glândula tireoide que não está funcionando como deveria pode produzir hormônios a mais ou a menos em relação as necessidades fisiológicas.

Assim, se a tireoide não produzir hormônios suficientes, uma condição chamada hipotireoidismo pode surgir e junto dela podem aparecer sintomas como falta de energia, sintomas depressivos e aumento de peso.

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Por outro lado, quando a tireoide produz hormônios em excesso, o indivíduo pode desenvolver hipertireoidismo. Tal condição pode vir acompanhada de sintomas como ansiedade, perda de peso, tremores e nervosismo.

Além disso, a glândula pituitária encontrada no cérebro pode ter influência direta sobre o funcionamento da glândula tireoide. A glândula pituitária ou hipófise se comunica com a tireoide por meio da liberação de um hormônio que ela produz chamado de hormônio estimulante da tireoide (TSH). Esse hormônio é liberado sempre que os níveis de hormônios produzidos pela tireoide estão baixos para que a tireoide entenda que é hora de produzir mais hormônios como a T3 a T4.

É muito importante monitorar os níveis desses 3 hormônios no organismo para detectar qualquer anormalidade na função tireoidiana ou na glândula pituitária.

Exame de tireoide

Existem muitos exames para monitorar a função tireoidiana e a saúde da tireoide que costumam incluir principalmente exames de sangue ou testes de imagem como as ultrassonografias.

A função tireoidiana é analisada através de uma série de exames de sangue que medem diversos hormônios produzidos pela tireoide. Por meio dos resultados obtidos, é possível saber se a tireoide está produzindo hormônios na quantidade correta ou se há um desequilíbrio na produção deles.

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Não é necessário que o médico solicite todos os exames existentes para avaliar o estado da tireoide de uma só vez. Ao desconfiar de algum problema na glândula ou ao solicitar exames de rotina, o médico provavelmente irá solicitar apenas 2 exames: a avaliação dos níveis de T4 e o dos níveis do hormônio estimulante da tireoide (TSH).

Qual exame de tireoide fazer?

Como existem muitos exames que avaliam a função da tireoide, é importante que o médico saiba quais exames solicitar primeiro.

Como já mencionado, os primeiros testes que devem ser feitos são a análise dos níveis de T4 (hormônio produzido em maior quantidade pela tireoide) e de hormônio estimulante da tireoide (TSH), pois eles fornecerão uma visão geral de como está o funcionamento da glândula. Às vezes, os profissionais também pedem que os níveis de T3 sejam analisadas na mesma amostra de sangue.

Se alterações forem observadas nesses exames primordiais, o profissional da saúde deve solicitar exames adicionais para investigar o que está acontecendo.

Os exames adicionais podem incluir:

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  • Anticorpo antiperoxidase;
  • Anticorpo antitireoglobulina;
  • Anticorpo antirreceptor de TSH;
  • Ultrassonografia;
  • Cintilografia com iodo radioativo;
  • Biópsia.

O que significa o resultado dos exames?

Qualquer alteração nos resultados dos exames mencionados acima pode indicar problemas na função da tireoide.

Análise dos exames de rotina primordiais

Vamos começar analisando os resultados dos testes mais comumente solicitados para analisar a função tireoidiana por meio de uma amostra de sangue.

Vale ressaltar que todo exame de tireoide deve ser analisado em conjunto com os outros tipos e que só um profissional é capaz de dar um diagnóstico preciso e completo. Além disso, os intervalos de referência mencionados neste artigo podem sofrer leves alterações dependendo do laboratório que analisar as amostras.

– Interpretação do teste de T4

Quando um nível alto de T4 é observado, provavelmente a tireoide está hiperativa – ou seja, está produzindo mais hormônios do que normalmente o faria.

Existem 2 formas de medir o T4 no sangue. Uma mede a quantidade de T4 livre, que é o exame mais importante e mais pedido pelos médicos, e outra que mede a quantidade de T4 que está ligado a proteínas. O T4 livre é o que age diretamente no metabolismo regulando suas funções, enquanto que o T4 ligado a proteínas não pode ser usado nas funções metabólicas.

O intervalo de referência considerado normal para adultos nesse exame de tireoide é entre 5 e 11 microgramas por decilitro de sangue.

Ao observar baixos níveis de T4 livre, é importante interpretar os resultados junto com o teste de TSH.

Isso porque, se forem observados níveis baixos de T4 e níveis baixos ou normais de TSH, pode significar que a hipófise não está liberando TSH o suficiente para estimular a produção de mais T4, indicando que o problema está na glândula pituitária, o que é chamado de hipotireoidismo secundário.

No caso contrário, quando baixos níveis de T4 e altos níveis de TSH são observados, o problema deve estar na glândula tireoide que não está produzindo mais hormônios tireoidianos mesmo com o estímulo enviado pela hipófise para que ela sintetize e libere mais desses hormônios no organismo. Quando isso é observado, temos um caso de hipotireoidismo primário.

– Interpretação do teste de TSH

O intervalo de referência para o teste de TSH é entre 0,4 e 4,0 miliunidades internacionais de hormônio por litro de sangue (mUI/L).

Resultados acima de 4,0 mUI/L podem indicar hipotireoidismo enquanto que resultados abaixo de 0,4 mUI/L podem sugerir o hipertireoidismo.

Isso porque quando muito TSH é encontrado no sangue, é um sinal de que a hipófise está liberando muito TSH para estimular a glândula tireoide a produzir mais hormônios, o que é um claro indicativo de que a tireoide está hipoativa – ou seja, produzindo menos hormônios T4 e T3 do que deveria.

Este tipo de alteração resulta em hipotireoidismo primário, que ocorre quando a baixa produção de T3 e T4 pela tireoide resulta numa liberação de maior quantidade de TSH pela glândula pituitária.

É importante observar que níveis acima de 2,0 mUI/L de TSH já indicam um risco de a pessoa desenvolver hipotireoidismo no futuro e é importante monitorar a função tireoidiana com frequência.

Em alguns casos, um baixo nível de TSH pode indicar uma anormalidade na própria glândula pituitária que está prejudicando a produção desse hormônio e, consequentemente, se refletindo na baixa produção de T4 e T3 pela tireoide – condição chamada de hipotireoidismo secundário.

– Interpretação do teste de T3

O exame de T3 é geralmente solicitado quando os resultados dos testes de T4 e TSH indicam o hipertireoidismo. Esse exame de tireoide também pode ser requerido quando o paciente já apresenta sintomas de hipertireoidismo mesmo com níveis normais de T4 e TSH.

Geralmente, esse teste é solicitado para verificar se o paciente apresenta hipertireoidismo, já que altos níveis do hormônio indicam que a glândula tireoide está hiperativa.

O intervalo considerado normal é de 100 a 200 nanogramas de hormônio T3 por decilitro de sangue (ng/dL). Quando os níveis de T3 estão muito altos, o paciente pode ter doença de Graves, um distúrbio autoimune relacionado com o hipertireoidismo.

Análise dos exames adicionais

– Interpretação dos anticorpos

Os anticorpos são produzidos pelos linfócitos ou glóbulos brancos encontrados no nosso sangue quando há uma ameaça contra a nossa saúde. Assim, os anticorpos são parte do nosso sistema imunológico e servem para proteger o corpo contra agentes invasores potencialmente nocivos como vírus e bactérias, por exemplo.

Quando uma pessoa apresenta hipotireoidismo ou hipertireoidismo, os linfócitos começam a agir e produzem anticorpos contra a tireoide que danificam a glândula ou a estimulam. Os anticorpos que costumam causar problemas na tireoide atacam as proteínas presentes na glândula como a tireoglobulina e a tiroperoxidase. Dessa forma, a presença de altos níveis de anticorpos que atuam contra a tireoide pode ajudar a confirmar o diagnóstico de problemas na glândula tireoide.

Alguns anticorpos que podem ser analisados em um exame de sangue são o anticorpo antiperoxidase (anti-TPO), anticorpo anti-receptor de TSH (anti-Trab) e anticorpo antitireoglobulina (anti-Tg).

– Interpretação do exame de absorção de resina T3

A incorporação de resina T3 (T3RU) é um exame que mede a capacidade de ligação do hormônio globulina ligadora de tiroxina (TBG). Quando níveis de T3 estão altos, a capacidade de ligação ao TBG deve ser baixa.

Nesse exame, níveis extremamente baixos de TBG podem indicar um problema nos rins ou falta de proteínas no corpo. Já quantidades muito altas de TBG sugerem altos níveis de estrogênio no corpo, que podem ser causados por diversos fatores como gravidez, obesidade, terapia de reposição hormonal ou ingestão de alimentos ricos em estrogênio.

– Interpretação da ultrassonografia

Uma ultrassonografia da tireoide geralmente é solicitada para que o médico possa visualizar se há alterações na forma, textura ou tamanho da glândula tireoide, além de observar a presença de nódulos, cistos ou tumores no local.

Na presença de um nódulo ou cisto, o médico vai avaliar se ele é benigno ou não. Segundo estudos, na maioria das vezes os nódulos encontrados na tireoide são benignos e não precisam de tratamento.

Em caso de suspeita de nódulos mais graves, o profissional pode requerer uma biópsia.

– Interpretação da cintilografia da tireoide com iodo radioativo

O T4 apresenta muito iodo em sua composição e, desta forma, a glândula tireoide acaba extraindo uma grande quantidade de iodo da corrente sanguínea para que a glândula seja capaz de produzir T4 em quantidades adequadas.

O exame de cintilografia da tireoide com iodo radioativo é um teste muito simples em que é medida a quantidade de iodo que a tireoide consegue absorver.

Assim, para esse exame de tireoide o indivíduo deve ingerir uma pequena quantidade de iodo radioativo e esse iodo é rastreado por meio de um dispositivo. Desta maneira, é possível verificar se a tireoide está conseguindo absorver o iodo para a produção de T4.

Uma absorção alta de iodo pode indicar que a glândula está hiperativa, ou seja, que há grandes chances de o paciente estar com hipertireoidismo. Já quando há uma baixa taxa de absorção de iodo, é possível que o paciente seja diagnosticado com hipotireoidismo.

– Interpretação da biópsia

A biópsia é solicitada quando há indícios de que existe um nódulo maligno na tireoide. Nesse caso, é removido um pedaço do tecido da glândula para análises mais detalhadas.

Apenas um médico pode avaliar uma biópsia e indicar se o problema é benigno ou maligno. Se um nódulo maligno ou um tumor for constatado, o médico irá explicar todo o procedimento a ser seguido que pode envolver tratamentos quimioterápicos, radioterápicos ou intervenção cirúrgica.

O que fazer?

Se os resultados dos exames atestarem que a função tireoidiana está anormal, o médico irá te orientar sobre o que fazer.

Em geral, quando as alterações existem, mas não causam sintomas físicos e a ultrassonografia não encontrou um nódulo nocivo, a recomendação é apenas monitorar a condição. Isso significa que o paciente será orientado a retornar ao consultório médio em cerca de 6 meses a 1 ano para realizar novos exames e nenhum tipo de tratamento é necessário.

Quando além dos resultados anormais, sintomas já são perceptíveis, o médico deve prescrever medicamentos específicos para regular a função da tireoide e reduzir os sintomas. Nesse caso, exames periódicos também devem ser feitos para verificar como o corpo está respondendo ao tratamento e se algum ajuste na dosagem dos medicamentos é necessário.

Pessoas que apresentam níveis baixos de T4, por exemplo, podem precisar realizar uma terapia de reposição hormonal do hormônio tireoidiano.

Em casos excepcionais em que a tireoide não responde a nenhum tipo de tratamento ou quando há algum nódulo prejudicial à saúde, pode ser indicada a remoção cirúrgica da glândula. Após a remoção, o indivíduo deverá seguir uma terapia de reposição hormonal por toda a vida.

Seja qual for o problema constatado, existe tratamento e a pessoa pode ter uma vida normal desde que vá ao médico e realize exames frequentes para monitorar a condição.

Fontes e Referências Adicionais:

Você já foi diagnosticado com alguma disfunção tireoidiana? Já teve de fazer algum exame de tireoide? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Marcos Marinho

Dr. Marcos Marinho é especialista em Gastroenterologia, Endoscopia Digestiva e Ultrassonografia - CRM 52.104130-4. Formou-se em Medicina pela Universidade do Grande Rio (Unigranrio) e é pós-graduado em Gastroenterologia pelo IPEMED. Realizou cursos de ultrassonografia geral e intervencionista pela Unisom, ultrassonografia musculoesquelética e Doppler pelo CETRUS. Para mais informações, entre em contato através de seu Instagram oficial @drmarcosmarinho

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