Ao pensar na COVID-19, muitos têm em mente que a doença é mais perigosa para quem faz parte do grupo de risco. Por exemplo, idosos, obesos e pessoas com doenças preexistentes como pressão alta, diabetes, câncer e problemas no coração ou pulmão.
Mas o novo coronavírus também pode provocar estragos no organismo de uma pessoa mais jovem e saudável. Por exemplo, o fisiculturista Kaique Barbanti, que não tinha comorbidades.
Embora saudável, após contrair a COVID-19 aos 27 anos, ele perdeu quase 30 quilos e passou 62 dias na unidade de terapia intensiva (UTI). Desses 62 dias, Kaique ficou 23 na máquina de oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO), que funciona como um coração e pulmão artificial.
Ele contou ao G1 que começou com sintomas moderados da COVID-19, até que no 13º dia da doença houve um agravamento e ele precisou ser hospitalizado. “Só estando lá para sentir o medo de morrer sozinho, sem conseguir nem ao menos me despedir”, contou.
O fisiculturista relatou que após chegar no hospital, ficou entubado por seis dias, passou oito dias na UTI e quando estava prestes a receber alta, sofreu uma tromboembolia pulmonar. Assim, ele precisou retornar à UTI e à entubação.
Entretanto, como estava muito fraco devido à COVID-19, apenas entubar não resolveu o problema. Kaique precisou ser colocado na ECMO que, segundo ele, é praticamente uma sentença de morte.
A recuperação
Aliás, o fisiculturista relatou que foi o segundo paciente da história do hospital que sobreviveu à máquina. Ali ocorreu o que ele definiu como um milagre. Kaique contou que não melhorava mesmo na ECMO.
Até que as coisas começaram a mudar: os médicos conseguiram abaixar um pouco o parâmetro da máquina, o que indicava alguma melhora. Então, os níveis da ECMO puderam ser ainda mais diminuídos e em três dias ele saiu do aparelho.
Conforme Kaique, nem os médicos conseguiram explicar os motivos da sua melhora absurda e repentina. Mas isso não significa que as coisas foram fáceis: ao acordar, ele teve um choque e só foi entender o ocorrido cerca de cinco dias depois.
Após sair do hospital, o fisiculturista ainda demorou meses para ficar bem. Kaique precisou reaprender a executar atividades básicas, como falar, mastigar, engolir e andar. Segundo ele, levou cerca de quatro meses até conseguir ter uma vida normal e independente.
Atualmente, o fisiculturista até dá conta de malhar, mas sem exageros. Dos quase 30 quilos que perdeu devido à COVID-19, Kaique já recuperou 19.
Paciente fez apelo nas redes sociais
Após passar por tanto sufoco devido ao novo coronavírus, Kaique fez uma postagem em seu perfil no Instagram, apelando para que as pessoas que não se importam com a pandemia e agem como se nada estivesse acontecendo, passem a ficar em casa e usar máscaras.
“Será que você consegue dimensionar a dor de uma família inteira, ser chamada em um hospital para se despedir, porque o seu filho de 27 anos está desenganado e não há mais o que fazer? Será que você consegue dimensionar a dor de cada paciente com COVID-19 numa UTI?”, escreveu.
“A dor de estar completamente sozinho, de não ter ninguém que você ama ao seu lado pra segurar sua mão nos momentos de medo. Isso sim é dor. Dor que eu não desejo nem para a pior pessoa do mundo”, completou. Ele também expressou seu apoio às vacinas contra a COVID-19.
Você encontra o relato completo de Kaique em sua publicação no Instagram. Mas, aos mais sensíveis, fica o aviso: o depoimento vem ao lado de uma imagem forte do fisiculturista, ainda no hospital.
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Fontes e Referências Adicionais
- World Health Organization – Coronavirus disease (COVID-19)